segunda-feira, 11 de abril de 2016

A verdade está na salvação


         Dá-se por certo que a Comissão especial da Câmara acompanhará, por maioria, o parecer do Relator, Deputado Jovair Arantes, e que proporá o impeachment de Dilma Rousseff ao plenário da Câmara.

         Diante de mais este tropeço, que já era previsível, o Governo petista de Dilma deve acorrer ao plenário, na esperança de salvar o barco, com promessas mil, e para tanto põe fé no cofre aberto  do Governo, que embora ao Povo pertença, cogita colocá-lo a serviço de fins inconfessáveis, quais seja, vender o futuro com prestações do presente, trocando eventuais convicções com a certeza de ganhos ilícitos e inconfessáveis.

          Segundo noticia O Globo, Lula (o deus-ex-machina do Governo de Dilma Rousseff), depois do fim de semana em São Paulo com  a família, voltará à carga a partir de hoje. A tática é dupla: manter a estratégia de negociações no varejo (sob o princípio de que é de grão em grão que a galinha enche o papo), mas também com os presidentes de partidos, para tentar margem de votos segura no plenário, onde o quadro ainda estaria indefinido.

           Mas o discurso é um, e os fatos tendem a ser outros.

           Vejam, contudo, ilustres senhores, o que Madame Fortuna tenciona aprontar. O primeiro encontro de Lula, já agendado, é com o presidente do PSB, Carlos Siqueira. No entanto, acreditem, a respectiva Executiva se reúne hoje pela manhã e  deve oficializar o apoio ao impeachment na Comissão e no Plenário.

           Seria, de resto, incompreensível que partido que se dirija à cidadania com  linguagem crítica contra o Governo Dilma, vá apoiá-la em troca de balagandãs de ministérios. A coerência é indispensável, se o partido deseja manter credibilidade diante da opinião pública.

           Como recorda o Deputado Antônio Imbassahy (BA), líder do PSDB: "tem que considerar que os governistas ficaram inconformados com a chapa avulsa, venceram no Supremo, e essa seria a comissão deles. "

           A esse propósito, vale a pena frisar que, dificilmente, se repetiria a aceitação pelo plenário do STF do parecer do Ministro Luis Roberto Barroso, que admitiu pudesse o Supremo prevalecer contra a vontade de outro Poder independente, como o Legislativo.

          E continua o deputado Imbassahy : "E ainda assim, perder por uma diferença boa dá uma impulsionada grande para os movimentos que acontecerão terça, quarta e quinta. O vento sopra favoravelmente."

          Lula pode ser bom de gogó (e de promessas),  mas os partidos e os deputados da liga governista sabem que a maioria do Povo está contra tais construções artificiais, que, com o dinheiro do Erário, visam angariar improvisada sustentação de  apoio pró-Dilma. Por mais deem voltas e reviravoltas, tal sustentação tem o ar como alicerce e vai marcar aqueles que com vestes e fundos alheios, pretendam sustentar  governo condenado pelo Povo.

           Além disso, no plenário deverá repetir-se o que ocorreu no impeachment do Presidente Fernando Collor: vai imperar o instinto de sobrevivência.

            Desse modo, a estratégia de Romero Jucá, presidente em exercício do PMDB, é amarrar todo o partido, na sua ida ao plenário, inclusive o grupo de Leonardo Picciani, pró-governo.

            A consciência de caciques do PMDB tem muito bem presente o interesse de Michel Temer, que é também o do PMDB . "Vamos construir essa circunstância tendo como mote a unidade. A idéia é ele alegar que as circunstâncias do partido não lhe deram alternativa que não fosse apoiar o impeachment" -é esta a frase de um prócer do PMDB, cuja Realpolitik deverá esfacelar - conta a maioria peemedebista - as promessas da dupla Lula-Dilma.

             Quando o Povo se situa de forma inequívoca contra posições a-éticas (como as de que pretende servir-se, no desespero, o Governo Dilma), a própria realidade dos fatos - e o supremo instinto da sobrevivência política - forçaria os antes engajados como  comandantes da tropa governista pró-Dilma, a baterem em retirada...  

              Após o festim de Baltazar, reponta nas paredes do Palácio o vaticínio que vira sentença: "Meu Deus, dirão, quantas traições!"

              "Não!", responderão em uníssono. " Não trai aquele que cuida da própria salvação!"                    

 

( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )

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