Dilma Rousseff pode estar colhendo o fruto de suas
mentiras e da propaganda enganosa na última eleição. Lula teve confirmada pelo
caro colega Pepe Mujica a confissão que antes ele jamais dissera. Como assinala
Noblat, “diante do estrago em sua imagem, Lula providenciou um desmentido. E
ele foi feito pelo próprio Mujica”.
Não convenceu pela maneira sinuosa e
pouco crível com que foi feito. Como sempre, Lula não desmente diretamente. Cuida
que outros o façam por ele. Mas a correção ex
post facto do companheiro Mujica mais parece o que é: lição encomendada.
Mas voltando, no entanto, à mulher do Lula, que ele impingiu ao Povo brasileiro para ter a
possibilidade de recandidatar-se em 2014. A exemplo da fábula, no entanto, o
muito esperto sempre encontra alguém que lhe passe rasteira. E foi o que
aconteceu. Respaldada pela força inercial do poleiro onde o seu criador a
colocara, ela teve meios de barrar-lhe o intento, e com a ajuda das mentiras (de que nos falou Marina) e as
artimanhas do marqueteiro, não é que ganhou?
Teve só três por cento de vantagem – o que retardou aos finalmente a divulgação ao Povão pelo
TSE – mas ela venceu e é isto só que interessa.
O espertalhão acaba castigado pela
própria astúcia. Mensalão e petrolão são, na verdade, segredos de polichinelo.
É difícil ocultar o que é demasiado óbvio. No entanto, não é que o
ex-presidente não se tenha esforçado. Como prever, porém, de um solitário
lamento, dito a um fiel companheiro uruguaio, que vá acabar na boca do povo:
“só assim se pode governar o Brasil”.
Da mesma forma, a “operação Fachin”.
Será quiçá a última indicação de Dilma para o Supremo. Ao contrário de Lula –
que submetera ao Senado ótimos nomes, por indicação do seu ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos,
recentemente falecido – as ‘sugestões’ de Dilma não se lhe comparam.
No último da lista, Luiz Fachin, a Presidenta caprichou na proposta. Se ele
preenche as condições mínimas, estabelecidas pela Carta magna, deixa muito a
desejar nas outras. E foi aí que ela tratou de colocar o perigo.
Fachin é radical, gravou vídeo
(eleitoreiro) em que enaltece Dilma. Também apóia desmandos do MST, defende
teses esdrúxulas como a abolição do direito constitucional à propriedade
privada e que a poligamia não deveria ser questão de Justiça. A par disso, pesa
contra ele parecer da Comissão de Constituição e Justiça do Senado sobre
ilegalidade por ele cometida quando, no cargo de procurador do Estado do
Paraná, seguiu exercendo a advocacia privada.
Para quem, pela própria impopularidade,
tornou-se verdadeiro fantasma no Palácio do Planalto, e que delegou ao antes
menosprezado Michel Temer, o seu Vice, o encargo das nomeações políticas,
enquanto escorraçada pelas vaias como o predecessor José Sarney, passou a
evitar qualquer contato com grandes públicos. Isto sem falar no poder cedido a
Joaquim Levy na Fazenda, e a Nelson Barbosa, no Planejamento, por causa dos
enormes e pesados erros cometidos no primeiro mandato, quando, por gastança e
irresponsabilidade fiscal, se deixou carregar por Guido Mantega e o Secretário
do Tesouro, Arno Augustin Filho.
Hoje não é momento para discorrer sobre
as ilusórias maiorias na Câmara e Senado, que produziram chefias a ela hostis
como Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Tampouco cabe falar da tão decantada base
de apoio, com 39 ministros, com o seu descabido peso para o Erário, e a nula
influência sobre os votos infiéis de Câmara Alta e Baixa.
Para quem hoje se recolhe aos apodos do
povo e dos políticos, seja pela omissão, seja por ações desastradas, desperta
surpresa que ela nos venha com essa peçonha de uma verdadeira flechada dos
partas em fuga.
Assim como Floriano Peixoto teve
denegada a sua proposta para o Supremo da época, é hora que se aplique o mesmo
remédio para Dilma Rousseff. Dela se espera que indique alguém não só com
grande saber jurídico, mas com espírito integrado nos mores do STF, e que ali não venha como um ponto fora da curva, nem
aí permaneça, com suas proposições esdrúxulas, como incômodo e inútil bloco do eu sozinho.
Não é hora tampouco de tentar baralhar
as cartas, como se a PEC da bengala fosse algo negativo, quando não o é. Para
quem foi até hoje discreta nas suas propostas para o STF, causa espécie que nos
venha com indicação que reflete tão pouco o sentir da sociedade.
É mais do que tempo que o Senado se
redima de aprovações impensadas. Hoje quem tem medo de Virginia Woolf e de Dilma
Rousseff? É hora afinal de que o Senado exerça na própria plenitude a sua
competência constitucional. Esse carimbo que aprova por temor quem quer que o
Executivo proponha deve ser posto na gaveta. O Senado não é assembleia qualquer
que se curva a todas as propostas do Executivo.
É hora de, pelo Brasil e apropriada
constituição de seu Supremo, mostrar firmeza e dignidade.
( Fontes: O Globo, R. Noblat )
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