Segundo assinala o New
York Times, dos 68 líderes
convidados, só 27 atenderam ao
convite de gospodin Vladimir V.
Putin. Referira ontem que Xi Jinping, o presidente da RPC,
tinha sido a presença mais relevante. Também compareceram à parada militar
Pranab Mukherjee, da Índia, e os presidentes de Egito, África do Sul, Cuba e
Venezuela.
Sem embargo, a Chanceler da Alemanha, Angela
Merkel, consoante disse, sentiu-se moralmente obrigada a vir, eis que a URSS
perdeu no conflito mais de 26 milhões de pessoas. Nesse sentido, a chefe do
governo da RFA declarou ser importante que se preste tributo à Nação russa e
aos soldados caídos.
Como seria de esperar, Putin tentou
instrumentalizar a visita da Merkel, junto com a de outros líderes mundiais,
para sublinhar que a crise com a Ucrânia não deixara a Rússia isolada.
No
que concerne à Grã-Bretanha, França e Estados Unidos (cujos líderes não
compareceram) ele agradeceu a contribuição para a vitória. Nesse contexto, há
interesse em notar que o país que deu o maior aporte para a URSS, com o lend-lease, nesse grande
desafio, foram os EUA, a que o
presidente russo cuidou de mencionar por último...
Vladimir Putin concedeu, outrossim,
audiência de duas horas à Chanceler Merkel. Não obstante, enfatizou que seis mil empresas alemãs operam na
Rússia, e que gostaria de ver “os obstáculos removidos do comércio”
(reportava-se aos sanções impostas pelo Ocidente a Moscou pelo ataque à
Ucrânia).
Nesse contexto, Frau |Merkel observou:
“Temos procurado mais e mais cooperação nos últimos anos. A criminosa e ilegal
anexação da Crimeia e a guerra na Ucrânia oriental acarretaram sérios
obstáculos para essa cooperação.”
Os dois líderes reiteraram o seu apoio
ao novo cessar-fogo de Minsk, não obstante a sua falha implementação.
Sem embargo da intervenção russa –
tanto aberta, quanto dissimulada – altas autoridades russas tentam espalhar a
ideia de que a questão ucraniana não passa de um litígio doméstico. Segundo esta peculiar visão do Kremlin, tanto a Rússia quanto a União
Europeia deveriam encaminhá-la para uma solução, enquanto elas próprias
deveriam concentrar-se em questões mais amplas e mais importantes.
Essa cínica interpretação da agressão
russa à Ucrânia, seja pela anexação da Crimeia (através de soldadinhos com
uniforme descaracterizado e um referendo ilegal, mal redigido e aprovado às
carreiras), seja pelo armamento dado aos ‘rebeldes’, seja pelas incursões
pontuais de ‘voluntários russos’ quando a sorte da refrega pendesse para a
Ucrânia, é obviamente uma estória que não corresponde à realidade.
Desperta atenção que os argumentos de
Putin & Cia. refletem com suas despudoradas mentiras antigas ações da
Alemanha nazista, e em menor grau (porque com menor poder) da Itália fascista
para descrever as suas intervenções em países vizinhos mais fracos,
Por outro lado, Putin ( e a sua
diplomacia ) contam com divergências entre os membros da União Europeia. Nesse
sentido, esperam que na cimeira europeia do próximo junho, os membros da UE se
vejam obrigados a interromper as presentes sanções financeiras, de defesa e de
energia contra a Federação Russa.
Aumentou a confiança de Putin porque o
cenário econômico não está tão ruim como há alguns meses atrás. Houve certo
aumento na cotação do barril de petróleo – a principal mercadoria de exportação da Rússia
. O rublo russo se estabilizou em 50 para o dólar estadunidense, o que é
bastante mais alto do que a cotação pré-crise de 34 rublos por dólar, mas
bastante mais baixa do que a volatilidade cambial anterior.
A contração do PIB é calculada pelo
Banco Mundial em 3,8% a.a., enquanto a inflação se acha em 17%.
Putin não é tão otimista que pense no
cancelamento das sanções. A sua esperança está na discordância dentro da U.E.,
o que conduziria ao enfraquecimento
das sanções.
Também aqui o remédio do Senhor do Kremlin se pauta pelo exemplo
dos ditadores do período de entre-guerras: atendidos os respectivos
interlocutores, a combinação de ameaças e de declarações pacifistas poderiam
lograr os seus objetivos.
Pelas declarações do homem comum
russo, se tem ideia do êxito da campanha de desinformação da mídia russa, sob a
orientação de Papai Putin. Estima-se o afluxo à parada em cerca de quinhentas
mil pessoas. Inquiridos, muitos estão perplexos pela ausência de Barack Obama e
dos demais líderes ocidentais.
Quanto ao apoio internacional recebido
pelo Presidente russo pela sua ação, não deveria ser sequer explicitado, eis
que o próprio nível e qualidade da manifestação já lhe desmerece qualquer
aporte. Com efeito, o mais vocal foi o do nonagenário Robert Mugabe, do Zimbabue – que não se pejou de declarar que ambos
(Rússia e Zimbabue) permanecem juntos porque os dois lutam contra as sanções...
( Fonte: The New York Times )
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