O culto das datas importantes em uma
nacionalidade - e já me referi neste mês ao sete de abril - semelha exercício
importante, quando não para evitar que certos dias caiam no olvido.
O dezenove de abril - que já foi até dia
feriado no Brasil - é a efeméride do
nascimento de quem seria o presidente Getúlio Dornelles Vargas.
Destinado a ser o terceiro filho do casal
Manuel Vargas e Cândida Dornelles - depois dos irmãos Viriato e Protásio -
Getúlio nasceu raquítico, em 1882, na
sede da Fazenda Triunfo.
De saúde precária durante a infância,
sobreviveu a um quase envenenamento, aos dois anos (engolira, por descuido,
gotas de querosene), e acessos incontroláveis de febre, aos sete.
Mais uma vez, Getúlio resistiu. Cresceu, no
entanto, criança calada, dada a longos silêncios. Preferia ouvir a falar. Os
amigos de infância empregariam, para descrevê-lo, a expressão gauchesca 'bagual
caborteiro', o que significa 'potro difícil de domar'...
Lira Neto, de quem as linhas acima são
colhidas, escreveu biografia em três volumes, em que traça a evolução política
de Getúlio, quando foi deputado federal, Ministro da Fazenda de Washington
Luís, presidente (governador) da Província do Rio Grande do Sul, chefe
revolucionário (3 de outubro de 1930), presidente constitucional - 1934,
ditador (novembro de 1937 a 29 de outubro de 1945, senador e deputado federal,
exílio em São Borja, retorna ao poder, reeleito presidente em 1950, saindo
morto do palácio do Catete em 24 de agosto de 1954, da vida para entrar na História,
como escreve na Carta-testamento. Levado por enorme massa popular, em grande caudal,
alimentada por muitos afluentes, vindos de toda parte, até o avião que o transporta
a São Borja, para o túmulo familiar.
( Fonte: Getúlio, de Lira Neto (em 3 vols.), Companhia
das Letras )
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