Se alguém repete uma mentira cem vezes,
pode ser que o acusado não se convença, mas há inegável probabilidade de que
quem a formula, acabe nela acreditando.
O mecanismo é de simplicidade franciscana. É sempre
mais fácil inventar-se explicação fantasiosa para uma situação, se esta
explicação transfira a eventual culpa para a outra parte.
Essa tática vem, sobretudo, de
movimentos deterministas, que tiranizem a verdade. Imaginemos que alguém chegue
a essa suposta 'solução'. Como ela é em geral utilizada como conduto para
despejar a culpa ou a responsabilidade no eventual adversário, o que será
importante para quem resolve aplicar este 'remédio' não é a 'verdade', seja ela
factual ou doutrinal. O que interessa no caso é a repetição maquinal da
assertiva, que transforma em slogan o
que antes seria apenas eventual premissa a ser examinada, estudada e
eventualmente provada ou não.
A aparente simplicidade do caminho leva
para a reiteração automática daquilo que
não passa de uma questão a ser examinada e eventualmente respondida, seja por
negativa, seja por afirmativa.
Não é à toa a proximidade das palavras
de ordem dos slogans, pois eles muita vez se atêm à fé inquebrantável em algum
suposto fato, que prescinde de outra comprovação excluída a sua repetição ad infinitum, que para os
correligionários substitui à maravilha qualquer disquisição sobre a realidade
factual ou doutrinal de alguma assertiva.
Não há de surpreender, nesse contexto,
a ligação siamesa entre PT e PCdoB, manifestada que é por uma ideologia ou de
cunho marxista, ou aparentada, em que toda a verdade é relativa, na medida em
que depende da situação prevalente e, portanto, do interesse tanto da
organização principal, quanto da sucursal, eis que, onde come o maior, sobram
sempre migalhas para o menor.
Quem se embala nas palavras de ordem e
nos slogans, se apega, portanto, mais
às aparências do que à realidade.
Todos gritando em uníssono não torna necessariamente
verdade o que a plenos pulmões procura abafar outras eventuais considerações,
por mais nobre e veraz que seja a fonte dessas
últimas.
O veraz e o racional não circulam com
facilidade nesses meios. A eles aproveita mais a falsa verdade, que lhes
estabelece o eventual vitimismo e tudo explica para a malta ignara. Se a
realidade vira a primeira vítima, com a breca a realidade dos outros, porque
eles têm a deles, que no pior dos casos lhes serve de consolo.
Por isso, não se surpreendam se Dilma
Rousseff continue papagueando que é vítima de golpe. Para ela, será melhor por
dupla razão: para o próprio ego, e por manter à distância a verdadeira razão,
que é o próprio retumbante fracasso na
administração do Estado.
( Fontes:
O Globo e Folha de S. Paulo )
Um comentário:
O dano ao país que esta mistificação causará é imenso - tanto internamente pela divisão permanente do país em campos opostos, quanto externamente, pela sistemática tentativa de reduzir o país à uma republiqueta. É inacreditável que a presidente tenha a cara de pau de dizer que não há base legal para o processo. A constituição é clara quanto à responsabilidade do presidente pela ordem fiscal. Dizer que isso "não é suficiente" e que outros fizeram o mesmo apenas mostra a miséria moral do petismo, que acha que as leis se aplicam à sua conveniência.
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