domingo, 17 de abril de 2016

Sanders, o velhinho boa praça?


                        
        Artigo de hoje do New York Times derruba esta piedosa ficção quanto ao estilo de campanha do atual rival de Hillary Clinton para a nomination do Partido Democrata.

        Até o momento - e desconheço se esta omissão se deve à determinações locais - há apenas genéricas indicações quanto à situação dos dois pré-candidatos à primária por New York. Apenas se repete que Sanders, tendo presente a contagem até agora e a folgada vantagem de Clinton sobre Bernie, careceria de triunfo de peso na pré-eleição desta terça-feira, dezenove de abril, para afetar a carreira para a Convenção em Filadelfia, na Pennsilvania.

       Dada a pesada tônica que o desafiante vem imprimindo à campanha - agora, ele não mais reconhece que Hillary Clinton esteja qualificada para ser presidente - de repente reponta a pergunta:  de onde saíu tanta agressividade daquele cordato participante  nos pré-debates que precederam Iowa e as demais primárias?

        Não será palpite despropositado a observação do artigo do Times de que o simpático velhinho tenha certa inclinação em jogar pesado[1], como suas campanhas passadas fornecem alguns exemplos  contundentes (para não sair da tônica do challenger).

        Por isso terá surpreendido à Hillary a mudança de approach de parte de seu rival pré-candidato. Há decerto grande diferença dentre os primeiros debates - aqueles do ano anterior - em que Sanders se proclamara 'farto' de ouvir falar sobre o canal privado de e-mails utilizado pela então Secretária de Estado, com o que dispensou esta questão de ulterior consideração.  

         O senador Bernie Sanders desta nova estação, em que a decisão da Convenção democrata se acerca, pouco tem a ver com o velhinho simpático e cortês de 2015. O Sanders de agora relembra o candidato independente contra Madeleine Kunin, a governadora em exercício do estado de Vermont, em 1986.

          Dessarte, a acidez de Bernie pode chegar a ser cáustica. Como é um solvente que se vendido em frasco, deveria trazer a advertência "manipule-se com cuidado", por vezes o seu emprego pode repercutir mal - e não raro para quem o aplica.

             Foi o que ocorreu com o seu tratamento da Sra. Kunin. "Ela sai muito bem na tevê: ela (Mrs. Kunin) tem uma excelente secretária de imprensa." E outra frase, no mesmo estilo:  'Muita gente está excitada com o fato de ela ser a primeira mulher governadora. Mas depois disso, não há muito o que dizer."

              As maldades, no entanto, e não foram poucas, não lhe abriram o caminho da governança de Vermont. Mrs. Kunin - que hoje apóia Hillary - foi reeleita com 47% dos votos.

               Se a retórica de Bernie forçou Hillary a ser mais incisiva, os ataques mais pesados são deixados para seus aliados.

               Por vezes, os golpes por baixo da cintura aplicados pelo challenger podem  servir à gente de fora, como o demonstra essa frase de Donald Trump no Twitter: 'Bernie Sanders diz que Hillary Clinton é desqualificada para ser presidente. Com base na sua capacidade de tomar decisões, estou de acordo com isso!'

                Além de dizer de que a luta para esta terça-feira, dezenove, esteja renhida, não há ulteriores indicações quanto à tendência.

                 Diz-se apenas que o challenger  Sanders tem de ganhar bem para ter chances na Convenção democrata, que este ano se realiza em Filadelfia...

 

( Fonte:  The New York Times )



[1] play hard ball é metáfora vinda do esporte mais popular nos States, o baseball. To play hard ball seria, grosso modo,  jogar com mão pesada.

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