Andreas Lubitz o
piloto-assassino
A caixa preta do
vôo da Germanwings de Dusseldorf para Barcelona, do dia 24 de março p.p.
registrou outro aspecto tão interessante quanto macabro da atuação do co-piloto
Andreas Lubitz.
No voo de ida –
que precedera o que terminou tragicamente nos Alpes franceses –quando teve a
oportunidade de tomar os comandos da aeronave (nas rápidas ausências do comandante
Patrick Sondenheimer) Lubitz baixou a altitude para cem pés, e por repetidas
vezes.
É impossível
determinar se Lubitz já se dispunha a provocar o desastre. No entanto, o mais
provável é que ele estivesse apenas treinando
o ‘acidente’. Terá contribuído para disfarçar esse propósito macabro a
circunstância de que é normal tanto para a equipe de voo, quanto para os
passageiros, que a aeronave baixe de altitude.
Nada indica que
o piloto Sondenheimer se tenha apercebido das manobras de seu co-piloto.
Por outro lado,
investigações posteriores ao acidente pelo Polícia alemã determinaram que
Andreas Lubitz tinha um histórico de severa depressão desde 2009. Verificações
no seu computador apontaram que ele examinou métodos para cometer suicídio na internet poucos dias antes do voo
fatídico.
O ato demencial
de Lubitz levou a Comissão Européia em Bruxelas a anunciar a formação de grupo
de trabalho de alto nível que seria encarregado de propor novas regras para
prevenir desastres similares. Ainda que
o ato de Andreas Lubitz haja sido o de maior impacto, alguns acidentes fatais tem sido atribuídos a
ações tomadas pelo piloto.
Um outro
complicador no caso Lubitz são as leis alemãs que estabelecem rígidos
parâmetros de proteção da privacidade. As intenções podem ser meritórias, mas
nesse caso, em especial, levantam interrogações sobre efeitos não-previstos do
sigilo, vale dizer impedir o conhecimento pela companhia de dados relevantes
para a segurança do voo e dos passageiros.
Como tinha
acesso a esse tipo de exame, a FAA (a Administração Federal Aérea dos Estados
Unidos ) se opôs à concessão de licença para pilotar por Lubitz, que desejava
continuar o seu treinamento em escola de treinamento aéreo de propriedade da Lufthansa no estado de
Arizona.
‘Progressos’ da Ditadura
Venezuelana
Talvez o
único avanço na República Venezuelana esteja em sua progressão na tentativa
de instituir na América do Sul uma tirania chavista bem-estruturada para atingir o seu
objetivo que é duplo: (a) dar a impressão de respeitar a estruturação de outros
países sul-americanos, como Brasil, Uruguai e Argentina, de respeito à
autonomia dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário); e (b) de
forma concomitante, através do generalizado aparelhamento do Estado, fazer com
que a separação dos poderes do barão de Montesquieu se transforme em casca vazia de
substância. O célebre escritor francês lançou a sua obra-prima O Espírito das Leis em 1748 e morreria em 1755. Dessa substancia, o poder chavista, hoje nas mãos do projeto
de caudillo Nicolás Maduro, cuida agora de montar mais um simples arremedo do poder constituído e não uma estrutura realmente democrática, em que a idéia de Montesquieu de autonomia dos três poderes esteja preservada.
A única
esperança que têm os democratas venezuelanos (muitos deles presos em
estabelecimentos penais que disputam com os presídios de Porto Alegre e do
Maranhão o galardão da melhor masmorra) seria a mudança pela vontade do Povo. Ora, disso está cuidando o grupelho em torno de Maduro para que tal vontade não tenha condições de expressar-se de forma autêntica.
Que a
justiça por lá nem mais inglês consiga ver,
já é notoriamente sabido. Prender na marra, por capangas do Serviço de
Segurança, o Prefeito Ledezma de Caracas, mostra que o Senhor Maduro, o
Caudilho da Vez, não mais carece de alvarás judiciais para trancafiar nos cárceres do Terceiro Mundo as autoridades
eleitas pelo Povo.
Dada a situação calamitosa da
economia venezuelana, a inflação alta,
a falta de alimentos e artigos do dia-a-dia nos vazios supermercados de Caracas
e do resto do país, uma votação livre seria um risco muito grande para o
governo de Maduro e seus partidários.
Por
isso, vão implantar gerrymandering
maciço na Venezuela, retraçando o mapa eleitoral de modo a garantir “maiorias”
na Assembleia Nacional ao Partido chavista.
Tudo
isso está sendo feito na marra e a toque de caixa. Aliás, as mudanças nas regras
eleitorais acompanham a involução na popularidade dos chavistas. A cada nova
eleição, criam-se disposições
específicas para contrabalançar a
diminuição em termos absolutos da "popularidade do regime".
A
grande perdedora nisso tudo é a Democracia. O interesse não está em determinar
qual é o segmento ganhador. Pela lei do poder nu e cru isto já está estabelecido.
O que importa é ajustar o mecanismo para que continue a produzir uma maioria do
governo, que na realidade deixou de existir há muito tempo. Mas isso não tem importância
alguma para o Señor Nicolás Maduro e
seus capangas. Enquanto isso, o Itamaraty não mais pia sobre o proceder diplomático cabível. Sugestão de moderação e de eventual trabalho de criar condições democráticos, mereceu da então segura de si Presidenta, um sonoro termo, que em geral é impronunciável em chancelarias de governo.
O pedreiro que constrói esse baixo nível em termos de visão dita diplomática, é o Senhor Marco Aurélio Garcia, o interventor do P.T. na Casa de Rio Branco. É um triste capítulo na nossa História Diplomática.
( Fontes: The New York Times; Estado de S. Paulo )
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