O Bom convive mal com o Ruim,
porque as sendas e os caminhos que a este levam aparentam serem menos
dificultosos do que as trilhas que levam àquele.
As soluções
de mais fácil acesso e mais larga aceitação costumam acenar com curas menos
amargas, seja no sabor, seja no preço.
Já aquelas
que buscam dar ao paciente uma visão de conjunto, a promessa de saúde sói vir
acompanhada por maior empenho, mais custos e um sacrifício que carece de ser
proporcional ao desafio.
Para que o
paciente possa ambicionar recuperar a saúde, haverá poucos atalhos se quiser
voltar à montanha que, em momento de fraqueza, enjeitara pela planície.
Boiar à
deriva não é solução, para chegar a porto seguro. Entregar-se aos desígnios de
outrem, pela suave lei do menor esforço, será ilusório e falso prêmio.
Não será atoa
que alguém se entrega a forças sobre as quais não tem controle. A quiçá
enleante sensação de agradável, descansado resvalar costuma ser fugaz enlevo,
que, de repente, some, enquanto a corrente se vai apressando, até transformar-se em corredeira, e sabe-se lá o
que mais. E não é que tudo, de chofre, e um pouquinho além da última preguiçosa
volta do caminho, muda e é pra valer ?
Soem
reclamar. Como é que pode a coisa ficar assim, tão diferente, tão oposta e
ameaçadora, se até aquele bendito momento, tudo corria, ou antes, mal se mexia,
em prazerosa malemolência?
Tais medicações,
é verdade, não tem bula, nem prazo de validade. Pensa o povão, desconfia a grei
dos aproveitadores, mas o negócio está no doce transe que os tolos pensam ser
permanente, enquanto os espertalhões contam com a própria estrela, na esperança
de safar-se, quando for a hora da onça beber água, ou qualquer outra metáfora
do gênero, que esboce desgraça certa e salvação incerta.
Foram bater
à porta de Joaquim Levy. Sendo banqueiro e especialista em contas públicas, não
era candidato a nada. Dona Dilma mandou chamá-lo. Depois das mentiras (não as que
tiraram Marina do Segundo Turno, para alívio do feiticeiro petista) da
Presidenta para garantir a eleição (depois se pensa no que fazer), era
necessário dar um jeito na economia. Pra isso, a turma do primeiro mandato não
servia. O que ela terá prometido? Carta Branca?
Sim! Os ignaros e as doidivanas soem
esquecer que aquele de quem não se diz o nome está nos detalhes, nas curvas da
trilha na floresta.
Não sei se vale a pena dizer que a culpa está na sua (dela) garrafal
inexperiência, de que sáem saltitantes, leviandade e imprudência. Doravante, tudo
será diferente. Elegemos a maioria debaixo duma bandeira vermelha, e agora
temos de convencê-la a votar pela bandeira branca. Montamos um ministério, que
Carlos Lacerda chamaria de choldra, e que os colunistas políticos disseram ser
o mais medíocre dos últimos tempos.
Tudo foi feito para garantir a suposta governabilidade, que não resiste,
porém, às armadilhas do dia-a-dia e o sólido despreparo e o firme baixo nível
das designações.
Joaquim Levy é
um especialista, mas para funcionar carece que o seu trabalho de enxugar as
contas e dar condições para que a economia supere as trampas e as bondades da
demagogia tenha defensores alertas e eficazes, para que o seu esforço não morra
na praia das alegres votações de partidos fora de controle.
É mais fácil
dizer que o responsável de tudo - e põe
tudo nisso – é Lula da Silva. Foi ele que empulhou ao Povo do Brasil quem os
nordestinos chamaram de A Mulher do Lula.
Apesar da
campanha inepta, o seu principal rival em 2010 venceria em qualquer país – e somente
pelo próprio currículo – que dispusesse de um nível intelectual não rebaixado
pelos interesses imediatistas da Bolsa Família e que tais.
O problema é
que agora – e ela foi reeleita! - como nos vamos salvar de uma kirchenerização da economia, se a base
de apoio de Dilma Rousseff está noutra, e pensa que demagogia e bondades mil
podem continuar como programa político e base para governar.
Mas que Dilma
Rousseff se acautele , se pensa trair o pacto feito com Joaquim Levy.
Ela é a Presidente, mas não deve esquecer que receita similar ao do programa do
primeiro mandato só tenderá a escurecer o quadro, agravar a crise e
precipitar-lhe a queda.
Dona Dilma, a
senhora saberá decerto que não estou entre seus mais ferrenhos partidários. Como
brasileiro, gostaria de evitar que a situação de nosso país piore ainda mais. A
senhora deveria armar-se do espírito e da coragem que a fez superar a tortura,
e tentar intuir que – quer queira, quer não – a salvação está em um elemento
fora do Partido dos Trabalhadores, que conhece o seu mister e como as coisas
funcionam nas grandes economias.
A Senhora
arme-se da desfaçatez com que enfrentou os debates do segundo turno, e faça ver
aos PLs e a esta maioria de trampa,
que na verdade eles não têm outra solução senão aplicar a receita de Joaquim
Levy. Ou será que a senhora quer que a Previdência quebre, como aconteceu em
países da União Europeia (até em Portugal!), e o seu governo vá balouçante rumo
àquela cachoeira que espera a todos os demagogos incompetentes?
( Fontes: O Globo, R.Noblat, Miriam Leitão )
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