quarta-feira, 19 de junho de 2013

CIDADE NUA VI -- Estórias Rodriguianas


Antunes, o Conquistador (7)

                                                          

              Requentou o leite e o café. O pãozinho, meio borrachoso, não dava jeito.

              Para sua surpresa, ela devorou o que pusera na mesa.

              “Poxa, ’cê tava com fome...”

              As vistas meio-cerradas, o corpo envolto no lençol, a moça, com expressão bovina, o encarou por um momento. Depois, se soltou.

              “Desculpa, não foi por querer.”

                                                           *

             Antunes achou melhor sair, mas pensou que talvez ela quisesse algo da rua. Voltou então ao quarto e a encontrou, de novo, dormindo.

             Andando pela Raul Pompeia a caminho da banca, se sentia um pouco confuso. Não atinava quem pusera dentro de casa. Aonde ficara a acompanhante da véspera ?

             Quando chegou na Francisco Sá, quase esquina da avenida Copacabana, o jornaleiro italiano lhe disse que o Correio acabara. Ficou irritado, e resolveu ir em frente, até outra banca, perto do posto cinco.

             Com esse percalço, se perguntou se valia a pena todo o esforço.

             Por sorte, pôde encontrar o ‘Correio da Manhã’. Voltou pela calçada da praia – que num dia de sol como aquele ficava cheia. Olhando para o Atlântico, por entre a selva de guarda-sóis, lhe veio a ideia de levar Corina para o banho de mar. O problema estava em arranjar  maiô.

                                                              *

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