A Vaia
Na abertura da Copa das Confederações, a
presidente Dilma Rousseff teve a
confirmação de sua presente impopularidade, ao ser por três vezes fortemente
vaiada por boa parte dos 67 mil espectadores no estádio Mané Garrincha.
Até sobrou para o presidente da
Fifa, Joseph Blatter, que em espanhol
reclamou mais fair play do público. Com isso, Blatter tão só logrou
ter a sua quota de apupos, por meter-se em questão interna brasileira, que, ao
ver do povão, não era de sua conta.Não é mistério que Dilma não seja exatamente uma aficionada do futebol – como tampouco o foi a seu tempo Fernando Henrique. O seu jeitão magisterial pode amedrontar fâmulos e cortesãos, mas não funciona com a multidão.
De resto, isso de aparecer em palanque para inaugurações de certamens não é tarefa invejável, como o próprio Lula o experimentou, ao ser vaiado na abertura dos jogos pan-americanos, em 2007.
A Manifestação
Foi dura e
violentamente reprimida manifestação estudantil pelo passe livre e de repúdio
aos excessivos gastos para a Copa das Confederações e a vindoura Copa do Mundo.
Diante da dinheirama dispendida com os estádios, entende-se a revolta ao cotejar-se
a gastança por causa da Fifa diante
do atraso nas obras para a educação, saúde, saneamento básico,etc. além do
gritante déficit na infraestrutura viária no Brasil. É o fasto desses
grandiosos elefantes brancos que incomoda.
Por outro
lado, preocupa e muito o procedimento que parece tornar-se padrão na repressão,
pelas polícias militares, desses brasis dos protestos populares. Se o Brasil é
uma democracia, suas autoridades carecem de respeitar a voz das ruas, desde que
ela se expresse de modo pacífico.Não imitemos ditaduras, caindo na histeria da hiper-repressão, com recurso imediato à violência- balas de borracha, sprays de pimenta e congêneres- sem falar nos porretes e nas cargas de cavalaria.
Ao final desta semana, a longa
hesitação do Presidente Obama quanto à cessão de armas à Liga Rebelde na Síria
terá chegado ao fim. Diante do emprego
deslavado de armas tóxicas – desrespeitando a advertência americana – a
distribuição de armamento para os acossados adversários de Bashar al-Assad
chega em momento crítico para a causa da revolução.
Dispondo
apenas de armamento leve, e de um arsenal precário, resultante da inventiva dos
armeiros rebeldes, não é necessário ser grande especialista para que se possa
prever os sucessivos êxitos das antes desmoralizadas forças governamentais. Os
seus fornecedores - Putin, Ali Khamenei
e os novos aliados do Hezbollah – não tem medido despesas, nem experimentado
crises de consciência para reforçar continuamente com mais armamento e homens o
exército do regime alauíta.As apreensões de Barack Obama quanto a desvio de armas podem resultar em uma inesperada vitória do campo adverso. Antes, os próprios sustentadores encaravam com pessimismo a respectiva sorte na luta.
Se o numero de refugiados e de deslocados pelo conflito se estende pelos países vizinhos – Turquia, Jordânia e Líbano – aumentando as possibilidades de convulsão social, é enorme o sofrimento da população síria que ainda não emigrou. A queda da localidade de Qusair não é um evento isolado, mas assinala a reversão na tendência da guerra civil.
Os aviões e helicópteros de Bashar pouco têm a temer das frágeis defesas da Liga Rebelde, seja em Alepo, uma cidade dividida em duas, com a destruição sistemática da área residencial ocupada por povoação que busca fugir da violência da milícia shabiha (pró-Assad), seja em outras regiões, que estão sob nominal controle rebelde, mas que são sistematicamente bombardeadas pelos aviões governamentais.
A guerra civil na Síria já ultrapassou a marca dos oitenta mil mortos. Semelha evidente que a conferência de paz em Genebra, anunciada pelo Ministro Sergei Lavrov, da Federação Russa, e bem acolhida ,a princípio, pelo novel Secretário de Estado John Kerry só terá alguma possibilidade de êxito se houver um real impasse na luta. Se o prélio das armas corre em favor de Assad, diminuirá em consequência o interesse do campo sírio (nele incluídos os aliados russo e iraniano) em preparar uma paz duradoura, que minimamente atenda às reivindicações da Liga Rebelde.
Sinalizada afinal a disposição de Washington de armar os rebeldes, só resta verificar como se procederá a respeito, e se a mudança de postura do presidente Obama terá vindo ainda a tempo de pesar na sorte do conflito.
Eleição no Irã
Teve acolhida
favorável a vitória do clérigo centrista Hasan Rowhabi, já no primeiro turno,
com 50,7% dos votos. Saudado como o único moderado junto aos outros cinco,
todos conservadores, o clérigo teve também o apoio dos líderes da
oposição, hoje marginalizados pelo
regime.
Diante da
precedente vitória fraudulenta em 2009 de Mahmoud Ahmadinejad contra o
movimento verde de Mir Hossein Mousavi e do clérigo Mehdi Kerroubi (hoje
desaparecidos do visor político, e provavelmente em detenção domiciliar),
triunfo este da feitura do Líder Supremo Ali Khamenei, não há motivo para
grande otimismo quanto às possibilidades do moderado clérigo Rowhabi. Dado o pandemônio deixado pelo governo de
Ahmadinejad, com inflação alta (parcialmente decorrente das sanções do
Ocidente), entende-se a expectativa favorável da população, que acolhe
prazerosa as assertivas de Rowhabi de que a sua eleição é “ o triunfo da
moderação e do desenvolvimento” e “da religião sobre o extremismo e o ódio”.Se o novo presidente lograr pôr alguma ordem na casa,isto será decerto motivo de gáudio para os sofridos iranianos. É bom, no entanto, não esquecer que sobre o novo presidente estão o Líder Supremo Ali Khamenei e Mohamed Ali Jafari, comandante dos Guardiães da Revolução ( Forças Armadas ). Se Ahmadinejad não é, como comprovou, nenhum grande estadista, tampouco agiu de forma solitária. E a liderança está solidamente empunhada por Khamenei, com a sustentação dos Guardiâes da Revolução.
Não esperemos, portanto, de uma presidência tutelada, o que ela não está em condições de proporcionar.
( Fontes: Rede Globo, Folha de S. Paulo, International Herald Tribune )
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