segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Soros apóia a Ucrânia


                                         

        Ontem a Globonews transmitiu entrevista concedida por George Soros, o financista da MittelEuropa, que surgiu para a atenção mundial quando apostou na desvalorização da libra esterlina, em jogada especulativa na qual teria ganho cerca de um bilhão na moeda inglesa.

          Radicado no Ocidente, Soros escreve em The New York Review, e creio sua mais recente contribuição tenha sido artigo sobre a oportunidade de parceria do Ocidente com a China para evitar a guerra mundial[1].

          Na citada entrevista, Soros se reportou à questão da Ucrânia. Recordou que a princípio eventual parceria desse país com a União Europeia não se tinha firmado, por faltarem então condições ao governo de Kiev.  No entanto, segundo o financista húngaro assinala, a situação ora mudou. De um lado, a Ucrânia fez opção clara por aliança com Bruxelas, como o demonstra, de resto, a sublevação da Praça Maidan e a expulsão de seu então presidente pró-Rússia, Viktor Yanukovich.

          Decerto não se contava com a reação de Moscou, em que Vladimir Putin instrumentaliza como casus belli a derrubada do filo-russo Yanukovich, e em retorno em grande estilo aos piores transes do século XX, provoca um levante na população ucraniana nas províncias orientais, mêmore das tentativas de secessão pós-1ª Guerra Mundial, que o exército vermelho esmagaria, e em seguida, se apossa da Crimeia, em cínica anexação

          A opção da Ucrânia fora inequívoca, enjeitando a associação com a União Aduaneira promovida por Moscou, e, para tanto,  retomando os contatos com Bruxelas, com vistas a negociação de Acordo Comercial.

          George Soros é de parecer que a União Européia deveria apoiar a Ucrânia, eis que agora tem um governo interessado em estreitar os laços com Bruxelas, o que lhe abriria novas avenidas  de cooperação com a Europa (e a consequente oportunidade de maior  desenvolvimento e de melhor futuro para o povo ucraniano).

          Tal ênfase do financista húngaro tem muito presente decerto o que a parceria com Bruxelas significou, em termos de progresso, para Varsóvia e outros países do Leste Europeu. Ele entende que em um primeiro momento não houve condições para estreitar tais laços entre Kiev e Bruxelas, mas não é mais o caso de enjeitar o interesse desse grande país que ora sofre essa despudorada agressão de Moscou.

           Soros enfatiza a respeito que a situação ucraniana mudou radicalmente, e que as sondagens de Kiev deveriam ser respondidas favoravelmente, porque a Europa não deveria perder a oportunidade de estreitar a própria cooperação com a Ucrânia. No entender do financista, as condições na Ucrânia mudaram  - sobretudo no que concerne às possibilidades e planos do Governo de Kiev – e que não se deveria deixar passar  tal ocasião, sobremodo ao ser esse grande país vítima da agressão imperialista de Moscou.

           Ao assistir a entrevista, recordei-me das intrigantes omissões que tem caracterizado a resposta da União Europeia aos pedidos de país vítima de uma cínica invasão que parece saída das sombras do século XIX, tal a sua desenvoltura, decerta firmada sobre o pressuposto de que não haverá contra esse desígnio resistência maior do Ocidente, como se a soberania da Ucrânia fosse expendable. As próprias reações da Chanceler alemã, Angela Merkel, aceitando somente dar a Kiev  ajuda limitada, da qual está excluído material bélico de maior porte, ainda que de defesa. Com aliados como esses, a pobre Ucrânia está muito mal parada.

            Por isso, a recomendação de George Soros de dar maior atenção à questão ucraniana me pareceu de grande oportunidade e de visão política, cousa que está em falta nos países lideres da União Europeia.

 

( Fonte:  Globo News )

 

 

 




[1] A Partnership with China to Avoid World War, George Soros, The New York Review, July 9, 2015.

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