Comentarista do New
York Times, Frank Bruni usou a expressão sore losers[1](maus
perdedores) para qualificar os rivais de Hillary
Clinton e de Donald Trump, eis que se negam a aceitar a manifesta derrota e
o seu distanciamento dos respectivos front-runners.
No que tange a Bernie
Sanders, semelha para ele difícil reconhecer uma derrota que a cada série
de primárias se vinca com mais força, dada a distância em número de delegados e
os muitos milhões de votos que o afastam de Hillary.
É difícil, no entanto, para alguém que
se acredita ungido pelos despossuídos e pelos jovens admitir o malogro da
respectiva cruzada.
No lado republicano, após as prometidas
'alianças' contra o adversário comum, no caso Donald Trump, o Senador Ted
Cruz e o governador Kasich,
falhando melancolicamente no escopo de juntar forças, ora lhes cabe continuar a
sonhar com reviravolta, que, diante do triunfo total de Trump nas cinco
primárias, vai ficando cada vez mais improvável.
A despeito dos resmungos da alta
hierarquia do Grand Old Party, a
Convenção de Cleveland se aproxima e a anterior possibilidade do 'estranho no
ninho' virar o candidato oficial caminha, malgrado toda a precedente
resistência, para tornar-se realidade.
Há temores no Partido Republicano que
candidatura como a de Trump possa ter desastroso efeito-cascata nas campanhas
para o Congresso (sobretudo o Senado, eis que o domínio do GOP na Câmara dificilmente será abalado por causa do gerrymander que sucedeu ao shellacking (tunda) de 2010), e igualmente para as
governanças estaduais. Mas tais previsões hiperpessimistas sobre as
consequências para o partido em geral da candidatura Trump, foram feitas quando
o magnata nova-iorquino irrompera durante o verão de 2015, e não se tinha ainda
verificado a respectiva implantação da candidatura no partido republicano.
De qualquer forma, dadas as
idiosincrasias do candidato Trump, não se pode excluir que, por motivo de
alguma gafe, ou de performance decepcionante em debate (o que, é bom frisar-se,
não ocorreu nos inúmeros debates de que Trump participou com os seus rivais
republicanos), tal possibilidade certamente não poderia ser afastada de todo. A fortiori, a postulação de Trump se tornou menos amadora e a respectiva
atuação mais conforme aos paradigmas da disputa presidencial, com o ingresso no
seu estado maior de Mr Manafort, um experiente agente político.
Por fim, se a banda de Bernie
Sanders ainda pode atrapalhar a progressão de Hillary, o número de delegados já
arrebanhado pela ex-secretária de estado representa barreira equivalente àquela que a fizera
renunciar à disputa, em favor de Barack Obama, em 2008.
Segundo a opinião de muitos e tendo
presente a série de ataques personalizados de Sanders contra Hillary - além
disso o senador por Vermont acreditara liderar uma cruzada - se torna assaz
complicado abandonar os fervorosos seguidores, máxime se computarmos o vitríolo
nos ataques e a intransigência desse gênero milenarista.
Dentro desse compasso, os seus seguidores
põem as esperanças na primária de Indiana. Só que o chamado efeito Obama, com o
número crescente de delegados, tende a tornar eventuais vitórias do desafiante
em primárias isoladas vãos exercícios de jogo que já está decidido por intransponível
diferença.
Nesse sentido, vai cada vez mais crescendo
a probabilidade que Hillary Clinton já chegue à Convenção de Filadelfia em
condição de virtual candidata do Partido Democrata.
( Fonte: The New York Times )
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