Começa pela resposta da Presidente Dilma Rousseff às manifestações de rua. Atabalhoada, esboroou-se no dia seguinte. Quando a crise bate à porta, é chegada a hora de medir a liderança. Quem estiver à frente do Estado, será medido(a) pelos acontecimentos e pela maneira por que venha a reagir ao desafio.
Em sua reação, a presidenta pôs à mostra o respectivo despreparo. Nessa hora, em que os assessores e os familiares titubeiam nas sugestões contrastantes, e em que à volta o silêncio timorato cresce, só se ouve o monótono ruído do velho relógio de pêndulo, que parece dizer para tensos ouvidos: chegou a hora da reflexão para decidir.
E se o problema está na falta de experiência ? Tirada da algibeira pelo protetor, e sob a sua interessada orientação, soubera navegar os escolhos e arrecifes da campanha, chegar ao segundo turno, e ser eleita. Com um que outro escorregão menor, logrou vencer.
Chegara lá. Em outras terras, talvez, o seu rival, teria outra sorte. Político tarimbado, com longa experiência – José Serra principia pela UNE, nos seus tempos heroicos e não a chapa-branca de hoje, e passa com brilho por todos os níveis do governo !- se apresenta e é derrotado ! O povo brasileiro elege a mulher do Lula, com a escolha facilitada por campanha mal-conduzida pelo candidato da oposição, associada à míope traição de um seu afoito correligionário.
Indiscrições ora reveladas dizem que próximos tentaram dissuadir Nosso Guia da indicação. Ficou a impressão de que o torneiro mecânico consultara mais o próprio interesse do que o da Nação. Dizem, igualmente, as mesmas fontes que Dilma não é esperta.
Difícil que a História, esta juíza sem pressa, nos vá trazer no calor da hora a própria sentença. Os contemporâneos em geral têm de tatear na penumbra das aparências e das impressões. De toda a maneira, quem lidera carece de experiência própria, porque os gratuitos conselhos, nos momentos difíceis, ou escasseiam, ou sequer logram pesar no prato.
A resposta ou veio depressa demais, ou então foi lançada de forma irrefletida, sem que a Chefe da Nação tenha ponderado todas as variantes e condicionantes. Pois é este o emprego do presidente ou do líder. É coisa que não se resolve com gritos.
O seu padrinho considerou uma barbeiragem a sua resposta à crise. O que houve? A senhora, que chega a tomar avião para consultá-lo, na hora da onça beber água terá preferido ou desconsiderar-lhe a indicação, ou, então, sequer ouvi-lo ?
Nesse círculo palaciano em que temos a impressão de se ter convertido a República, confesso o meu assombro. Custa crer que a presidenta tenha ignorado o parecer do seu mentor. No tribunal da História semelha difícil increpá-lo de falta de experiência política.
A Senhora nos trouxe a inflação de volta. E não foi por falta de aviso. Na sua hubris, pensou afastar a carestia com ameaças retóricas. Como se o dragão ouvisse tais discursos.
A vaia em Brasília, ao lado do gnomo da Fifa, foi o primeiro e sério aviso da fase dos finalmente. Logo em seguida, as manifestações do passe livre em São Paulo, que, com a colaboração prestimosa da violência policial, se estendem e se apossam das ruas por esses brasis afora. E hoje a Datafolha nos diz que a senhora despenca nas pesquisas, e está com 30% de aprovação, dos 57% de há três semanas. É uma queda e tanto.
Nos tempos de crise, é hora de medir os líderes. A senhora, que estava na abertura da Taça das Confederações, agora não pretende aparecer no jogo de encerramento, com a jovem seleção do Brasil a enfrentar o escrete favorito pelo retrospecto, a equipe da Espanha.
O Maracanã, recém-inaugurado, nos pregou uma peça em 1950. Quem sabe, o nosso povo sofrido terá amanhã uma grande alegria. Repense, D. Dilma. O ofício de Presidente da República pede coragem. Esconder-se, não resolve.
(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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