Artigo de hoje do New
York Times derruba esta piedosa ficção quanto ao estilo de campanha do
atual rival de Hillary Clinton para a
nomination do Partido Democrata.
Até o momento - e desconheço se esta
omissão se deve à determinações locais - há apenas genéricas indicações quanto
à situação dos dois pré-candidatos à primária por New York. Apenas se repete
que Sanders, tendo presente a contagem até agora e a folgada vantagem de
Clinton sobre Bernie, careceria de triunfo de peso na pré-eleição desta
terça-feira, dezenove de abril, para afetar a carreira para a Convenção em Filadelfia,
na Pennsilvania.
Dada a pesada tônica que o desafiante
vem imprimindo à campanha - agora, ele não mais reconhece que Hillary Clinton esteja
qualificada para ser presidente - de repente reponta a pergunta: de onde saíu tanta agressividade daquele
cordato participante nos pré-debates que
precederam Iowa e as demais primárias?
Não será palpite despropositado a
observação do artigo do Times de que
o simpático velhinho tenha certa inclinação em jogar pesado[1],
como suas campanhas passadas fornecem alguns exemplos contundentes (para não sair da tônica do challenger).
Por isso terá surpreendido à Hillary a
mudança de approach de parte de seu
rival pré-candidato. Há decerto grande diferença dentre os primeiros debates -
aqueles do ano anterior - em que Sanders se proclamara 'farto' de ouvir falar
sobre o canal privado de e-mails utilizado
pela então Secretária de Estado, com o que dispensou esta questão de ulterior
consideração.
O senador Bernie Sanders desta nova
estação, em que a decisão da Convenção democrata se acerca, pouco tem a ver com
o velhinho simpático e cortês de 2015. O Sanders de agora relembra o candidato
independente contra Madeleine Kunin,
a governadora em exercício do estado de Vermont, em 1986.
Dessarte, a acidez de Bernie pode
chegar a ser cáustica. Como é um solvente que se vendido em frasco, deveria
trazer a advertência "manipule-se com cuidado", por vezes o seu
emprego pode repercutir mal - e não raro para quem o aplica.
Foi o que ocorreu com o seu
tratamento da Sra. Kunin. "Ela sai
muito bem na tevê: ela (Mrs. Kunin) tem uma excelente secretária de imprensa." E outra frase, no mesmo
estilo: 'Muita gente está excitada com o
fato de ela ser a primeira mulher governadora. Mas depois disso, não há muito o
que dizer."
As maldades, no entanto, e não foram poucas,
não lhe abriram o caminho da governança de Vermont. Mrs. Kunin - que hoje apóia
Hillary - foi reeleita com 47% dos votos.
Se a retórica de Bernie forçou
Hillary a ser mais incisiva, os ataques mais pesados são deixados para seus
aliados.
Por vezes, os golpes por baixo
da cintura aplicados pelo challenger
podem servir à gente de fora, como o
demonstra essa frase de Donald Trump no Twitter: 'Bernie Sanders diz que Hillary Clinton é desqualificada
para ser presidente. Com base na sua capacidade de tomar decisões, estou de
acordo com isso!'
Além de dizer de que a luta para esta
terça-feira, dezenove, esteja renhida, não há ulteriores indicações quanto à
tendência.
Diz-se apenas que o challenger Sanders tem de ganhar bem para ter chances na
Convenção democrata, que este ano se realiza em Filadelfia...
( Fonte: The New York Times )
[1] play hard ball é metáfora vinda do esporte mais popular
nos States, o baseball. To play hard ball seria, grosso modo, jogar com mão pesada.
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