segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Biden entra na arena ?

                                             

        Pode ser um transtorno para a candidata que não tinha, na prática,  adversários para a nomination do Partido Democrata.

        Dos falados anteriormente, somente a Senadora Elizabeth Warren (Mass./Sen.) poderia ser adversária, não só porque seja batalhadora, mas sobretudo pelo fato de ter apoio de segmento suscetível de crescimento, pelas características da representante de Massachusetts de defender os menos favorecidos.

         Tampouco terá agradado a Hillary que adversário de peso esteja sendo levado a contestar-lhe a primazia na próxima Convenção Democrata pelas supostas fraquezas e debilidades da candidata.

         A mídia a que interessa sobretudo, não o tranquilo mar de almirante, mas aquele borrascoso que desenha incertezas no horizonte, verá com inegável prazer que o desenvolto e gaffeur por natureza, o vice-Presidente Joe Biden, venha a servir ou de nêmesis para a postulante (que já levara em 2008 um senhor tranco do principiante Barack Obama), ou, o que hoje semelha mais provável, de apimentado condimento para o projeto da front-runner[1].

          O que ontem descrevi como cascas de banana lançadas contra a candidata notadamente pela direita enragée (furiosa), em grande parte já haviam sido postas no seu real contexto pelo articulista da New York Review, Michael Tomasky. Não há tampouco de surpreender ninguém dotado de memória política que o jornalão de New York, o Times comece a despejar pregos na estrada da candidata, como já o fizera contra outro promissor candidato do pequeno estado de Arkansas, por coincidência o esposo da precedente.

          Como oportunamente frisou o politólogo Tomasky, igualmente não espantará se ao cabo de tudo, se a candidata se firmar – restos ao vento as tentativas de fazê-la descarrilar – que a mesma centenária expressão da opinião da Costa Leste venha a patrocinar-lhe a candidatura, quando todas as outras cartas o tempo e o vento já tiverem soprado.

           Sem embargo, com o ingresso de Joe Biden – se o respectivo exame corroborar-lhe as esperanças – na campanha, é difícil dizer que ela se tornará mais relevante, mas com a contribuição do vice de Obama, decerto ficará mais interessante. Tenho presente a maldição chinesa – como nos ensina A.J. Toynbee[2] – desse adjetivo, por tanta gente encarado como inofensivo. 

            De início, quem pode desgostar de Joe Biden?  Embora desde muito considerado, a anterior persistência numa baixa aceitação pelo público o fizera afastar-se na prática da pré-campanha.

            Com efeito, é difícil não simpatizar com o antigo Senador e atual Vice-Presidente. Para ele, a gafe – que aterroriza tantos políticos – para ele, repito, constitui quase um trunfo, eis que o público as toma como expressões típicas de Biden, engraçadas, hilariantes às vezes, mas não necessariamente motivo de afetar-lhe o conceito. Como segunda natureza, essa sua espontaneidade, por vezes canhestra e até atentatória contra essa praga da modernidade, a correção política, não será julgada com a exação e a severidade reservada para os demais mortais. Por ser coisa do Biden, merece um riso e ... o esquecimento.  Quanto a tal característica, será vão protestar no tribunal da opinião pública.  Isto já é quase doutrina, como se fora força da natureza...

 

                                                                                                   (a continuar)

( Fontes:  The New York Times,  The New York Review,  A. J. Toynbee )


[1] Corredora dianteira
[2] A.J. Toynbee (1889- 1975), grande historiador inglês, autor de A Study of History (12vols.)

Nenhum comentário: