segunda-feira, 11 de maio de 2015

Rescaldo da Véspera

                                       

      Andreas Lubitz o piloto-assassino   

 

       A caixa preta do vôo da Germanwings de Dusseldorf para Barcelona, do dia 24 de março p.p. registrou outro aspecto tão interessante quanto macabro da atuação do co-piloto Andreas Lubitz.

       No voo de ida – que precedera o que terminou tragicamente nos Alpes franceses –quando teve a oportunidade de tomar os comandos da aeronave (nas rápidas ausências do comandante Patrick Sondenheimer) Lubitz baixou a altitude para cem pés, e por repetidas vezes.

       É impossível determinar se Lubitz já se dispunha a provocar o desastre. No entanto, o mais provável é que ele estivesse apenas treinando o ‘acidente’. Terá contribuído para disfarçar esse propósito macabro a circunstância de que é normal tanto para a equipe de voo, quanto para os passageiros, que a aeronave baixe de altitude. 

       Nada indica que o piloto Sondenheimer se tenha apercebido das manobras de seu co-piloto.

       Por outro lado, investigações posteriores ao acidente pelo Polícia alemã determinaram que Andreas Lubitz tinha um histórico de severa depressão desde 2009. Verificações no seu computador apontaram que ele examinou métodos para cometer  suicídio na internet poucos dias antes do voo fatídico.

       O ato demencial de Lubitz levou a Comissão Européia em Bruxelas a anunciar a formação de grupo de trabalho de alto nível que seria encarregado de propor novas regras para prevenir desastres similares.  Ainda que o ato de Andreas Lubitz haja sido o de maior impacto,  alguns acidentes fatais tem sido atribuídos a ações tomadas pelo piloto.

        Um outro complicador no caso Lubitz são as leis alemãs que estabelecem rígidos parâmetros de proteção da privacidade. As intenções podem ser meritórias, mas nesse caso, em especial, levantam interrogações sobre efeitos não-previstos do sigilo, vale dizer impedir o conhecimento pela companhia de dados relevantes para a segurança do voo e dos passageiros.

         Como tinha acesso a esse tipo de exame, a FAA (a Administração Federal Aérea dos Estados Unidos ) se opôs  à concessão de licença para pilotar por Lubitz, que desejava continuar o seu treinamento em escola de treinamento aéreo de  propriedade da Lufthansa no estado de Arizona.

 

‘Progressos’ da  Ditadura Venezuelana



             Talvez o único avanço na República Venezuelana esteja em sua progressão na  tentativa de instituir na América do Sul uma tirania chavista bem-estruturada para atingir o seu objetivo que é duplo: (a) dar a impressão de respeitar a estruturação de outros países sul-americanos, como Brasil, Uruguai e Argentina, de respeito à autonomia dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário); e (b) de forma concomitante, através do generalizado aparelhamento do Estado, fazer com que a separação dos poderes do barão de Montesquieu se transforme em casca vazia de substância. O célebre escritor francês lançou a sua obra-prima O Espírito das Leis em 1748 e morreria em 1755. Dessa substancia,  o poder chavista, hoje nas mãos do projeto de caudillo Nicolás Maduro, cuida agora de montar mais um simples arremedo do poder constituído e não uma estrutura realmente democrática, em que a idéia de Montesquieu de autonomia dos três poderes esteja preservada.  

            A única esperança que têm os democratas venezuelanos (muitos deles presos em estabelecimentos penais que disputam com os presídios de Porto Alegre e do Maranhão o galardão da melhor masmorra) seria a mudança pela vontade do Povo. Ora, disso está cuidando o grupelho em torno de Maduro para que tal vontade não tenha condições de expressar-se de forma autêntica. 

             Que a justiça por lá nem mais inglês consiga ver,  já é notoriamente sabido. Prender na marra, por capangas do Serviço de Segurança, o Prefeito Ledezma de Caracas, mostra que o Senhor Maduro, o Caudilho da Vez, não mais carece de alvarás judiciais para trancafiar nos cárceres do Terceiro Mundo as  autoridades eleitas pelo Povo.

              Dada a situação calamitosa da economia venezuelana, a inflação  alta, a falta de alimentos e artigos do dia-a-dia nos vazios supermercados de Caracas e do resto do país, uma votação livre seria um risco muito grande para o governo de Maduro e seus partidários.

              Por isso, vão implantar  gerrymandering maciço na Venezuela, retraçando o mapa eleitoral de modo a garantir “maiorias” na Assembleia Nacional ao Partido chavista.

               Tudo isso está sendo feito na marra e a toque de caixa. Aliás, as mudanças nas regras eleitorais acompanham a involução na popularidade dos chavistas. A cada nova eleição,  criam-se disposições específicas  para contrabalançar a diminuição em termos  absolutos da "popularidade do regime".

               A grande perdedora nisso tudo é a Democracia. O interesse não está em determinar qual é o segmento ganhador. Pela lei do poder nu e cru isto já está estabelecido. O que importa é ajustar o mecanismo para que continue a produzir uma maioria do governo, que na realidade deixou de existir há muito tempo. Mas isso não tem importância alguma para o Señor Nicolás Maduro e seus capangas. Enquanto isso, o Itamaraty não mais pia sobre o proceder diplomático cabível. Sugestão de moderação e de eventual trabalho de criar condições democráticos, mereceu da então segura de si Presidenta, um sonoro termo, que em geral é impronunciável em chancelarias de governo.
               O pedreiro que constrói esse baixo nível em termos de visão dita diplomática, é o Senhor Marco Aurélio Garcia, o interventor do P.T. na Casa de Rio Branco. É um triste capítulo na nossa História Diplomática.
 

( Fontes: The New York Times;  Estado de S. Paulo )

 

 

 

 

 

 

           

                                                  

 

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