terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Os estranhos 'caucus' de Iowa

  

        Se pedissem para resumir os resultados do primeiro teste eleitoral para a eleição presidencial americana de novembro próximo, caberia dizer: uma surpresa (derrota de Trump) e uma confirmação (resultado apertado entre Hillary e Bernie Sanders).

         Iowa é um pequeno estado americano cujo principal título no pleito presidencial será o de apontar os primeiros resultados.

         Terá sido muito importante para Barack Obama em 2008 por sinalizar que o antes azarão deveria ser considerado com respeito. Com efeito, a vitória sobre Hillary Clinton do jovem Senador por Illinois daria o empurrão necessário para que Obama ganhasse ímpeto - o que os americanos chamam 'momentum' (força inercial) - e uma vez transformado em mensageiro da mudança (change), essencialmente a campanha pelas primárias já estaria quase decidida e, de certo modo, a própria eleição era, com a vitória sobre o candidato republicano John McCain, uma inevitável conclusão.

          Oito anos depois, mais envelhecida, mas também mais calejada, Hillary Clinton se depara com outra 'surpresa', o veterano senador também democrata, mas com viés socialista, Bernie Sanders,  no mesmo estado interiorano de Iowa, cujos 'caucus' (convenções partidárias) sóem dar o início da campanha pelas primárias, i.e., a luta pela nomination, que será decidida pela Convenção partidária, ao cabo de longo percurso através de muitos estados.

           O noticiário vindo de Iowa transmite surpresa republicana - a derrota de Trump por Ted Cruz, - e um 'empate' entre Hillary e Sanders.

           A vantagem por Cruz se deveria ao aporte dos cristãos evangélicos e, se a diferença para Donald Trump não foi grande, não se negará a sua importância simbólica, ao cortar a série de primazias do 'candidato do verão' (como os seus adversários descreveram inicialmente o milionário, que consideravam fenômeno passageiro).

          Embora New Hampshire (a próxima primária importante), pelo aporte relativamente diminuto, tampouco constitua indicativo seguro para o restante do processo eleitoral, não deixará de ter interesse para a evolução das campanhas dos dois partidos, embora pese relativamente menos para o Partido Democrata (dada a circunstância do apoio da Nova Inglaterra a Sanders), será importante, no entanto, que a vantagem deste último não seja demasiado grande para prejudicar a pré-candidatura de Hillary.

             Quanto aos efeitos da vitória do Senador Cruz sobre Trump, só o futuro dirá se terão maior peso na continuação da disputa. Em outras palavras, resta determinar se Iowa terá significado para retirar do fenômeno Donald Trump a sua mística de vitorioso até o presente.

             No que concerne aos efeitos dos 'caucus' sobre Hillary, é importante ter presente que, apesar de não revelados, a circunstância de que o noticiário se refira a uma pequena diferença entre Hillary e Bernie, esse enfoque jornalísticamente só faz sentido se Hillary teve pequena vantagem. No caso contrário, Bernie Sanders, como o 'underdog' (o candidato inferiorizado até então em relação à sua adversária) teve um bom resultado, descontando bastante a diferença em relação à dianteira (Hillary), mas não de modo a ultrapassá-la.

 

( Fonte:  The New York Times )

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