O Senador por Vermont não perde
ocasião de mencionar os ricos banqueiros e doadores de Wall Street para a Senhora Clinton, a ponto de que se questione a
sua noção de equilíbrio.
As gentilezas dos debates anteriores
desapareceram por completo. Mr Sanders perde muito da razão pela maneira com
que abusa desses tópicos, chegando até questionar-se o seu discernimento. Para
ele, a Senhora Clinton não está preparada para ser presidente, por faltar-lhe
julgamento...
Esse político até há pouco obscuro, e
que nunca realizou nada de maior relevância, seja em Vermont, seja no Senado, onde tampouco figura em posições
de relevo na bancada democrata, venha agora por em dúvida a capacidade de
Hillary Clinton exercer a presidência... No exemplo em tela, não é necessária
muita psicanálise para entender que se trata pura e simplesmente de tentativa
de desmerecer da adversária para ter condições de enfrentá-la...
Bernie Sanders quer compensar a
circunstância de que era um virtual desconhecido em New York através da
violência verbal, de desencavar antigas ações
de Hillary (como votar em 2003 autorizando a invasão do Iraque), 'esquecendo'
todo o seu trabalho, de preparar um projeto de reforma da saúde que é até o
presente favoravelmente comparado à reforma de Obama, os seus quatro anos no State Department, etc. etc.
Durante o debate, no entanto, ele se
encarregou de emporcalhar a própria posição. Se Sanders questiona o bom juízo
de Hillary para ser presidente, sem querer, ele forneceu motivos bastante para
questionar-se o bom entendimento do desafiante. Em lugar como New York em que
os candidatos se digladiam para mostrar o seu apoio a Israel, Mr Sanders exibiu
muita falta de critério político ao
mostrar-se disposto a dar um tratamento especial aos palestinos.
Tampouco Mr Sanders se deu bem com
os moderadores do debate, liderados por Wolf
Blitzer e Dana Bash, da CNN,
que o interrogaram duramente acerca de seu conhecimento dos regulamentos
bancários e a sua dificuldade de dar detalhes a respeito das próprias propostas
políticas, durante entrevista com a junta editorial de The Daily News.
A Sra. Bash, dada a tentativa de Sanders de
transformar Mrs Clinton em bode expiatório quanto a ação dos grandes bancos,
pediu-lhe que desse um exemplo de como Hillary fora indevidamente influenciada
por grandes bancos. A resposta do candidato se limitou a dizer que ela estava
implicada nos excessos financeiros que
levaram à recessão.
Mrs. Clinton foi muito
aplaudida quando disse que Sanders não respondera à pergunta (dodged the question), e acrescentou: ele
não pode dar exemplo algum, porque simplesmente não há qualquer exemplo.
Como Sanders não tem nada a
perder, estando atrás nas pesquisas, ele procura compensar a sua atual
inferioridade tentando desmerecer da ex-senadora por New York.
Vamos ver como se comporta o
público nessa primária, marcada para
terça-feira, dezenove de abril (que incluirá apenas - como já foi dito -
membros registrados do Partido Democrata).
Em certos momentos, com a sua
rudeza, que margeia a grosseria - e não só com a Sra. Clinton, mas também com jornalistas
nova-iorquinos, como os do Daily News
- o Senador Sanders faz lembrar, sob
certos aspectos de civilidade, os carpet-baggers[1] chegando ao Sul
pós-guerra civil...
( Fonte: The New York Times )
[1] Carpet-bagger segundo o Oxford de bolso é um Nortista que se
deslocou para o Sul depois da Guerra Civil para aproveitar-se da Reconstruction (Reconstrução); ou então pessoa
que se mete na política de uma localidade com a qual não tem nenhuma verdadeira
conexão
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