Não está ainda esclarecido papel do
maquinista no desastre ferroviário de Filadélfia, e, por conseguinte, a sua
eventual responsabilidade. Dadas as circunstâncias de que a composição ia em
velocidade excessiva, que ele possivelmente falava ao celular, e que ao entrar na
curva o sinistro ocorreu, o condutor do expresso
Washington-New York não terá pouco o que explicar às autoridades.
Foi descoberta a oitava vítima do
acidente. Achava-se no interior do vagão da frente – que muito sofreu por causa
do choque. Só foi possível detectar e localizar o cadáver através de um cão
farejador.
Ainda não foi determinada a velocidade
na hora do desastre, embora a presunção seja de que era excessiva. Há nesse
meio de transporte similar de ‘caixa
preta’, o que ajudará a preencher as linhas que faltam para descrever as causas
do sinistro.
Como se verifica acima, há muitas suspeitas
em torno do comportamento do maquinista, mas ainda não é possível formar-se um
quadro completo, com as baixas e as circunstâncias da ocorrência. Houve
sessenta feridos e oito vítimas fatais.
Juizo de Boston
O estúpido atentado da maratona de Boston teve
encerrado o seu juízo em primeira instância com a condenação à morte de Dzhokhar
Tsarnaev, o irmão mais jovem. O mais velho, Tamerlan Tsarnaev, tinha sido morto pela polícia na perseguição que
se seguiu nos dias após o atentado, em 2013, depois de determinada a suspeição
dos dois irmãos.
Sete itens na condenação foram os
que fizeram o júri votar pela pena capital. A maior parte diz respeito à
elaboração dos artefatos e o desígnio terrorista. Quando analisados nos seus
pormenores – as duas panelas de pressão e as inúmeras peças de metal
(parafusos, pregos e todo virtual projetil a incrementar a letalidade ou a
capacidade de aleijar ou ferir gravemente os espectadores e os participantes da
maratona) – não deixa de impressionar a ínsita e gratuita perversidade que a
dupla colocou na sua preparação dirigida aos pacíficos assistentes de tradicional
certâmen atlético. Nessa modalidade de terrorismo - aleijar assistentes dessa maratona – é difícil determinar se choca mais pela
estúpida crueldade do plano, ou a raivosa ‘retribuição’ pela hospitalidade
recebida.
Além das mortes provocadas, entre
os espectadores houve inúmeros lesionados. Entre esses desafortunados, há gente, inclusive, que perdeu
uma das pernas, além de outras lesões desabilitantes.
A tentativa dos advogados de
defesa de passar a maior parte da culpa
para o carrancudo Tamerlan, como o principal autor (intelectual e material) do
infame delito, não logrou êxito. Não impressionou aos jurados a aparente
simpatia do caçula, o seu caráter mais gregário, e sobretudo não se convenceram
com a eventual ascendência de Tamerlan sobre o irmão mais jovem, a ponto de
que todas as medidas (em geral cruéis) em arquitetar o atentado fossem da suposta
única responsabilidade de Tamerlan Tsarnaev.
Sendo
a competência do crime do foro federal, os advogados de Dzhokhar Tsarnaev tem ainda muitos
recursos disponíveis para questionar o veredito do júri. Mesmo se todas as
ações cabíveis forem feitas e denegadas, há a probabilidade de que in extremis Dzhokhar logre escapar da pena máxima. A
alternativa será a prisão perpétua.
Eliminado Líder do Exército Islâmico
Na terra de ninguém
em que foi transformada boa parte do interior da Síria, depois que o
Presidente Obama preferiu não armar, como lhe foi recomendado, pelo seu
quarteto de segurança do primeiro mandato (entre os quais estava Hillary
Clinton, como Secretária do Departamento de Estado), circunstância essa que já
foi amplamente discutida (e verberada) por este blog, agora as agências de notícia informam que comando dos EUA, em
operação especial, logrou matar um dos líderes do chamado Estado Islâmico
(ISIS), de nome Abu Sayyaf.
O Estado Islâmico, cujo recrutamento de
jovens em países europeus tem suscitado muita preocupação, soube aproveitar-se
da destruição e do relativo vazio de poder em extensa área que abrange boa
parcela de antiga terras do interior sírio, assim como da relativa fraqueza da
parte ocidental do Iraque e de parte da área ocupada pelos curdos.
O ISIS cuja capacidade de atrair a
parcela de jovens e menos jovens que formam o chamado proletariado interno em países europeus ocidentais (como o Reino
Unido, a França e a Alemanha) não é mais subestimada, constitui a face
agressiva atual do islamismo sunita,
estando na linha descendente da antiga al Qaida.
Depois do desaparecimento de Osama
bin-Laden, formou-se de versões radicais islamitas (opostas aos xiitas do Irã e
adjacências) a al-Nusra e outras formações sunitas radicais no grande espaço
guerreiro que é hoje o interior da Síria. Tal se deve não só ao
malogro da Aliança a que foi outorgado o apoio da Liga Árabe, mas também à
suposta necessidade de aglutinar as formações sunitas empenhadas na
interminável guerra civil síria.
Ao perder-se, pela negativa de Barack
Obama, a oportunidade de armar a Aliança de uma Síria Livre, com o apoio da Liga Árabe (notadamente dos
Estados do Golfo sunitas), Bashar al-Assad pôde recompor parcelas de seu
ameaçado Estado (com o apoio dos ‘amigos’ V. Putin, do Supremo Líder Ali Khamenei (Irã) e de seu cliente, a milícia
Hezbollah, no Líbano).
Na campanha síria, no entanto, em
vasto território não dominado por Damasco, se aglutinou e se reforça um novo
poder – o chamado Califado islâmico – que se tem aproveitado bastante do espaço
aberto e enfraquecido do interior sírio, assim como do ocidente do Iraque.
O E.I. tem a força que lhe é
consentida pela debilidade do exército iraquiano, dos poucos armamentos de que
dispõe a milícia peshmerga no embrião de Curdistão no extremo ocidente do
Iraque, assim como pelas terras devolutas no interior da Síria.
Como o Ocidente apenas se vale de
incursões aéreas contra núcleos do ISIS, é deveras relativa a sua capacidade de conter e debelar os
centros conquistados pelo dito Califado.
As agências de notícia têm
ultimamente ressaltado o bestial vandalismo do ISIS, que parece agora
especializar-se na destruição do patrimônio das antigas civilizações
localizadas na área da bacia do Tigris e do Eufrates. Isso se deve ao vácuo de
poder dos países circunstantes – notadamente
o Iraque - que parece não ter
condições de impedir ações vandálicas do E.I. que assim adquire os seus
momentos na mídia à custa de patrimônio inestimável.
A ânsia promotiva e a audácia do ISIS se reflete, de resto, na realizado há pouco – noticiada
pelo blog – ação terrorista no sul dos Estados Unidos.
A permanência (por ora, itinerante)
do Estado Islâmico decorre de certa negligência do Ocidente. É de perguntar-se por quanto tempo as
principais potências assistirão às custosas e deploráveis ações de propaganda
às avessas de um auto-denominado Estado Islâmico, destruindo o que falta de sítios marcados pela Unesco como
patrimônio da Humanidade. A boçalidade desse movimento assumiu agora outra
forma, que o distingue do antigo vandalismo
do crepúsculo do Império Romano. O atual supera o anterior, pois busca não a
destruição pura e simples, mas aquela localizada, que se destina a apagar ruínas
e monumentos que a UNESCO – que não tem condições de preservá-las
materialmente – pode apenas sinalizar a importância histórica e artística.
( Fontes: Folha de S. Paulo, O Globo )
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