segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Mudança para pior


                              

        Não é só o bilhete azul dado ao Ministro José Eduardo Cardozo que sinaliza a mudança  para pior  no Ministério da Justiça.

         É, sobretudo, o motivo de sua exoneração que é grave, pois sinaliza a intenção de mudar a política introduzida pelo falecido Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que convencera o Presidente Lula a conceder autonomia à Política Federal.

        Que a essa altura do campeonato a Administração de Dilma Rousseff pense possível introduzir tal retrocesso na orientação do Ministério da Justiça, mostra a sua falta de sensibilidade política.

        Qual morto vivo, o PT se move no governo de Dilma como se a sua bancada lhe refletisse o peso político. Depois das mentiras que azeitaram a sua reeleição, a Presidenta já paga um pesado preço pelo seu presente  valor - cerca de 12% de apoio da população - que muito diferem dos totais superiores a 50% que a empurraram para o segundo mandato.

        Alguém terá dúvidas sobre o redimensionamento do Partido dos Trabalhadores? O que foi feito com a Petrobrás, transformada pela pilhagem que sofreu, não mais o próprio sonho do Presidente Getúlio Vargas e dos brasileiros que se orgulharam de sua potência e do significado da promessa de maior empresa nacional para o desenvolvimento do Brasil. Ao sangrar a  Petróleo Brasileiro da forma com o que o fez,  o comando petista, no mais alto nível, mostrou até que ponto abismal iam a sua indiferença,  total falta de respeito e de sentido patriótico por talvez o maior  símbolo do trabalho e da grandeza do Brasil. Quando os comissários do PT foram distribuídos como virtuais donatários da distribuição de seus imensos recursos, que não haviam  trepidado em assaltar e dividir em lotes, eles mostraram com descarado cinismo qual era a sua visão da Petrobrás: eles a transformaram em carniça em que a avidez demonstrada não encontrou parâmetros nos tantos episódios da imperante corrupção na Terra da Santa Cruz.

          Que não se enganem os que engendraram a manobra de retirar o Ministro José Eduardo Cardozo do principal ministério político do governo. Com isso, eles apequenaram ainda mais a atribulada segunda Administração Dilma Rousseff. Diz o velho dito que fantasma sabe para quem aparece.

          Mal saído o Ministro Cardozo de a que foi a mais prestigiosa pasta do governo,  que não se façam ilusões com a facilidade que a caracterizou. A autonomia da Polícia Federal não lhes pertence. O resgate moral e ético do Brasil se vê refletido no trabalho consciencioso da Operação Lava-Jato.

         O Povo brasileiro, esse velho Povo Soberano, que está presente na Constituição Cidadã de Ulysses Guimarães, vê com satisfação o avanço da magna Operação, e todos os vultos de história de que por fim nos é lícito orgulhar-nos, nas pessoas do Juiz Sergio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba e dos Procuradores do Ministério Público no seu trabalho pela Justiça.

        Mas a Operação Lava-Jato, além do Ministério Público dignamente representado pelo Procurador-Geral, Rodrigo Janot carece igualmente da Polícia Federal, cujo trabalho realiza com exação na investigação e na respectiva implementação de todas as suas ações, vem fornecendo as necessárias condições para que sejam detidos, interrogados e por fim julgados todos aqueles que participaram da torpe operação de saqueio da Petróleo Brasileiro S.A. E como os últimos tempos têm mostrado a vigilância da Polícia Federal e de todos os elementos da Lava-Jato, quanto à sua capacidade de adentrar os torpes corredores da corrupção, em qualquer forma venha a apresentar-se.

          Vamos respeitar a brilhante passagem do Ministro Márcio Thomaz Bastos pelo Ministério da Justiça. A Nação acompanha atenta o trabalho de todos por um Brasil de que tenhamos orgulho, e muito especialmente, de toda a dedicação e firmeza de quem tem dado prova todos aqueles que integram a Lava-Jato, desde o Ministro Teori Zavascki, no Supremo, o Juiz Sérgio Moro na 3a. Vara Penal de Curitiba, assim como o Chefe do Ministério Público, Mozar Janot, todos os Procuradores nela empenhados, e não por último, assinalados pela seriedade, competência e determinação, o Chefe e integrantes da Polícia Federal, que constiituem  os garantes de que os criminosos e suspeitos de ações abrangidas pela sua missão sejam detidos, para que, com os bênçãos e o orgulho do Povo Soberano, deixemos de ser o país do jeitinho e da impunidade. A obra começada pelo Presidente Joaquim Barbosa, culminada com a Ação Penal 470, por ele sabiamente conduzida e com o apoio da maioria do Supremo Tribunal Federal, continua agora com a Lava-Jato e outras operações congêneres que levantam mais alto o brio de nossa gente.

            Não se trata de Política com p minúsculo e que não se arvorem aqueles em pensar que, com afastamentos que se querem pontuais, hão de lograr os seus inconfessos objetivos.

             Não se lancem em desabalada corrida, porque a sina dos lêmures é demasiado conhecida. 

( Fonte: site de O Globo )

Volta ao Passado?


                                                    

 
        Pelo visto, os gerarcas do PT não devem estar gostando da política do Ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, que é decorrência da recomendação do finado Ministro Márcio Thomaz Bastos, que convencera Lula a dar autonomia à Polícia Federal.

        O que a turma petista parece que não entende é que essa mudança na atuação da Polícia Federal corresponde a uma progressão democrática. A Polícia Federal não é um instrumento do poder do governo em função, mas da sociedade como um todo.

         Foi isso que na época o então Presidente Lula pareceu entender, e que agora, os caciques do PT pretendem dar marcha à ré, confundindo o interesse da democracia, com a autonomia de ação da Polícia Federal - o que está funcionando a inteiro contento e dentro dos padrões do respeito aos direitos - com o anterior sistema, em que a PF era um instrumento dos governos de turno, o que é inaceitável em uma democracia.

       É o que se recusa a ver a cúpula petista, saudosa dos tempos em que a P.F. atuava em consonância com o governo de plantão.

       Se a saída de José Eduardo Cardozo, que seria escanteado para um lugar secundário na hierarquia administrativa, representa a 'solução' do petismo para os seus problemas  é inaceitável para a sociedade civil e a  opinião pública.

       Com todos os senões de Cardozo, ele não tem procurado estorvar o trabalho da Polícia Federal. Mexer na autonomia da P.F., além de representar uma brutal regressão no combate ao crime e na proteção da democracia, representaria tosca tentativa de entorpecer a Lava Jato, o que é inaceitável pela sociedade civil e a democracia brasileira.

      Todos os dignitários do governo e da ordenação política devem estar sujeitos à Lei.  Passou o tempo da censura e do controle da oposição democrática, assim como dos intentos de amordaçar a oposição e de tentar viabilizar políticos e autoridades que seriam mais iguais do que os demais.

      A Polícia Federal deve fazer o seu trabalho. Ninguém está acima da lei, e esta é a filosofia da Lava-Jato. É inaceitável trocar o Ministro Cardozo por apparatchick político, que esteja na Justiça não para assegurar que a P.F. continue nas devidas funções no respeito da lei, mas para proteger aqueles que porventura julgue mais iguais do que os outros.

( Fonte: Site de O Globo )      

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Como Obama, Hillary vence na Carolina do Sul


                       
        Afiada pelos erros do passado, Hillary Clinton venceu de forma determinante a primária na Carolina do Sul.  Confirmam-se assim as previsões de que ela ganharia com facilidade nesse estado, em que há forte presença de afro-americanos.

        Com elogios ao Presidente Barack Obama, que a derrotara facilmente neste estado em 2008, a quem também ofereceu o ex-Presidente Bill Clinton, que em 2008 irritara os eleitores na Carolina do Sul com ataques ao candidato Barack Obama, Hillary mostrou uma vez mais que aprendeu as amargas lições da passada derrota.

       A Senhora Clinton também ganhou - posto que em menor proporção - no voto dos brancos, que ainda têm reservas acerca dela, notadamente no que concerne à sua utilização do servidor particular para o seu e-mail quando Secretária de Estado, assim como no que concerne ao assassínio do embaixador americano em Benghazi.

       Como já foi dito antes, Hillary estudou a passada campanha e se cercou de expertos profissionais que participaram da vitória de Barack Obama em 2008.

        Sem chorar sobre o leite derramado, Hillary procurou evitar os erros de sua anterior tentativa, tendo ao lado especialistas que cuidam de maximizar o seu voto, centralizando as atenções nos respectivos distritos eleitorais para o Congresso.

         A vitória de Hillary desta feita foi acachapante, com 74%  dos sufrágios  (Bernie Sanders colheu 26%).

         A razão principal desta grande diferença se deve à preferência da população negra por Hillary, voltando a ela, depois de haver sufragado em 2008 ao afro-americano Barack Obama.  Agora, a proporção dos votos da população negra na Carolina do Sul foi de 6 por um. a vitória no que tange à população branca foi apertada, pelas desconfianças que ainda nutre pela candidata democrata, mas de qualquer forma, mesmo aqui ela ganhou.

         Hillary parte assim para a super-terça-feira, 1° de março, eis que as pesquisas - e notadamente na numerosa comunidade afro-americana existente nesses estados - apresenta boas perspectivas para a candidata democrata. Não é por acaso que tais primárias democratas são chamadas de super-terça, eis que nela estão congregados onze estados, o que faz desta data uma das mais importantes para a vitória na totalidade das primárias. Quem vence de forma marcada na super-terça, já disporá de vantagem respeitável para a Convenção democrata que justamente se reunirá em Charlotte, nesta Carolina do Sul, em que Hillary acaba de lograr grande vitória no seu caminho para a nomination.

        Por outro lado, assim como ocorreu com Obama, Hillary continua a aumentar a sua vantagem sobre o contendor direto. Ainda é cedo, no entanto, para cantar vitória.

 

( Fonte: The New York Times )  

Colcha de Retalhos D 8


                             

A subida do nível do mar

 

         No passado, quando se falava de alça do nível do mar, vinham a baila, entre outras questões locais, Veneza e o problema da Laguna, a técnica dos holandeses em manter à distância, através de complexos recursos, as águas do Atlântico.

         Hoje, não mais. O problema não está nos caprichos de eventuais tempestades no Mar do Norte, e na questão específica de salvar Veneza do tráfico desestabilizante dos enormes navios de cruzeiro.

         A questão não é mais local, nem se deve a fatores específicos, próprios da conformação de determinados países ou cidades. O problema agora é geral.

         O aquecimento dos mares - que é consequência do efeito estufa produzido pelo gás carbônico - e que, por conseguinte, é um fenômeno geral, de responsabilidade direta do bicho homem. Estamos contribuindo para a elevação na temperatura nos mares e na terra. Tal se deve precipuamente ao gás carbônico da queima do carvão energético na China, nos Estados Unidos, nas termelétricas com que Dilma nos teria presenteado, nas descargas dos voos internacionais, na irresponsabilidade de determinados países (China, Brasil, entre outros) e na universal tendência de que o esforço responsável esteja a cargo dos outros e não de nós.

          Mãe-Terra nos proporcionou, por um feliz conjunto de circunstâncias, que seja um espaço habitável, e com razoáveis condições de vida nesse planeta, que é apenas uma poeira desimportante na imensidão das galáxias.

           Hoje em dia fizemos alguns progressos na luta pela manutenção dos eco-sistemas e por buscar assegurar uma boa qualidade existencial.

           A burrice, a ganância, a má-fé e a santa ignorância são fatores presentes em todos os países. Já desmatamos uma boa parte de nosso país, e estamos transformando e não para o bem, vários cenários naturais.

            Países mais adiantados do que nós têm lutado por tentar manter os respectivos eco-sistemas. Dado o nível educacional, o controle do consumo do combustível fóssil pode ser maior e mais eficaz nesses países, e por conseguinte nos espaços por ele ocupados.Muitos dos nossos problemas têm a ver com a educação das populações respectivas, e muitos dos fenômenos devastadores da derrocada climática poderiam ser controlados de modo mais eficiente se houvesse interação global.

               Os mares, em consequência da elevação da temperatura da terra - como está comprovado pelos estudos científicos - apresenta um nivel que cresce a cada ano. Reportagem do New York Times anuncia que essa alta é a maior em 28 séculos. Para que se tenha ideia do tempo consumido, Roma que caminharia para fundar um império e uma civilização, era apenas um lugarejo...  

                O que as pessoas esquecem é a circunstância de que enchente de alguns poucos centímetros pode tornar insustentável a existência em determinadas localidades. Há detalhes - e o perigo está muita vez neles - como a cheia regular de um braço de mar vizinho que invade as cidades litorâneas e as torna, com o tempo, inabitáveis, pelo estrago nos terrenos e campos de cultivo, pela sua salinização com os seus efeitos.

                 Recordo-me haver visto - e faz tempo! - um filme que se passava na antiga Manhattan, que não era mais aquela ilha cosmopolita, mas sim um conjunto de elevações cercadas pela água do rio Hudson e do mar do Norte, enquanto grupos de malfeitores, com os respectivos botes e lanchas, dominavam o que restava da antiga metrópole...

                 Com o efeito estufa, a utilização intensiva dos combustíveis fósseis, o laissez-faire (deixem fazer) das populações atuais e o seu nível de cooperação (nisso incluídos os políticos demagogos que acabaram com as matas ciliares nos rios em vários estados desses Brasis, como em Santa Catarina, norte fluminense, e por aí afora, numa bela demonstração dos poderes nefastos da ignorância, sobretudo se metida em altos poleiros) o futuro do meio-ambiente no Brasil (e também no mundo) não está nada brilhante, pois, com pouquíssimas exceções, o egoismo burro impera.

 

Baixaria  Republicana

 

             O Globo, em chamada de primeira página, noticia que a Polícia Federal abriu inquérito para investigar o envio de dinheiro pelo ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso à Mirian Dutra no exterior, uma repórter da Globo com que FHC teve relacionamento amoroso.

             Lembrado da expressão de que as ex são eternas, pode-se fazer um esforço para tentar entender tal providência - que havia sido preanunciada há dias atrás pelo Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, para assistência compreensivelmente surpresa, dada a gritante jogada de que se Lula da Silva, o ex-presidente e figura tutelar da Administração Dilma Rousseff está envolvido em questões judiciais como é de conhecimento público,  então como resistir em fabricar  a eventual coincidência jurídica, revivendo, por jogada política, antiga questão relacionada com o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, pessoa que respeito, e que desde  os tempos do regime militar não tinha esse gênero de problema ?

             A jogada é tão óbvia que faz pena.

 

( Fontes:  The New York Times, Folha de S. Paulo, O Globo )

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Barrar Trump a qualquer preço!


                           
     À medida que se aproximam as primárias de princípios de março, os principais líderes do GOP intensificam os seus contatos e reuniões, na tentativa de deter o front-runner[1] Donald Trump a qualquer preço.

       A dezenove de fevereiro, em reunião de governadores republicanos em Washington, o conhecido consultor conservador Karl Rove os advertiu que, se a dinâmica de Trump não fosse quebrada, e ele  colhesse a nomination na Convenção, ela seria catastrófica para o partido nas eleições gerais de novembro.

       Sem embargo, ainda segundo Rove, não era tarde demais, para que os governadores lograssem barrar o avanço de Trump.

       No dia seguinte, LePage do Maine, em outra reunião de governadores, fez  apelo pela união contra Donald Trump.  Frustrado, disse que a nomination de Trump iria ferir profundamente o GOP. Nesse sentido, LePage fez outro apelo aos demais governadores  para que, em carta aberta ao Povo americano, descredenciassem Mr Trump e as suas políticas divisórias.

         Não obstante a retórica e a veemência dos apelos, eles não foram ouvidos. E o que aconteceu com o candidato Trump?  Não é que ficou mais forte ainda? Venceu em dois estados e, ainda por cima,  ganhou o apoio de Chris Christie, governador de New Jersey.

          Posto que Christie tenha tido no passado muito mais cacife - contribuíu para enfraquecê-lo um escândalo acerca das rodovias em New Jersey, em que chegou a fechar uma delas por motivos políticos - ele ainda é um expoente no Partido Republicano, e o seu apoio não irá enfraquecer o candidato Donald Trump...

          Outrossim, conforme refere o New York Times, uma onda de nervosismo ataca os big-shots (chefões) do GOP. Tudo se deve ao temor que a candidatura Trump, uma vez arrebatada a nomination, seria presa fácil para o candidato democrata. Esse temor tem gerado verdadeira histeira entre os caciques republicanos, porque eles estão apavorados com a perspectiva de landslide (avalanche) democrata.

          De acordo com esse cenário, o Partido Democrata elegeria não só Presidente, mas também  Senado e várias Governanças estaduais. Quanto à Câmara que, como se sabe, graças ao amplo [2]gerrymander que se sucedeu à tunda (shellacking) aplicada no inexperiente Obama em 2010 (eleição intermediária) parece ser um bastião quase impregnável pelos democratas. Nesse sentido, os republicanos apenas ousam prognosticar que a maioria deles na Câmara de Representantes será bem menor...

             En passant, esta referência à situação pelo menos bizarra  na Câmara de Representantes, parece muito boa para o GOP, eis que lhe garante, de forma aparentemente contrária às determinações legais, o domínio da Câmara Baixa. E é através desse domínio que se estabeleceu o bloqueio legislativo na Presidência Obama. Só no primeiro biênio foi possível ao Presidente aprovar leis importantes, como a Reforma da Saude e a reforma de Wall-Street, além do instrumento legal dispondo sobre os recursos necessários para vencer os efeitos da Grande Recessão,  provocada pela falência do Banco Lehman Brothers em 2008.

               Diante dessa situação de derrocada eleitoral - em que existe muito de histeria, eis que não está ainda provado que Donald Trump não poderia vencer o candidato democrata, seja ele Bernie Sanders ou Hillary Clinton - a hierarquia republicana já pensa em outros recursos, como forçar o impasse (deadlock) na Convenção, e assim prevalecer a última hora por meio de candidato com as bênçãos do estamento republicano.

               O terror na alta hierarquia republicana é bem expresso pelo Senador Mitch McConnell.  Será que a sua liderança da maioria no Senado desapareceria com o fenômeno Trump e a consequente vitória dos democratas tambem no Senado (cuja maioria os colegas de Harry Reid, que era o lider democrata da maioria até o começo do ano passado, poderiam então recuperar e desbancar o pobre Mitch ?!)

               E é por isso que os chineses chamam de interessantes os tempos de revoltas e sublevações (ou no caso, a temida derrocada do GOP...)

               Apesar de todos os esforços da alta hierarquia republicana, Donald Trump prossegue no seu avanço. E se, para surpresa de muitos, ele conquistar a nomination e sobretudo a vitória em novembro, eles estarão prontos a dar-lhe todo o apoio...

 

( Fonte: The New York Times )   



[1] O dianteiro na corrida.
[2] Gerrymander é prática eleitoral ilegal, que pelo redesenhamento dos distritos eleitorais garante artificialmente a representação majoritária dos eleitores de um partido, em detrimento do outro partido.

Petrobrás: traição do Lulopetismo


                             

        Poder-se-ía chamar de farsa, mas o termo não vai bem no contexto. O nome vem de peças populares, a princípio no Medievo, em que a veia cômica reveste vezo popularesco, com ação trivial ou burlesca, em que predominam gracejos, situações ridículas, etc. A definição se inspira no Houaiss, e se bem haja um pouco de tudo no termo, é forçoso convir que aquilo que fez o lulopetismo com a Petrobrás vai muito além de o que está nessa definição. . ,,    ou

         Além do engano e a filosofia do 171, há muito mais de o que os governos petistas, a partir de 2003, fizeram com a Petróleo Brasileiro S.A. A par do cinismo grosseiro, há incrível falta de vergonha.

         Tal chega a ser indizível pelo desrespeito com a nacionalidade, o significado da Petrobrás - um dos maiores legados de um Governo realmente popular e honesto como foi o do Presidente Getúlio Vargas em seu último e trágico mandato - devendo merecer respeito e seriedade, e não ser transformada em  mina de vantagens inconfessáveis.

          A ironia do procedimento, em que o cinismo se une com ilimitada ganância, tudo desconhecendo em termos de respeito ao Brasil e ao significado profundo dessa grande empresa.

          E a descarada operação de desmonte da Petrobrás chegou a orná-la com o seu melhor quadro, que dera provas de dedicação e amplo conhecimento do mister, mas que, com um requinte cruel, retirou-lhe a capacidade de empolgar a empresa. Ao invés, foram colocados pelos novos donos do poder muitos agentes, na verdade uma série deles, que só trataram de retirar dinheiro das transações dessa empresa de modo a que a própria ambição e as comissões dos diversos donatários políticos fizessem impossível outra situação para a depenada Companhia que a da falta de meios com as finanças em estado vizinho do falimentar.

         Como afirma, com amarga propriedade, a coluna de ontem de Miriam Leitão, a propósito da descabelada assertiva do Ministro Miguel Rossetto -  "as mesmas forças contrárias à criação da Petrobrás hoje buscam quebrar as regras do marco regulatório do país". Nesse contexto, a comentarista econômica de O Globo pergunta se o Ministro acha mesmo que o partido ao qual pertence é herdeiro da luta que uniu o povo brasileiro nos anos cinquenta, na campanha do petróleo é nosso.

         Em certos casos, como o presente, cair em polêmica e gastar argumentos para afastar absurdos - que podem ser atribuídos ou à desonestidade mental, ou à cegueira ideológica - constitui perda de tempo. Diante da brutalidade dos fatos - e a situação aqui não é outra - se deve evitar  arguir com alguém que, por um motivo ou outro, voluntariamente se pôs fora da razão.

         Para sublinhar a situação da nossa maior empresa, citemos parágrafo da coluna de M. Leitão:  "A situação da Petrobrás  é dramática, como todos sabem. A gestão petista, a apropriação do coletivo pelo partido que nos governa, as decisões politico-eleitorais quebraram a empresa.  Hoje ela tem uma dívida  bruta de US$ 127 bilhões (meu o grifo) que em reais, chegou a R$ 505 bilhões no último balanço divulgado, do terceiro trimestre do ano passado. É a petrolífera mais endividada do mundo. Seu valor de mercado caíu 90%, e sua classificação de risco  está a seis degraus abaixo do nível de investimento." Assinale-se que a Moody's, que cortara em dois níveis a nota do governo brasileiro, cortou em três níveis a Petrobrás. E se ela sofrer mais um corte, cairá no grupo de empresas "com alto risco de inadimplência". E a colunista assinala que a perspectiva é negativa...

          O que caberia perguntar aqui é se o mal chamado bom-mocismo será uma vez mais distribuído pelo estamento político em doses cavalares, como se tudo não haja passado de mero erro de avaliação política...

          Lancei em novembro último, no blog, a série  Brasil: Corrupção & Burocracia. Pelo visto,  terei de escrever muitos mais além dos onze já consignados.

 

(Fonte:  O  Globo, Coluna de Míriam Leitão)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O Suplício de cada Dia


                              

       Os ônibus cariocas trazem durante a semana homens e mulheres para o mercado da Zona Sul. Eles vêm em geral da Zona Norte e das cidades dormitório onde descansa à noite a gente trabalhadora. É  longo percurso, que a caprichosa ocupação humana torna ainda mais comprido, a despeito dos túneis, dos viadutos e das pontes.

        Num arroubo de esperança, o Rio de Janeiro logrou ganhar a vez para sediar as Olimpíadas. Ao contrário de hoje, em Olímpia, na Grécia antiga, onde sempre se realizavam os jogos do mundo helênico, nem as provas atléticas, nem a sua localização mudava. Aos ganhadores, as coroas de louro que lhes prometiam a austera fama naquele espaço da Antiguidade.

        Trazidas para a modernidade, as Olimpíadas se repetem também em quadriênios, mas os seus locais mudam sempre, e hoje viraram eventos mundiais, e que nada têm a ver portanto com a simplicidade daquela perdida civilização.

         O Brasil pensava despertar para a alegria, a riqueza e o conforto da aldeia global. Assim como temos ótimos marqueteiros, temos gente muito boa no ramo da publicidade, cujo mérito reside em apresentar, da melhor maneira possível, a respectiva realidade, de modo a convencer os delegados olímpicos que se deve ser o pouso da vez da mítica tocha olímpica.

         Em passado ainda não longínquo, a gente e os governantes brasileiros realizaram milagres, como mudar a capital da costa para o interior, e levantar uma cidade e a respectiva rede de apoio em menos de cinco anos.

          Não sei se confiados nessa já antiga proeza, e servidos da respectiva simpatia e capacidade de convencer o público-alvo, voltou a funcionar o jeito brasileiro e conseguimos conquistar o direito de trazer para cá a tocha olímpica, e por conseguinte elevar a Cidade Maravilhosa para as alturas do desafio olímpico, realizando por vez primeira as Olimpíadas na América do Sul.   

         O diabo é que hoje não parece mais estar disponível o material humano em termos de liderança, planejamento e implementação, dos compromissos assumidos, seja com a própria cidadania, seja com os demais países que acreditaram tanto na sua veracidade, quanto na capacidade dos líderes respectivos cumprirem com a palavra assumida.  Fala-se aqui de caráter, capacidade, engenho e vontade.

           Aproxima-se a hora da onça beber água, e o caso seria de perguntar como estamos nós, que fomos tão bons em termos de promessas e de capacidade de persuasão, quando se logrou ouvir a autoridade olímpica retirar o cartão com o nome Rio de Janeiro, cercado pelo júbilo dos delegados brasileiros. Agora, pensaram comovidos alguns, será a vez de o mundo de Elizabeth Arden curvar-se perante o Brasil.

             Mas basta andar pela Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro para que nos demos conta de que há ainda coisas por fazer e outras que não mais poderão ser feitas.

              Com brusca negativa, se pensou afastar qualquer ilusão sobre o saneamento da Baía de Guanabara. Prometeu-se mas não se cumpriu. É isso aí !

              Também sobre a Lagoa Rodrigo de Freitas, que será o local de provas de remo, a autoridade descartou a possibilidade de recuperação. Pelas dimensões desse cenário, custa crer que tal não se possa ainda realizar. Prometer desse modo e depois afirmar-se sobranceiro que está fora de cogitação, é um procedimento de cujo caráter ético não vale sequer a pena discutir.  

               A autoridade também prometera que haveria metrô  para o parque olímpico. De uns tempos para cá, o Prefeito mudou de linguagem, e principiou a discorrer sobre linhas de ônibus para os locais olímpicos. Os chamados corredores de coletivos, que decerto se há de procurar enfeitar com designações supostamente mais condizentes com o evento olímpico.

                Mas qual será o tipo dos ônibus a serem utilizados para o transporte do multitudinário público? Suponho que não seja o daquele utilizado diuturnamente pelos trabalhadores cariocas, homens e mulheres, que continuam a arrostar um transporte de massa inadequado e sumamente desconfortável. A viagem dessa boa gente é um sacrifício imposto pela negligência, misturada com a displicência da autoridade, tanto estadual, quanto municipal, eis que ela permite que os proprietários dos ônibus, verdadeiras caixas velhas desconfortáveis ao extremo, que impõem saunas diárias à população que deles necessita, continuem a ser empregados, com a insolência de quem deve reputar-se com as costas quentes, para impingir esse tipo de transporte que não fica muito a dever às carroças de antigamente.

                   Vamos aproveitar, por conseguinte, a oportunidade para introduzir de vez os ônibus climatizados, e não mais essas caixas trepidantes, verdadeiras saunas ambulantes, que os donos de ônibus, esquecidos das passeatas de junho de 2013, continuam querendo impor ao público que deles necessita para trabalhar e para voltar para casa.  Mas esses longos trajetos que a ocupação urbana e a conformação do território tornam inevitáveis que sejam ao menos realizados com o conforto mínimo de cidade que se quer olímpica.   

Problemas do Marqueteiro


                            

         João Santana, o marqueteiro do PT e de outras praças mais - até de Angola, onde o eterno presidente José Eduardo dos Santos, que a dizer verdade não carece de marqueteiros, eis que na antiga colônia portuguesa a apuração é caso de polícia, sendo proibidas quaisquer intromissões do eleitorado. Na ditadura angolana, terá juízo quem  aceita a popularidade do presidente. Assim, marqueteiro para tal eleição é só pr'a inglês ver... - nos vem agora a estória para boi dormir de que não sabe a origem dos US$ 7 milhões que encontrou na sua conta...

       É irrespondível a pergunta colocada por Merval Pereira na sua coluna hodierna: "É crível que um sujeito que tem o apelido de Patinhas desde a adolescência seja desligado de dinheiro a ponto de não saber quem depositou US 7,5 milhões em uma conta sua?"

       O marqueteiro, por ora, está tentando vender para os procuradores da Lava-Jato - junto com a esposa Mônica Moura - a estória que não sabia que tinha que declarar os ganhos no exterior e que não podia ter "contas secretas".

       Segundo ainda o colunista, tentando safar-se da acusação mais grave de lavagem de dinheiro, o casal - Santana e a esposa, Mônica Moura - admite caixa dois e jogam em cima da Odebrecht toda a culpa pelas irregularidades.

       A interpretação do colunista é a de que, até o presente, o marqueteiro e a esposa protegem claramente a Presidenta. No entanto, o seu testemunho perde a credibilidade diante das seguintes assertivas: "nunca manteve qualquer contrato com o poder público no Brasil" e que "eventuais serviços prestados para o governo federal se deram a título não-oneroso".

       Segundo a Receita Federal, seu patrimônio cresceu mais de cinco mil por cento, de 2004 a 2014. Hoje teria R$ 59,12 milhões (2014). Em 2004 tinha cerca de R$ 1 milhão. Já o patrimônio da mulher (e sócia) Mônica Moura é orçado em R$ 19,5 milhões em 2014 e cerca de R$ 58 mil em 2004.

         Consoante prevê o articulista M.Pereira, Zwi Skornicki deve depor em futuro próximo em Curitiba, "e pode acabar de vez com essa farsa". Segundo especula Merval "o lobista não atuou nesse mercado de corrupção por interesses ideológicos ou partidários, mas apenas para fazer negócios." Nesse sentido, prevê que "um bom negócio para ele agora será uma delação premiada".

              Também a mulher de João Santana, com as suas "revelações" - segundo especula Merval Pereira - talvez force a Odebrecht a pronunciar-se: "ou persiste na sua posição de que não faz esse tipo de atuação criminosa (...), ou sairá do episódio com a imagem de uma empresa metida em corrupção em diversas partes do mundo."

              De toda maneira, a circunstância de que o marqueteiro João Santana tenha caído nas malhas da lei tampouco traz bons presságios para o governo de Dilma Rousseff, cuja situação já dispensaria esse imprevisto adendo. Pois, segundo assevera o colunista, "no mercado publicitário há quem  afirme que João Santana recebe cerca de R$ 1 milhão por mês para assessorar a presidente Dilma".

              

( Fonte: O Globo, coluna de M. Pereira )    

Surpresa no Texas


                                  
          Participaram do debate o front-runner Donald Trump, os seus dois principais adversários, os Senadores Marco Rubio (Fl.) e Ted Cruz (Tx.), e a dupla restante, o Governador John Kasich e o médico Ben Carson.

         O encontro se assinalou por ataque na linha desesperada de Marco Rubio, que como representante do estamento do GOP parecia ter a missão de desestabilizar Trump.

         Que Rubio tenha esperado tanto tempo para partir para suposta luta sem quartel suscita uma série de indagações. Terá obedecido a  ele próprio ou a  instâncias do quartel-general do Partido Republicano, que está literalmente apavorado com  a crescentemente provável tomada pelo outsider Don Trump da chapa do GOP ?

          De chapéu na mão, a direção republicana está disposta a ungir qualquer republicano que possa desalojar Trump da nomination. A princípio tratado como fenômeno do verão - que passaria - o candidato Trump - que estourou nas pesquisas com a alucinada proposta do muro contra os mexicanos - continua não dando nenhum sinal de que vai obedecer à regra não-escrita de que os pré-candidatos próximos do seio do Grand Old Party acabam sempre por preponderar.

          Ontem, portanto, em Houston, Texas, a missão cabia para o Senador Marco Rubio. Partidas muitas das esperanças da hierarquia republicana, tanto mais um herdeiro da dinastia Bush  - desta feita o irmão mais jovem Jeb  Bush, por tampouco decolar - e com os pleitos do governador Kasich e do médico negro Carson já na UTI - as possibilidades da direção republicana se vêem dramaticamente encolhidas para os Senadores Marco Rubio (Fl) e Ted Cruz (Tx).

           O ataque de Rubio - tão diferente da própria habitual postura do candidato bem-comportado (o que contribui, também, para aumentar-lhe o Ibope com a hierarquia republicana) - surpreendeu deveras até o habitualmente ágil e pronto nas respostas Don Trump.

            Em vários momentos, a retórica de Marco Rubio, as suas investidas, chacotas, e a série de golpes, alguns até abaixo da cintura, chegaram a desestabilizar o atual líder nas pesquisas. Se Trump logrou recompor-se e conseguiu não ser levado ao chão da figurativa quadra em que se transformara o microfone de Rubio à sua volta - lembrando de resto o desenfreado ataque desse senador em debate precedente contra Cris Christie (que já desapareceu da corrida) - não há dúvida que o ganhador na noitada foi o Senador pela Flórida. 

             Resta determinar se o acosso inesperado contra o primeiro colocado nas pesquisas para a candidatura republicana surtirá algum efeito, como ardentemente o desejam os figurões do panteão do GOP.

             É o que se verá nos próximos capítulos...

 

(  Fonte:  The New York Times )  

                  

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Hillary e seus 'amigos'


                                    

       Aproximam-se datas-chave na corrida para a Convenção em Filadelfia. No próximo sábado 27 de fevereiro, se realiza a primária dos democratas na Carolina do Sul. Nela - e quem diz merece confiança porque a sua coluna favorece Bernie Sanders  - Hillary Clinton é considerada favorita.

       Até o momento, a candidatura do Senador por Vermont não tem ganho o apoio dos afro-americanos (com exceção do colunista Charles M. Blow, do New York Times) pela razão talvez, como explica en passant o colunista, de que até o presente não se haja distinguido muito na luta em favor dos afro-americanos...

        Não obstante, acredita Blow que os negros do norte apóiam a Bernie, enquanto os do sul pendem para Hillary. Depois de dizer que Sanders nunca se empenhou pela causa negra, não haveria certa contradição em afirmar que a candidatura do senador tem possibilidades com o voto afro-americano, posto que no norte estadunidense ?

       Por outro lado, na próxima Super-terça - em que se realiza grande número de primárias, e que por isso pode contribuir para decidir  em favor deste ou daquele candidato - Blow lamenta que, na parte mais ao norte, onde Sanders teria mais vantagens, grande porção de seus partidários (o contingente estudantil ) estaria de férias e, por conseguinte, não votariam...

        O jornalista Blow, continua torcendo por Sanders, embora reconheça que a janela de oportunidade se vai estreitando sempre mais, a medida que a sua popularidade cresce.

       E aí reside muito do paradoxo da coluna de Charles Blow: que estranho fator é este que faz as chances de Hillary aumentarem apesar de todo o esforço de Sanders?  Não seria acaso porque a ex-senadora por  New York, com o seu longo engajamento em Arkansas (onde o marido Bill Clinton como governador fundou o próprio prestígio) e respectivo empenho pelas comunidades negras, tenha colhido muito mais simpatias no Sul profundo do que o adversário (que, de resto, nunca aparecera por lá, antes do atual processo eleitoral) ?

 

( Fonte:  The New York Times )     

Dilma ou o descalabro petista


                               

         Não ter o grau de investimento nas três principais agências classificadoras de risco, não é um detalhe do bizantinismo contábil. Significa que as finanças do Brasil desandaram. Há várias consequências de termos sido enxotados do mercado de qualidade nas finanças internacionais.

         Ao perder o grau de investimento, o Brasil não é apenas rebaixado. A ineptitude nas contas públicas - que é a marcante característica do governo de Dilma Rousseff - não se coadunava com a exação fiscal que tentara trazer para a nossa fazenda o Ministro Joaquim Levy. Por propugnar mecanismos ortodoxos - e, como amargamente aprendemos no inferno astral da longa inflação, não há outra saída para escorraçar o dragão de que as contas fiscais em regra. Contudo, na heterodoxia fiscal os supostos milagres duram pouco e sóem acabam pior do que começaram - Levy foi gentilmente escorraçado pela Rousseff, esse singular personagem que nos fez descer goela abaixo Lula da Silva. Quanto às intenções do próprio nessa sua estranha 'jogada política' já ficaram demasiado evidentes para que percamos tempo em esquadrinhá-las ainda mais.

         Ambos se merecem - como verificamos uma vez mais no panelaço desta semana - e o Povão, a quem se pode embair por um tempo, mas não para sempre, já está farto desta interminável conversa p'ra boi dormir.

         Se o Império nos garantira diplomacia responsável, respeitadora dos deveres de casa, e da defesa de nossas largas fronteiras através do estudo dos maços e da política externa de estado - o que assegurou a país continental como o nosso a preservação dos limites nacionais. Rio Branco é o legatário da diplomacia dos dois Reinados, e da diferença que faz o estudo dos maços e tratados, que conduziu à glória do Barão nas vitórias nos juízos arbitrais sobre os contenciosos de limites com a Argentina e a França.

          Não surpreende, por conseguinte, que a diplomacia do Itamaraty haja sido maltratada pelo governo petista de Dilma Rousseff. Estamos em boa companhia porque não foi apenas a respectiva diplomacia que se descobriu rebaixada e relegada aos baixios nas verbas e na cessão a pessoal de fora do Ministério das Relações Exteriores da competência na política latino-americana. Os governos sindicais do PT ousaram ir aonde o regime militar não se tinha atrevido a pisar. E se com Lula da Silva tais entradas são garranchos inseridos na escrita diplomática, com a sucessora Dilma, ela se transforma em simulacro de diplomacia, com o que a política externa se vê por fim trazida para o vasto areal do lulo-chavismo.

         O Brasil hoje se afunda sempre mais no atoleiro fiscal, que é o legado-mor de Dilma Rousseff. A agonia desse governo - que vencera nos últimos comícios com deslavado estelionato eleitoral, e que por conseguinte de  pronto perdera a legitimidade - por quanto tempo nos caberá aguentar ?

          De nada valeu convencê-la a engajar um técnico sério para atender às finanças. Nem um ano Joaquim  Levy durou, pois seria fatalmente expelido por organismo que só convive com escritas funambulescas, tipo Arno Augustin, e as fumaças das pedaladas.

          A 'economista' Dilma não tardou em re-mostrar ao que vinha, ao chamar com alarde Nelson Barbosa - que até aquela hora pensara estar em administração séria - para humilhá-lo com a lição barata de como se deve calcular o salário mínimo, faça sol ou chuva. Talvez ainda sem se dar conta,  a Rousseff acionou então o complicado mecanismo que expeliria o corpo estranho Levy.

           As ilusões, quando não vincadas na realidade, se evaporam mais rápido do que o orvalho nas mádidas folhagens da manhã.

           A obra da 'doutora' Dilma Rousseff - que só poderia ter colado grau na universidade das ruas de Máximo Gorki - não se poderia salvar com a inserção de um corpo estranho, formado pela escola de Chicago, que era o Dr. Joaquim Levy. A incompatibilidade de gênios - e também de cérebros - iria dar no que deu. Primo, o projeto de orçamento transmitido ao Congresso com um senhor déficit, só poderia causar o que o pobre Ministro avisara: o rebaixamento por agência de avaliação de risco.

            Agora esse governo desfuncional - que já teria caído faz muito se o Brasil vivesse sob o parlamentarismo que, por efêmero tempo, lhe desejaram os constituintes de 1988 - persiste em arrastar-se, enquanto a petição de impeachment dorme nas gavetas da Câmara e se sucedem as jogadas de administração mendaz,   inepta e ineficaz.

            O que mais se espera para mostrar, com todas as deferências, a porta da rua para esse governo trapalhão (que até precatórios pensa poder impingir como haveres da União?). Corrupção, déficit nas contas, inflação de dois dígitos, recessão, milhões de desempregados. O que perdemos, na verdade, com o petismo de Lula e Dilma, e toda essa enxurrada de índices negativos, terá sido mais do que a esperança, mas sim a vergonha?  

( Fontes: Álvaro Lins, "Rio Branco"; O Globo, coluna de Miriam Leitão )

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Espírito bipartidário ?


                          

       Por vezes, é difícil entender o Partido Republicano, que muitos apreciam chamar    de Grand Old Party (GOP). Aos leitores do blog, creio oportuno precisar que o meu emprego frequente dessa abreviatura, não implica admiração e muito menos aprovação. É usada pelo que é, uma prática abreviatura...

       Mas decerto já haverão suspeitado que não foi propriamente para tanto que me decidi a escrever este comentário.

       Leio em boletim do New York Times que os líderes republicanos no Senado - que, com o resultado das últimas eleições intermediárias, ficou sob o domínio de nova maioria, que é do Partido Republicano - anunciaram a sua disposição de sequer receber como visita a eventual indicação do Presidente Barack Obama para preencher a vaga aberta por Antonin Scalia.

       Os senadores republicanos evidentemente não gostam de Barack H. Obama. Esse espírito um tanto agressivo, que nada tem da chamada atitude bipartisã, parece difícil, contudo, determinar-lhe a principal razão.

       Ele é expresso da maneira tão rude e acintosa, tão longe do respeito que se deve a quem vencera duas eleições contra dois republicanos de nomeada, John McCain  e Mitt Romney. Ao contrário do que o Senador Mitch McConnell, então líder da minoria no Senado, declarara como objetivo de seu partido: fazer com que Obama fosse  presidente de um só mandato, Barack Obama ganharia sem maior dificuldade também as eleições de 2012.

       Por conseguinte, é difícil entender esse odium que lhe vota o Partido Republicano. Ao terminar o seu segundo mandato no começo do ano próximo, irritará aos próceres republicanos que Obama seja um líder popular junto ao Povo Americano? Barack acaso os coloca em situação de desconforto quando se mostra um presidente democrático, aberto, e que não se cansa de tentar a senda do bipartidismo, hoje vista tão negativamente por muitos - felizmente não todos - do establishment republicano?

      Com exceção dos irmãos petroleiros Koch, o 50° Presidente recebe a todos na Casa Branca, e tem sido um fanal na pregação por Estados Unidos sem ódios e mais aberto às diversas comunidades étnicas que tanto tem contribuído pelo seu trabalho e dedicação para a grandeza americana.

       Talvez pelo fato de que em 2010 ainda fosse um presidente júnior, terá tido alguma responsabilidade em que a Câmara de Representantes passasse a ser feudo republicano. Para explicar esse estranho fenômeno, que algum dia será superado, não creio que esta minha apreciação venha a ser o lugar adequado.

         Quanto ao Senado Federal, a maioria republicana, durante os dois mandatos do Presidente Obama, só logrou dominá-lo, nas eleições do termo médio de 2014. Antes, o líder da maioria fora o Senador por Nevada, Harry Reid, que passou a lider da minoria em 2015. A brilhante representante Nancy Pelosi, que era a Speaker, deixou de sê-lo em 2011, por força do resultado  de que Obama chamou de shellacking (surra).

             Sem embargo, o Presidente sempre manteve relações cordiais com o Speaker John Boehner, republicano de Ohio.

              Por isso, esta atitude anunciada da bancada republicana no Senado, através de seus líderes, de sequer receberem como visitante o eventual indicado para Juiz Associado da Suprema Corte por Barack Obama, de acordo com os seus deveres estabelecidos pela Constituição, para entrevistar-se com os líderes do Partido Republicano, não me parece postura própria de país realmente democrático, como o são efetivamente  os  Estados Unidos da América.

              Aberta a vaga no Supremo, é uma obrigação constitucional do quinquagésimo Presidente designar como candidato a assento na Suprema Corte personalidade por ele considerada como apta a sentar-se na curul que foi de Antonin Scalia. Cabe ao Senado, examiná-la em comitê e sobre ela votar em plenário.

              Não é coisa de somenos. Por favor, não a tratem como tal.

 

( Fonte: The New York Times )

Lula, PT e panelaços


                           

        Programa do PT, ou aparece anônimo na telinha, falando de coisas etéreas e inaferráveis, lugares comuns dessa propaganda abusiva, abusada e paga com o dinheiro do público, invadindo com partidecos, partidinhos e os partidões da vez, o nosso e o teu espaço de lazer, chegando agora, na empáfia e na arrogância de quem se crê acima de tudo e de quase todos, a invadir a hora das notícias, quando não a das novelas.

        Pois ontem, pensando talvez nos velhos tempos e xuliando pelo esquecimento de todos, não é que o PT volta a tentar insinuar-se em nossas salas, com programa  que reapresenta o  velho capitão, o da voz rouca, que tão bem soubera insinuar-se, como novo cavaleiro da esperança, nos idos de 2002, para depois nos empurrar a herança maldita de candidata despreparada para quase tudo como verificaríamos. Por ela, Lula preteriu a toda suposta elite do PT. Levava então a missão de esquentar o lugar do velho capitão.

        Como tudo em política, as coisas não sairiam conforme o previsto pelo comandante, que chegou até em 2014 a levar um chega pr'a lá da herdeira, que pensou fosse oportuno  o próprio repeteco. E a velha inércia de chefe em funções aí também prevaleceria. Depois, veio a enxurrada dos escândalos, com o Petrolão à frente, que a ridícula compra de Pasadena, a enferrujadinha, meio que anunciara para a gente do ramo. Mas tanta roubalheira e tais cavernosos déficits ainda assim superavam quaisquer expectativas.  E mal entrada nas novas e velhas funções, caíu o teto das pesquisas, e ei-la com solitário dígito de opinião favorável.

         Mas caberia ao velho capitão, aquele do boné, recolher o grosso da raiva do povão, que é aquele mau humor entranhado que se vota a quem enganou esperanças e desfez ilusões de seus partidários.

         Depois da propaganda encabulada a que me referi em blog recente, propaganda que se ruboriza (sem trocadilho) com o nome do PT, que virou marca maldita, que desvela abusos e logros, p'ra não falar do ataque à empresa maior do Brasil, de quem patriotas de boa cepa compravam as ações, na esperança de ali encontrarem porto seguro para as respectivas economias.

         Não estava assistindo a mais esse programa do PT, quando me acordaram os panelaços, os buzinaços e as vaias, para dar-me conta, uma vez mais, de que o Povo agora se sente afrontado pela cara-de-pau dos apresentadores, pelas ocas desculpas (quando se dispõem a tal, sempre com meias palavras) e, por fim, como hoje virou pára-raios da cólera do eleitor ludibriado, não é que aparece o personagem que não lhes sai da lembrança, dos cabeçalhos dos jornais, e das notícias televisivas, que falam de sítios dotados de antenas  especialmente construídas para o celular do grande chefe, e quando não, do famoso tríplex do Guarujá?

         É o chefe e madame de que cuidam as conhecidas empreiteiras. Os trapalhões, substitutos no partido, tentam e retentam. Chegam até a convencê-lo a voltar à telinha, como nos velhos tempos, do então cercado de longos, admiradores olhares do povão esperançoso, para o salvador da pátria de turno.

        A falta de sensibilidade dos acólitos e daqueles que desejam o retorno dos bons tempos faz que fiquem impacientes com a aproximação das eleições. Dão a impressão de não assimilarem o incômodo recorrente dos juízos imprevistos, a irrupção de revelações impiedosas e daquilo que é pior do que tudo, vale dizer, o desgosto com a traição das esperanças postas e repostas.

         Os chefetes partidários ponderam, pedem, suplicam para que ele volte ao  povão amigo, que decerto irá entender desta vez que tudo não passa de mal-entendido, de mexericos vãos, de calúnia, enfim, que injustamente atingiram àquele que consideram como seu grande capitão.

         O problema, no entanto, não está na lábia do cumpanheiro, mas nos malditos escândalos que repontam aqui, lá e acolá.  Se o Petrolão ainda está aí, cadáver exposto e por ninguém reclamado - que grande ironia designar para a chefia da maior companhia nacional maravilhoso quadro, pessoa de indizível capacidade e experiência, capaz de dominar assembléias inteiras de chefões, chefetes e chefinhos da Petróleo Brasileiro SA. através do saber e da experiência, e, no entanto, por  imposições estúpidas de preços forçá-la a medíocre travessia.  A par disso - para não falar de outras coisas - viera a determinação de cotações irreais para o produto da companhia, e a criação de condições que inviabilizam qualquer gestão. E sem falar do entorno, do por-fora - que continuo a acreditar dele possa haver suspeitado, mas jamais confirmado -  que criara o anel mefítico que afunda qualquer empresa... Não surpreende que, depois de tantas provações, dela não mais se ouça falar.

          Mas voltemos ao PT e à encruzilhada aonde se meteu. O Povo não é bobo, e nem se esquece dos fementidos, de os que prometem e, sem cumprirem, ainda fazem o que fizeram.

          Quem há de surpreender-se dos panelaços, dos buzinaços, das invectivas diante da desfaçatez daqueles que teimam em pensar que afinal os  bons tempos vão voltar... Bastaria trazer uma vez mais para a sala de estar do Povo brasileiro as caras conhecidas, para que tudo enfim se remedie, e que agora se cumpra o velho bordão de que se deixe a um canto o  passado com suas agruras, e pensemos no presente, quem sabe no futuro?...

          Será que essa gente é tão estúpida assim, que será capaz de imaginar que se pode aprontar o que aprontaram, e, num passe de mágica, transcorridos uns poucos aninhos, tudo fique outra vez azul com estrelinhas douradas, aquelas mesmas estrelinhas dos campos vermelhos da jovem esperança, justa e jacobina, dos anos que não voltam mais?

 

( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, Site do Globo )