domingo, 13 de setembro de 2015

Colcha de Retalhos C 35

                              

O Ditador Nicolás Maduro

 
       Em um país tão fustigado por longas ditaduras, a queda do militar Pérez Jimenez  traria em 1958 de volta a democracia com Romulo Betancourt, e a esperança de que os caudilhos seriam varridos pela história.

       No entanto, depois de exitoso começo, o regime democrático na Venezuela começaria a falhar na Administração de Carlos Andrés Perez. Houve em fevereiro de 1992 tentativa de putsch encabeçada pelo tenente-coronel Hugo Chávez. Apesar de preso e encarcerado, Chávez já mostraria no fracasso de seu pronunciamiento  a velha empáfia castrense, ao sublinhar que por ahora o movimento contra o presidente constitucional e o regime democrático falhara.

       Voltaria pelas urnas, diante do malogro do presidente Rafael Caldera em renovar a  democracia venezuelana – cuja importância Caldera bem captara como o disse em discurso no Senado a propósito da quartelada contra Pérez. Chávez seria tratado bem na prisão – ao contrário de o que faria quando no poder (sem mencionar, é claro, a maneira de seu sucessor, que age como ditador tradicional ) e graças ao indulto por Caldera – em março de 1994 – logo tornaria à política, para arrebatar pelo voto (em dezembro de 1998), o que não conseguira pelas armas.

       Iniciar-se-ía em breve o chavismo que, posto que autoritário, se manteria pelo voto popular. O regime atual, de Nicolás Maduro se intitula igualmente chavista, e, de certa forma o é, embora do modelo inicial seja uma caricatura, com vinco sempre mais forte sobre o autoritarismo e a postura de manter o poder a todo custo. No caso presente, tal implica em regime discricionário, que domina a justiça (cousa que Chávez já iniciara, mandando inclusive prender juíza que ousara dar ganho de causa a um oposicionista), o Congresso (através de eleições manipuladas), e também pende para a ditadura, em que só têm chance de atuar (desde que com moderação extrema) os oposicionistas bem-comportados.

         Desde os tempos de Lula da Silva que o Brasil tem sido fiel aliado da Venezuela, a princípio com Chávez, e hoje com o caminhoneiro Nicolás Maduro. A corrupção é enorme, como o é igualmente a gestão política de Maduro face ao desgoverno, insegurança e desabastecimento. Daí o crescente nervosismo com as eleições, e a descaída para a manipulação dos distritos eleitorais, a intimidação dos candidatos e próceres oposicionistas, o que se vê facilitado pela  inexistência de um poder judiciário autônomo (desde Chávez), e diante da inoperância da OEA, um rosário de transgressões à Carta da Democracia, que hoje se permitiu virasse letra morta.  

       O que Maduro está fazendo com Leopoldo López não deveria surpreender a ninguém, porque não é de hoje que a Caracas chavista atravessou o Rubicão da democracia (que ficou para trás), enquanto o regime ditatorial só faz crescer. Todos sabemos que como cupins, os chavistas (e seus muitos êmulos na América Latina) cuidam de tornar oca a árvore democrática, a que mantêm de pé por conveniência tática. Dentre os seus aliados está o Brasil do petismo, que sob Marco Aurélio Garcia cuida de ignorar os reclamos e apelos dos partidos democráticos na Venezuela, enquanto cerra fileiras com o neo-chavismo de Nicolás Maduro. Por ignorância ou pendor partidístico, o Brasil sob Lula e congênere abandonou a diplomacia de Estado, que tanto servira ao Brasil, pela de partido, que tem fôlego curto.

 
Justiça  condena  Santander a pagar indenização

 

         Esta coluna assinala com prazer que a juíza Lúcia Toledo Silva Pinto, da Vara do Trabalho de São Paulo, determinou que o Banco Santander pague indenização à analista Sinara Policarpo. O motivo ? A analista fizera o seu trabalho e por isso a turba petista, com Lula da Silva à frente, não se pejou de reclamar a demissão de  trabalhadora que cumprira o seu mister de bem informar.  O que fizera Sinara ? Mandara carta a clientes de alta renda do Santander alertando em julho de 2014 para o que apontava como possível agravamento da crise econômica caso a presidente Dilma Rousseff subisse nas pesquisas de intenção de voto.

          À época, tangidos pelo temor da contaminação eleitoral, Lula da Silva dirigiu-se a um figurão espanhol reclamando a demissão da funcionária – que é também uma trabalhadora – por informações que se provariam corretas e abalizadas.

         A indenização está fixada em R$ 450 mil. Sabemos que a nossa Justiça se caracteriza pelos recursos a perder de vista. No entanto, Sinara receberá um dia e desde já é a ganhadora moral nessa jogada nada bonita, tanto do Santander, quanto de Lula.

 
Miopia ou Demagogia ?

      

         É incrível como o pandemônio e a demagogia se instalam em um regime titubeante e incapaz como o de Dilma Rousseff. Diante da gravidade da crise, até os parlamentares da chamada base aliada preferem não dar o primeiro passo. Se cobra do Governo que assuma as medidas que devam ser tomadas para a superação da crise econômica, o PT a par de exigir agilidade no anúncio das medidas para cobrir o rombo orçamentário de R$ 30,5 bilhões, avisa sem embargo – e esta desenvoltura já diz o suficiente sobre a rebeldia da chamada ‘base de apoio’, inclusive o PT mesmo – que não serão aceitas (sic)  alternativas que penalizem os que ganham menos, como não reajustar o salário-mínimo em 2016 ou fazer cortes em programas sociais.

        Esta situação calamitosa que supostamente foi causada por Dilma Rousseff, na verdade o foi por Luiz Inacio Lula da Silva, na sua matreira e incompetente jogada de colocá-la na presidência (através da persona do magno coronelão Lula da Silva), e assim garantir a vida política do fundador do PT).  Como Dilma não é do ramo, tem esse tratamento, o que – semelha tristemente evidente – limita deveras o seu poder político.

        É esta timidez, é esta falta de competência política, e, por conseguinte, de mando efetivo quando chega a hora da onça beber água, que constitui uma das causas precípuas não só do desfazimento da base-aliada no Congresso (sem falar na lamentável não-articulação política a cargo de Aloisio Mercadante, o que foi um dos fatores para o triunfo do Deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara, um dos primeiros sinais premonitores do esfacelamento de um castelo petista e de base aliada, que só existia na imaginação do gabinete de Dilma.

 

A Comissão da Verdade (que não houve)

 

        Ao contrário de outros países que sofreram sob regimes castrenses, a nossa Comissão trouxe consigo congênita fraqueza,  no que tange ao tratamento daqueles militares que mancharam o nome das Forças Armadas através de seu comportamento nos chamados anos de chumbo.

        Embora as falhas sejam muitas – para dar o toque inicial, a Comissão (ou o poder petista) concordou em que ela não teria o poder de convocar testemunhas, mas sim o de convidar. São nesses primeiros passos que se delineia a seriedade e o sentido republicano de uma autoridade. Concordar em que um órgão por tantos anos anelado pela sociedade civil tenha a sua atuação e o seu papel diminuído, pois, ao não possuir o poder de convocar mas  apenas o de convidar, é concordar em rebaixar a Comissão ao nível das pessoas que deseja ser ouvidas (não importa o motivo).

       Outra dia tive prova da não-realização de um dos trabalhos mais importantes da Comissão. Não será por vingança  ou por mesquinharia, que se deve retirar o nome dos inúmeros militares golpistas que são homenageados tanto na Capital da República, quanto em modestos lugarejos na província, naqueles grotões de que nos fala Tancredo Neves, onde a Justiça custa por vezes a chegar.

        Por causa de fenômeno climático na Amazônia, a popular meteorologista Maju, no Jornal Nacional, falou de localidade denominada Presidente Figueiredo. Maju não tem nada a ver com isso, mas ajudou sem querer a sublinhar um absurdo que perdura pela inépcia de Comissão que não fez o seu trabalho. Todos os locais com nomes de militares do período da chamada Revolução 1964-1985, assim como as inúmeras avenidas, ruas, pontes e praças deveriam ter a respectiva designação mudada para homenagear democratas que se distinguiram na luta pela liberdade.

 

( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo; Venezuela:Visões brasileiras, contribuição de Mauro M. de Azeredo sobre a Crise da democracia venezuelana, Brasilia IPRI 2003 )

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