O candidato a presidente Senador Bernie Sanders apareceu como um cometa no céu dos
democratas. No ano passado, ele dava a impressão de senhor bem-comportado -
dir-se-ía até do velho Sul, pelos seus modos deferentes para com a front-runner
Hillary Clinton. Além disso, a
diferença nas pesquisas era tal, que a candidata chegou a nos debates visar
mais aos candidatos do GOP do que ao
próprio Mr Sanders (isto sem falar no tertius,
o ex-governador de Maryland, Martin
O'Malley, que logo iria desaparecer do visor).
Tudo mudaria em 2016. Pelo menos, foi
essa a impressão prevalente, com o súbito crescimento de Sanders. A ameaça a
Hillary tornou-se real não só pelo entusiasmo que suscitava o Senador por
Vermont, mas sobretudo pelo apoio recebido de parte dos jovens, com genuíno
entusiasmo motivado por promessas como melhores condições de custeio nas
universidades.
Não conseguiria superar a Hillary nos caucus de Iowa - o que atribuiu à
propaganda mal-ajustada - mas venceria em New Hampshire, conforme o esperado.
Passadas as primárias do Sul - onde não tinha condições de concorrer com
Hillary - as coisas melhorariam para ele com o triunfo em Wisconsin (sempre os jovens e os estudantes), e emendaria uma série
respeitável de primárias. Hillary ainda estava na dianteira, mas para ele o
horizonte parecia brilhar com as luzes da Metro Goldwyn Mayer.
E foi nesse ponto em que a enganosa húbris o afastou de suas maneiras
cavalheirescas. O seu histórico em Vermont já deveria tê-lo advertido que
destratar adversária do sexo feminino poderia prejudicá-lo eleitoralmente. A
par disso, Sanders passou a investir pesado nas ligações de Hillary com Wall
Street, e, a fortiori, declarou que ela não preenchia os necessários
critérios para governar os Estados Unidos.
Nova York e depois a rodada da
Pennsilvalnia e mais três outros estados (só ganhou em Rhode Island) contribuiriam
para que a embriaguez de aparente vitória o deixasse.
Sem embargo, Hillary e o seu grupo - que
vai aumentando à medida que a Convenção de Filadelfia se aproxima - continuam
cheios de dedos no tratamento a Mr Bernie Sanders. Por desagradável que seja,
será sempre melhor para os democratas que ele de algum modo se associe ao bloco
vencedor. Nesse sentido, governadores democratas, próximos à front runner Hillary, podem servir de
intermediários para que o bom senso prevaleça.
De qualquer forma, Bernie desativará
parte de seu grupo de apoio, mas não todo, eis que Indiana e mais tarde a
Califórnia o atraem. Dessarte, pela sua insistência, mesmo na adversidade,
forçará Hillary a enfrentá-las a sério, sobretudo a da Califórnia, porque ela
não poderia permitir-se que um eventual tropeço na costa do Pacífico venha a
pôr água no seu chope em Filadelfia...
Parodiando uma expressão que creio
tenha sido de Lyndon Johnson, Bernie Sanders é um jerk[1], mas ele é nosso jerk!
( Fonte: The New York Times )
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