Editorial da Folha de S. Paulo
Tenho de saudar a solução
proposta na edição de hoje da Folha,
em editorial publicado na primeira página. Nem
Dilma, nem Temer me parece um bom programa para o Brasil. Tampouco posso
discordar que a Câmara dos Deputados ou o Supremo Tribunal Federal afaste de
vez o Deputado Eduardo Cunha, por ser manifesto não ter ele condições de
dirigir o Brasil nesse intervalo.
Complementando a solução sugerida
pela Folha, o editorial também
menciona que o Tribunal Superior Eleitoral julgará as contas da chapa eleita em
2014 e poderá cassá-la. Seja por essa saída, seja pela renúncia dupla, a população
seria convocada a participar de nova eleição presidencial, em um prazo de
noventa dias.
Seria, outrossim, uma boa solução
a que, ao cabo, recomenda o editorial da Folha:
"Dilma Rousseff deve renunciar já, para poupar o país do trauma do
impeachment e superar tanto o impasse que o mantém atolado como a calamidade
sem precedentes do atual governo."
O editorial da Folha surpreende. Seria
uma boa solução. Mas terão os personagens envolvidos grandeza para tanto?
Parece-me que dada a sua frenética - e para lá de questionável - utilização do
Palácio do Planalto, que virou nesses últimos dias de Pompéia, uma espécie de bunker na defesa à outrance
de seu mandato, há escassas possibilidades de que tal incentivo ao bom
senso seja levado em conta pela
infelicíssima escolha de Luiz Inacio Lula da Silva.
E.I. na defensiva
Na luta contra o Estado Islâmico, o importante é que
territorialmente ele já perdeu cerca de 25% de seu avanço anterior em terras
sírias e iraquianas (incluindo estas últimas, áreas curdas).
Nos choques contra o E.I.,
os melhores soldados na parte adversa costumam ser os curdos, habituados desde
muito a enfrentar a adversidade, eis que constituem importante minoria na
Turquia.
Com o avanço de Recep Erdogan,
o homem forte da Turquia, que vem
reconquistando posições políticas anteriores, a situação da etnia curda fica um tanto fragilizada
sob certos aspectos.
No entanto, os curdos,
pelas suas qualidades bélicas, gozam do apoio estadunidense. Na luta contra o
califado de Abubakr el-Baghdaadi, os curdos têm conseguido recuperar áreas do
antigo Curdistão, mas basta olhar a um mapa atualizado para dar-se conta de que a
batalha contra o Estado Islâmico está apenas encetada.
Perspectivas Republicanas
Sob os bons olhos da hierarquia do G.O.P. (cognome
pelo qual é conhecido o Partido Republicano - Grand Old Party - isto é, Grande
e Velho Partido), o pré-candidato Senador Ted Cruz (republicano do Texas) goza
das benesses dos figurões republicanos. A eles horroriza a possibilidade de que
Donald Trump logre obter a nomination na Convenção partidária.
Para os mais pessimistas,
a participação de Trump - que deveria ser apenas o candidato do verão (boreal), lembram-se ? -
seria catastrófica para o GOP, com a perda da maioria no Senado e governanças
em muitos Estados da União. Quanto à Câmara, em que a maioria é republicana, a
sua solidez se deve ao guerrymander, que
é tática de redesenhar os distritos eleitorais, de forma a tornar quase
impossível uma vitória do candidato adverso naquele distrito. Até o momento,
com o surgimento da facção do Tea Party
(criada com o dinheiro e o apoio dos petroleiros irmãos Koch, ao ensejo da
eleição intermediária de 2010 - chamada por Barack Obama, com muita
propriedade, de tunda) , muita vez as corridas para o Senado são facilitadas para os democratas, pelo
lançamento de candidaturas de extremistas republicanos do Tea Party.
Não há dúvida que
Trump, se ganhar a nomination, acarretará grandes mudanças nas forças políticas
americanas. Se os democratas lograrem recuperar a maioria no Senado, as
perspectivas de que a Corte Suprema passe a ter maioria liberal se acentuam
bastante (lembrem-se, por oportuno, que foi uma Suprema Corte com maioria
conservadora que guindou o desastroso George W. Bush para presidente, o único na história
americana eleito não só com minoria na votação popular, mas também com a ajuda
determinante da Suprema Corte, que mandara cessar a contagem dos votos na
Flórida - que se encaminhava para o que seria o triunfo de Al Gore, o Vice-Presidente de Bill Clinton).
É óbvio, no entanto,
que essa possibilidade só passará a existir no caso de vitória de
representante do Partido Democrata. No momento, a luta ainda não está decidida
para Hillary, mas a diferença em favor dela em número de delegados que superam aqueles do Senador Bernie Sanders,
seu rival democrata, relembra aquela de que fruía Obama no pleito de 2008, em
que o atual presidente superou Hillary Clinton, ganhando a nomination democrata.
( Fontes: Folha de S. Paulo, The New York Times )
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