A guerra do Ir aque tem sido apontada como a principal causa do chamado declínio dos Estados Unidos. Diante do desafio do ataque terrorista planejado pelo grupo de Osama bin Laden ao Grande Satã, e a consequente destruição das simbólicas Torres Gêmeas do World Trade Center em onze de setembro de 2011, o inexperiente presidente George Walker Bush foi tomado de assalto pelo grupo dos chamados neoconservadores.
Depois do ataque ao Afeganistão e a
primeira operação de busca e apreensão do cabeça da al-Qaida, que falharia por erros em série, o mais graves deles a
terceirização da tarefa a um dos chefes de guerra afegão, esse suposto desafio
representado pela exitosa operação que resultou na derrubada de símbolo do
poderio estadunidense foi visto pelo despreparado Bush jr. como uma porta para a glória, e para o grupelho que se
valeu da sua curta visão para o alegado fácil êxito, além de oportunidade
estratégica, para a superpotência.
Nesse sentido, Saddam Hussein, o ditador do Iraque, seria inculpado de ligação com
o terrorismo de bin Laden. Por um torto e sinuoso caminho, se construíu a causa
determinante do conflito, fundada em miríficas armas de destruição em massa (WMD), que inscreveriam em mármore ático, quer as
encontrasse, quer não, comissão delegada das Nações Unidas.
A campanha não descurou de alusões
enganosas na Mensagem à União,
transmitida ritualmente por Bush ao Congresso reunido, com alusões a transações
em urânio e as suspicácias sobre as tais armas, as quais, apesar de jamais
encontradas, não impediram que Saddam fosse escolhido como bode expiatório.
Donald Rumsfeld, por segunda vez
Secretário da Defesa, com táticas de moto-niveladora, preparou a guerra contra
o Bicho-Papão (e antigo aliado) Saddam Hussein. Nesse departamento, tinha como
Subsecretário a Paul Wolfowitz, que
era um dos ideólogos do neoconservadorismo.
A riqueza do petróleo nos campos
iraquianos luzia como o prêmio do fácil triunfo. Essas expedições, em que a
soberba, a ganância e a excessiva confiança se dão alacremente as mãos, pairam
diante dos predestinados conquistadores como frutos maduros de o que seria breve
operação militar.
Numa lógica de fábula – se
não foi seu pai, foi seu avô – Hans
Blix, o chefe encarregado pelas Nações Unidas da busca das famigeradas WMD,
apesar da ingente faina jamais encontraria arsenais das tais armas – a
Administração Bush fez ouvidos de mercador e deslanchou a operação guerreira.
Para o Vice-Presidente Richard (Dick)
Bruce Cheney e o próprio Rumsfeld luziam no horizonte a riqueza petrolífera iraquiana; para George
Bush e Wolfowitz, a virtual certeza de rápido conflito, que, além de
desmascarar os enganos do ditador Saddam, estabeleceria, como cabeça de ponte
no Oriente Médio, a democracia !
Em tal sentido, o experiente Rumsfeld
prepara a operação sob o signo da brevidade. Dada a fraqueza das legiões de
Saddam Hussein, a expedição americana – a que se agregou o aliado de fé Tony Blair – se moldaria pelos
parâmetros da força estritamente necessária, o que vedava o emprego de pesados
blindados, e de proteções similares, eis que nada deveria estorvar o invencível
avanço das legiões americanas. Outrossim, como a intervenção seria pontual e
rápida, não se dedicou maior tempo às tropas de ocupação, nem providências
correlatas, conexas a eventual extensão da permanência das divisões, que
pautadas pela rapidez, não deveriam deter-se em outras providências
pós-bélicas.
E o figurino assim se desenvolveu,
corroborando na aparência as amplas e minudentes instruções do veterano
Secretário de Defesa (o fora igualmente do Presidente Ford, que sucedera ao
renunciante Richard Nixon).
Como um castelo de cartas, esboroou-se
o poder de Saddam Hussein. Por isso, caça da Força Aérea Americana, por
primeira vez transportando um presidente em exercício, aterrissou no tarmac do porta-aviões Abraham Lincoln.
A primeiro de maio de 2003, com fanfarras guerreiras, George W. Bush, 43º
Presidente dos Estados Unidos, desembarca do cock-pit do caça, e sob cartaz de “Missão Cumprida”
e envergando farda de oficial
aeronáutico, no convés do porta-aviões, anuncia em discurso triunfalista o fim
das principais operações militares, haja visto o anunciado ‘completo êxito’ da
campanha das divisões americanas e aliadas empenhadas na guerra. Assim se
justificava plenamente para um sorridente Comandante Bush o célebre “Mission Accomplished”.
(a continuar)
(Fontes:
The New York Times, The Looming Tower, de Lawrence Wright)
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