quinta-feira, 28 de abril de 2016

E agora, Ted Cruz ?

                                  

         Há uma teoria que a brigada republicana foi sendo selecionada às avessas. Se excluirmos o governador de Ohio, John Kasich, tanto o front-runner Donald Trump, quanto o seu adversário Senador Ted Cruz parecem pretendentes selecionados às avessas no campo republicano.
         O que a hierarquia pensara fosse prevalecer, seja pelo sobrenome  (Jeb Bush), seja pelo trânsito político nas altas esferas (Senador Marco Rubio), deu chabu no GOP.
         Continuam na luta pela nomination seja o irreprimível Donald Trump (que estourara com a promessa de levantar uma muralha ao sul, para impedir a invasão dos EUA pelos mexicanos), seja o Senador Ted Cruz, a expressão da direita mais zangada. Está ainda - para Cruz, nominalmente - o Governador John Kasich, de Ohio (com quem o rival republicano não conseguiu entender-se).  Por outro lado, Cruz, o líder do Tea Party, chamou para a sua chapa a ex-pré-candidata Carly Fiorina, com quem Cruz pensa enfeitar um pouquinho a própria rebarbativa imagem.
          Creio que não haverá dissenso com a assertiva que Trump é o grande fenômeno dessa eleição. Nascido candidato do verão, para a incredulidade de muitos, Trump contrariou a imensa expectativa de que não passaria de ilusão, seja do verão, seja até do outono.
          Diante da crescente perplexidade e, mesmo, cólera do estamento republicano, o magnata Trump não se resignou a sair de cena, como tantos outros no passado.
          O seu núcleo de apoio se funda nos brancos, protestantes, idosos e aposentados, mas também na luzente coalizão da direita enraivecida, que acorreu, embalada e sem hesitações, às fórmulas simplistas propostas por Donald Trump (aquele que desejara invalidar a eleição de Obama, pelo fato de, supostamente, não ser americano nato).
           Esse tipo de revolta da massa popular - cansada de não ser levada a sério - tinha sido visto na França do século passado, com o movimento de Poujade, uma verdadeira cruzada contra os impostos. Mas no que concerne à Terra de Tio Sam, faz tempo que não se apresenta e se consolida uma candidatura populista como a de Donald Trump.
           Ela tem levado de roldão as intenções de detê-la, de qualquer maneira, da hierarquia do GOP, assustada com a eventual perspectiva de descalabro eleitoral, com corrosivas ramificações para outros poleiros da tribu republicana. Como é de ciência pública, até agora nada funcionou contra o monstro Trump. Ele parece indestrutível, e não apareceu até agora gafe que o desmoralizasse, como através do tempo - e o candidato Romney, pai de Mitt, é um exemplo - já se verificou nos Estados Unidos.
            Trump tem seguido por uma grande avenida em que as primárias vão ficando para trás, e o número de delegados aumentando (há dúvidas sobre isso, eis que por arcanas regras em primárias do GOP pode-se dar o fenômeno maroto de ganhar a disputa, mas não levar os delegados).
             De qualquer forma, nesse momento, afora as posturas rebarbativas - como o seu desrespeito contumaz às mulheres - e nesse sentido são iterados os seus juízos desfavoráveis acerca da provável adversária Hillary Clinton, simplesmente porque ela é mulher...
              O mais engraçado com Mr Donald Trump é que, até hoje, essas grosseiras gafes parecem não ter efeito algum. Será que para o público que festeja Trump estejamos ainda nos anos cinquenta?
               O Senador Ted Cruz - e tenho minhas dúvidas que a simpatia de Carly Fiorina vá polir as arestas e o firme reacionarismo dessa criatura dos irmãos Koch - terá condições de enfrentar o monstro Trump?
               Como a chefia republicana não desejaria outra coisa, que ver afinal abatido o populista - que de repente aparecera no último verão - a esperança em Cleveland será a última a sair de cena, eis que, por ora, o front runner não completou o número mágico de delegados...


( Fontes:  The New York Times,  O  Globo; Suddenly, last summer, de Joseph Mankiewicz )   

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