segunda-feira, 4 de abril de 2016

Pode salvar-se o Governo Dilma assim?


                     

         Quanto à incapacidade de Dilma Rousseff, a melhor autoridade é ela própria.

          Sequer se sente em condições de defender-se perante a Comissão do Impeachment. Preferiu abdicar dessa oportunidade de enfrentar o seu grande desafio, na arena do Congresso Nacional, e fazer a própria defesa.

          Parece digno e é digno de autoridade contestada vir a público, perante a gente do Congresso, grande e pequena,  enfrentá-la, apresentar a sua versão quanto às realizações de seu governo.

          Nada mais republicano que a faculdade de servir-se da tribuna, na vigésima-quinta hora da própria Administração, e arrostar, do penedo da presidência, a fúria dos elementos, deparando, sobranceira, as alianças diante dela. Nada mais digno de o que aceder baixar do Palácio, e na planície da Casa do Povo soberano debater seja com a coalizão dos seus adversários, daqueles que ao ver mal controla as próprias emoções, por descobri-los agora do outro lado da cerca,  seja a  dúbia companhia de uns tantos que em público lhe dizem palavras de lisonja, e de que sabe, pelos poderosos ouvidos dos serviços, que outros seriam os seus desígnios,  nesta hora extrema em que lances serão jogados para decidir unicamente da sua sorte, enfim na autêntica solenidade de  jornada rara, que por palavra, fato, a dissonante sinfonia de comícios, imprensa e opinião pública, e apenas um seu predecessor afrontou.

              Certos compromissos não se delegam. A petição que desencadeou a tempestade foi assinada por grandes vultos da República, como Hélio Bicudo e o professor Miguel Reale, e o influxo de ardor e juventude da Dra. Janaína Paschoal.

                É vão tentar desmerecê-la por atoarda e falsas imputações.

                 Não querer pelejar pela própria sorte, mas delegar a ministros a incumbência, nessa hora grande e extrema, em que os vultos se determinam e a sorte pode ser arrancada por presença e testemunho, não é admissão qualquer, mas a confissão gravada no mármore das certezas comuns e indiscutíveis, de que se a maior autoridade política ex-officio confessa pelo silêncio da pública ausência de não ter condições de comparecer ao rostro da defesa da própria autoridade, e que se recolhe, calada e tímida, diante do desafio extremo que lhe é colocado, delegando a outrem a tarefa de defender e justificar a motivação da sobrevida de seu Governo.  Se sequer admite para si mesma a capacidade de convencer a Comissão do Impeachment, se confessa a respectiva incapacidade de empenhar-se pelo próprio Governo, soou a hora da verdade - que os comícios em Palácio perante públicos já engajados, as alocuções diante de platéias selecionadas, e todo tipo de encenação do gênero não tem condição de desmentir.

                   Não pode agora o seu roufenho padrinho vir a público tentar defendê-la. Dele partiu o ato mais grave e impatriótico. Pensou mais nele e na própria ambição - que a Sorte cuidaria de desmanchar - do que na secretária da Casa Civil, que em um insano momento de húbris se julgara capaz de projetar no palco da República.

                    Depois denominaria os seus designados de 'postes', como se foram hirtas figuras, mudas e imóveis, a que gestos ensinam para dissimular a grandeza que não possuem.

                     Por isso, ao delegar ao seu Amigo e fiel servidor, na Justiça e, agora, na Advocacia Geral da União, José Eduardo Cardozo, hábil causídico, que a defenda perante a tribuna do Congresso, da Comissão do Impeachment, e a todos explique e convença como foi grande o seu Governo, ela firma a própria indubitável confissão de ser politicamente incapaz.

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