sexta-feira, 21 de junho de 2013

CIDADE NUA VI -- Estórias Rodriguianas


Antunes, o  Conquistador (8)


              Enquanto subia os degraus para o seu apartamento, se perguntava se a moça ainda estaria dormindo. Por isso, ao abrir a porta, disse, alçando um pouco a voz, mas sem gritar:

              “Corina ?”

              Como ninguém respondesse, meneou a cabeça, incrédulo.

              “Será possível que continue dormindo a esta hora ?”

              O apartamento só tinha um dormitório. Da sala saía pequeno corredor, que dava acesso a três cômodos: quarto, banheiro e cozinha.

              De leve, empurrou a porta. Levou segundos para notar que nenhum lençol  recobria o colchão.

               Além da bagunça – roupas suas estavam espalhadas pelo chão -, não havia vivalma no aposento.

               Inquieto, respirou bem fundo. Agia assim, em situações de crise. Talvez não fosse nada demais. Só pedia que ela não tivesse feito alguma besteira.

               Por mais que tentasse controlar-se, tinha a boca ressecada, e o coração  batia forte. Estava em casa e, no entanto, se sentia ameaçado. Por que, ainda não saberia dizer. Mas o desconforto era grande.
                                                                         *

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