terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

A prisão do casal João Santana


                           

      João Santana e sua esposa, Mônica Moura, regressaram ao Brasil, renunciando à campanha presidencial na República Dominicana, que Santana fora convidado a dirigir.

      Haviam sido convocados pela Polícia Federal, dentro da 23ª Fase da Operação Lava-Jato, a Acarajê. Logo após desembarcar do avião, nesta terça-feira, 23 de fevereiro, o casal foi detido.                

      A principal acusação é de que o casal recebera, no exterior, US$ 7,5 milhões de empresas ligadas à empreiteira Odebrecht e ao lobista Zvi Skornicki (que representa estaleiro que tem negócios com a Petróleo Brasileiro S.A).

       De acordo com  o juiz Sérgio Moro, da 34ª Vara Federal de Curitiba, "há fundada suspeita" de que os repasses tenham origem em acertos de propina em contratos da Petrobrás.

       A detenção do casal, e os possíveis elementos de prova obtidos, reforçam a acusação no processo ora em curso no Tribunal Superior Eleitoral, em que se busca determinar alegado financiamento da campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer com os recursos do Petrolão.

       Por isso a oposição - o processo é de autoria do PSDB - quer que os novos elementos sejam prontamente enviados ao TSE.

       Sob a presidência de Dias Toffoli, o TSE se tem mostrado bastante aberto às posturas da oposição, e o processo de cassação da chapa Dilma-Temer teria boas possibilidades de ser levado a feito. A postura de Toffoli tem sido coerente, ao ser voto vencido na recente audiência no STF, quando foi votada determinação ao Congresso que modifica substancialmente o procedimento do impeachment relativo a Presidente Dilma Rousseff.  

         As possibilidades de o TSE acolher o presente processo de cassação da chapa Dilma-Temer tendem a mudar com a nova presidência nesse tribunal superior, que ficaria a cargo da Ministra Rosa Weber;

         O mantra do PT e da defesa da campanha de Dilma, a cargo do advogado Flávio Caetano, é de que os pagamentos ao publicitário em tela foram registrados legalmente.

          A investigação da Lava-Jato permitiu à Polícia Federal determinar o controle pela Odebrecht de duas empresas off-shore, a Klienfelde e a Innovation Services, controle esse que a Odebrecht se pautara em negar até agora. Tais off-shore se baseiam nas ilhas de Antigua e Barbuda, pequenas ilhas nas Caraíbas, que servem como paraísos fiscais.

        Na caixa de e-mails de Fernando Migliaccio. executivo da Odebrecht, foi encontrada planilha citando pagamentos da Klienfeld a João Santana. É por primeira vez que a Lava-Jato consegue comprovar, através de documento formal, a ligação dessas off-shore a João Santana.

        A principal prova dos repasses - efetuados entre abril de 2012 e março de 2013 - veio das autoridades estadunidenses, que repassaram os dados sobre conta da off-shore Shellbill Finance, que é atribuída ao marqueteiro.

         Essa conta havia sido aberta no banco Heritage, na Suiça, mas as autoridades americanas conseguiram rastrear pagamentos, porque o dinheiro transitou pelo Citibank, de New York.

         Aumentam, por conseguinte, a força dos argumentos colhidos pela oposição na ação que corre no TSE pela cassação do mandato de Dilma Rousseff e Michel Temer.

          E cresce, por conseguinte, a inquietude de Dilma, que vê abrir-se um novo flanco na refrega. O impeachment e seu processo, a cargo de um acossado Presidente Eduardo Cunha, ficaria em segundo plano. Enquanto isso, as atenções do mundo político se voltam para o TSE...

 

( Fontes:  Folha de S. Paulo, O Globo )

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