domingo, 10 de abril de 2016

Sanders: bons modos somem


                           

       A corrida na campanha eleitoral do Partido Democrata continuou em Wyoming, com  outra vantagem do desafiante Bernie Sanders, mas esta é na verdade pro-forma, eis que, ao cabo da disputa, os dois concorrentes - Hillary Clinton e Sanders - ficaram cada um com 7 delegados.

        Assim, no papel, o triunfo de Sanders é mais assustador do que é na realidade. Depois da série de disputas que favoreciam ao público do Senador por Vermont, passa-se aos finalmente na luta eleitoral que precede a Convenção de Charlotte. As primárias serão agora nos estados do Leste, com eleitorado mais diferenciado, como é o caso da próxima parada, no estadão de New York, a dezenove de abril.        

          Como se sabe, Hillary foi senadora por New York por mais de um mandato. Terá aí encontro decisivo para determinar da sorte de sua candidatura à presidência pelo Partido Democrata.

          O fato político mais importante - e é lamentável que venha a ocorrer -  trata-se da circunstância que o Senador Bernard Sanders decidiu desvencilhar-se das boas maneiras e do ar educado com que marcara até então à disputa com Hillary Clinton.

          E não foi descortesia qualquer, dessas que se relevam na próxima volta do caminho. Depois da troca de gentilezas que assinalara os debates dos dois candidatos, de repente Sanders resolveu mudar de tom.

          Partiu para desmerecer das credenciais de Hillary Clinton para Presidente... Perante ruidoso público na quinta-feira, sete de abril, sem mais nem menos, Bernie Sanders considerou Hillary desqualificada para ser presidente.

           Consoante interpretam os articulistas do New York Times, essa brusca fratura do antes educado e cavalheiresco contendor, corresponderia à uma situação difícil, que é a realidade matemática da vantagem mantida pela adversária ao longo da corrida - e que como já fora assinalado  - recorda a mesma diferença que separava Barack Obama da senhora Clinton quando adentraram esta fase da disputa, só que em 2008 quem tinha a diferença em próprio favor era o Senador por Illinois, e agora quem a tem é a Senhora Clinton...

              Os partidários de Mrs. Clinton não poderiam deixar de indicar que as credenciais presidenciais da candidata representam uma de suas maiores vantagens (assets), e, por conseguinte, atacá-la neste campo é um tiro no pé do rival Bernie Sanders.  

                Partir para a campanha negativa - depois da postura anterior de candidato sério e cavalheiresco - é  senhora mudança de estratégia que não deixa de ter seus riscos.

                Procurando responder à estranheza diante dessa alteração no tom do desafiante, a assessoria tentou passar a culpa para a mídia e a natural agressividade que a caracteriza.

                Com efeito, Mr Sanders foi surpreendido pelo tom e as perguntas da entrevista com o grupo editorial do Daily News. Chamar Mrs Clinton de não-qualificada pareceu a muitos democratas como erro estratégico, eis que a maioria dos votantes diz o contrário:  que ela tem mais  experiência para a missão do que  Mr Sanders.  Ela também superou largamente o concorrente quando de pesquisa da Universidade Quinnipiac:  64% dos votantes registrados e  93%  dos votantes Democratas, enquanto os totais de Sanders eram, respectivamente, de 54%  e 75% .

                  Inquirida acerca do teor do ataque de Sanders, nesta quinta-feira,  Mrs Clinton disse " é algo tolo dizer isso", e acrescentou: "mas eu confio nos votantes de New York, que me conhecem e que votaram por mim três vezes."

 

( Fonte:  The New York Times  )          

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