Antunes, o Conquistador (5)
Ao saírem
do restaurante, Antunes lhe passou o braço pela cintura. Fê-lo naturalmente, e
sentiu que Corina gostara do gesto, por singelo que fosse. Depois da sensaboria
de antes – que quebrara o chamego no táxi – todo contato físico era desejável.
Caminhavam
devagar, enquanto bem próximos os corpos de sentiam. À sua volta, na penumbra da calçada, as casas
cerradas não tinham a indiscrição do meio-dia.
“Que tal
se a gente pegasse um ônibus ?”
Grato, ele
a apertou um pouquinho mais forte.
E trocando
beijos, foram andando para os lados da praia, por onde passava o 12.
*
Saltaram
na parada da Francisco Sá, no posto seis. Passada a meia-noite, ele encontrou o
quarteirão da Raul Pompeia com as portarias dos prédios fechadas e as casas, de
luzes apagadas.
A
expectativa, no entanto, lhe apressava os passos. Quase ali defronte, pairava o
pensamento na entrada do edifício na Júlio de Castilhos, que esperava encontrar
deserta.
Corina
sentiu a tensão naquele jeito arisco. Mas a pronta chegada, a chave a girar
nervosa na fechadura, e a subida pelos lances da escada até o terceiro andar
pontuaram a travessia por aquelas paredes por trás das quais sabia lá quantas
pessoas dormiam.
Foi então
que, com a porta fechada e a voz baixa, no apartamento silencioso, Antunes,
como se numa carícia, lhe disse:
“Seja
bem-vinda, meu amor.”
*
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