quinta-feira, 21 de abril de 2016

Pegando Carona

                                      


         Para os correspondentes aqui postados, ainda mais depois do espetáculo deprimente dado por tantos representantes do povo no passado domingo, não é necessário ser um Nostradamus para transmitir aos respectivos periódicos o espetáculo mais para o carnavalesco em que pode ser referida a estranha viagem de Dilma Rousseff para consignar queixa da maneira com que ela foi tratada pelo Congresso.
         Não é necessário má-fé para assim proceder. Basta a tendência ao vitimismo - ainda mais depois da vociferante atuação de sua bancada na Câmara - para que esta senhora se convença de que foi objeto de uma conspiração.
         Lá se foi ela para Manhattan no que poderia ser a sua última viagem oficial. Certamente, não tem pé nem cabeça o escopo da missão. Em conferência do clima, ela vai tomar a pálavra, e a folhas tantas inserir uma observação vexatória e como dizia nos seus tempos de mando o regime militar difundir comentários difamatórios relativos à nossa imagem judiciária.
          Decerto, tenha ou não repercussão maior essa desastrada missão, e mesmo diante das óbvias contradições - que golpe é esse que permite à acusada ir à sede das Nações Unidas, com a missão de divulgá-lo e expor-lhe a suposta ilegalidade? - sempre há de ficar alguma coisa.  O personagem de Beaumarchais não já aconselhava aos eventuais interessados? Caluniai, caluniai, Ficará sempre alguma coisa...
           A esse respeito, é pelo menos oportuno que essa tese sem pé nem cabeça seja desmentida por quem de direito: Assim, o decano do STF, o Ministro Celso de Mello, afirmou que a acusação de Dilma é um "gravíssimo equívoco". Já para o Ministro Dias Toffoli - que foi secretário de José Dirceu e indicado por Lula ao Supremo: "o processo assegurou amplo direito de defesa e alegar golpe agora é uma "ofensa às instituições brasileiras".


( Fonte:  O Globo )

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