Na queda, como no governo
A batalha do Impeachment
continua e, até o momento, a força inercial, o que os americanos
chamam momentum, está claramente do lado
dos partidários do Impedimento.
O PT, na verdade, só tem um partido com fidelidade
canina até o presente: é o conhecido PCdoB,
que parece consciente da sua visceral dependência do Partido dos
Trabalhadores.
Dilma mostra uma vez mais que é fraca
seja no governo, seja na política. Se da administração, não carece falar muito,
pelo seu claro, inequívoco fracasso, já diante do crescente desafio da queda,
ela semelha não saber que, ao perder a cabeça, e partir para a ofensa e o
quase-xingamento, a pobre Senhora não se dá conta de que nessa hora não deveria
vestir a camisa do lado do avesso, emitindo um óbvio sinal que não está mais em domínio de si própria.
E quem parte para a invectiva nessa
conjuntura, trai atitudes muito rasgadas de desespero.
E desespero, senhora Presidenta, é
sinalização de ataque de nervos ante desastre iminente.
A
Face de Dilma
No meio do furacão,
naquele núcleo do núcleo, semelha reinar uma estranha, ainda que fantasmagórica
paz. Mas se o observador se detiver um pouco mais, ele tenderá a inquietar-se
de um forma antagônica diante do circundante silêncio.
E, no entanto, será patente o
artificialismo da construção. Se os elementos se desencadeiam lá fora, e se, de
certa maneira, todos os descontrolados movimentos, a fragmentação de o que
antes sólido parecia, que dizem estarem no redemoinho lá fora, como ela poderá
entender tais contrastes que, por um bizarro capricho, não vêm à sua presença?
A copa e cozinha parecem as mesmas.
A gente que aparece e senta nas cadeiras
de um auditório, e não regateia palmas, nem tampouco ovações, de onde é, de que
canto eles vêm?
E como é possível que, passados
aqueles umbrais, as caras fiquem diferentes, e se os lábios se movem, será para
mostrar deboche, escárnio, antagonismo, ou até indiferença, quando se depara
alguém que já não tem remédio, e que olha e mais olha para a frente, a
expressão por um instante congelada em raivosa incompreensão, como se estivesse
a dizer, entre-dentes, "eu que ganhei duas eleições, como é que meteram-me
nesta fria?".
No seu parado, quase congelado
semblante, o que imaginar-se possa, senão um lençol de cólera, em que lhe fervem
as entranhas, mas que só se deixa
entrever na chispa do olhar por vezes desgarrado, mas que, no geral, se aferra
em imenso, descomunal Por quê estão fazendo isso comigo?
Para ela, o mal vem de fora.
Por Deus, será isso verdade ?
Mas, quem sabe, talvez assim lhe
seja mais suportável esta travessia.
Pois como agüentar sequer a
suspicácia de que teria de procurar mais perto, quiçá nela própria, pela causa
desse desastre que desaba em cima dela ?
( Fontes: Folha
de S. Paulo, O Globo )
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