quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Lula ou o Empreguismo desvairado


                             
         Ao ler o ótimo artigo de José Casado em O Globo de 18 de agosto corrente, recordei-me de pronto das minhas preocupações externadas já no primeiro ano de Dilma Rousseff quanto ao pesado dispêndio em gastos correntes. Sabia-se que as despesas registradas pela União correspondiam à contratação de novos funcionários. Tal inquietação em verdade decorria do peso excessivo em rubrica que não tinha maior flexibilidade.

          Vejo agora pelo trabalho de Casado, que esse gasto regular no orçamento da União se devia à determinação do estadista Lula da Silva. Em um tempo em que se busca dar mais flexibilidade ao dinheiro do Estado, e quando em outros países sob direção voltada ao interesse público, e não ao empreguismo à conta de um partido, ocorria em Pindorama exatamente o inverso. Com essa contratação tão maciça, quanto sustentada de funcionários públicos, o velho dirigente sindical (e depois sua pupila) só cuidou de inchar a folha de pagamentos do Estado, dentro do mais deslavado clientelismo.

            Enquanto outros países cuidam de melhor equipar o Estado, Lula e Dilma só pensam naquilo, i.e., na velha fórmula do empreguismo, em que eles não se diferenciam das mais reles prefeituras e dos respectivos corruptos prefeitos, que só estão preocupados em engordar a folha de pagamentos do município, ou do Estado (no caso dos Governadores), ou deles mesmos – que em isto fazendo passam atestado não só de imbecilidade administrativa, mas de desperdício do dinheiro público.

           Não há de espantar, portanto, que tanto Lula, quanto Dilma só cuidem de contratar gente por recomendação política, vale dizer a filiação partidária passa na frente não só do interesse público, mas da capacidade respectiva do funcionário. Quanto às carreiras de estado, são maltratadas, porque elas atendem realmente ao interesse nacional e se fundam no mérito. Não é de surpreender por que Dilma se encarnice tanto contra o Itamaraty. Ele tem demasiada tradição  e, pelo menos, fruía do respeito internacional, por conta da respectiva competência. A resposta dos petistas é de encafuar aí monoglotas e apadrinhados partidários (além dos comissários que arranja para gerir as relações com regimes sindico-partidários da mesma linha).
                

             Discordo, contudo, da assertiva do articulista de que esse descarado loteamento do Estado – e isso durante treze anos! – “tende a ser praticamente invisível para os contribuintes. Vai ficar encoberto pelos cargos e funções multiplicadas na última década.”

 
                  Além de ser aético e imoral “130 mil contratações entre a posse de Lula, a 1° de janeiro de 2003 e os primeiros 90 dias deste segundo governo Dilma”,  e a consequente inchação da folha de pagamentos da administração federal (excluídas as estatais) no ritmo de cinco contratações por hora, “ao mesmo tempo, proliferaram as remunerações por ‘confiança’ e ‘gratificação’, sem contar adicionais por ‘incorporação’, ‘periculosidade’, etc.

                       
                  Não há de surpreender que sejam cerca de cem mil as funções comissionadas na estrutura governamental. Nesse quadro, em que a moldura é mais importante do que o eventual conteúdo e respectiva eficácia, fica até compreensível a multiplicação congolesa dos ministérios (hoje são 39 pastas!).

 
                Essa atrevida e descabida política empregatícia, além de ser verdadeiro acinte, é um atestado que só fica bem na atual estrutura cartorial e clientelista do Estado brasileiro. Continuamos na terra da firma reconhecida e das assinaturas ilegíveis dos empregados, comissários e o quê mais a encher resmas de papel na afirmação de um Estado inoperante e burocrático, em que só se pensa em criar empregos para apaniguados. Enquanto as carreiras de estado, ou viram feudos de recomendados políticos, ou se abaixam as varas para que o pulo para dentro da burocracia fique mais factível para empregados sempre mais despreparados e desmotivados e, por que não dizer, sem conexão com o interesse público, pois o que interessa na burocracia lulesca é o interesse do aumento do emprego, nas esferas, é claro, clientelística e partidária.

 
                Enquanto não jogarmos no lixo toda essa carga inútil inventada pelo apedeuta e torneiro-mecânico  que encontrou o poleiro seguro, ao cabo da enésima eleição, quando passou a adotar boa parte dos procedimentos que antes verberava.

                                                
                De repente, muda a real imagem de Lula da Silva. Como na fábula, o rei estava nu, e foi preciso que uma criança proclamasse aos quatro ventos essa verdade. Em Brasília, um artista anônimo teve a ideia do boneco inflável com uniforme de presidiário...
              

               É triste dizer, mas a verdade é  amálgama caprichoso, que passa meses, até anos, sem que se logre desenhá-la e marcá-la no papel e na mente do Povo Soberano. De repente, ei-la pairando por toda parte.

 
                Aquela velha imagem da cínica burocracia – o casaco pendurado no encosto de cadeira, de uma vazia escrivaninha -  é o quadro do absenteismo do funcionalismo, coisa que é chaga nacional desde os tempos da Colônia.

 
                A fórmula de Lula é outro embuste. Veja, ilustre passageiro, o belo tipo faceiro que enganou a tanta gente por esses anos todo. Na essência, a sua fórmula não muda tanto assim. Ao povo e a todos nós, ele oferece fantasias.

 
                Em todas elas, mora a exploração do interesse público para fins privados. Dentre tantas mágicas que já realizou, surpreenderá muito que o Estado seja desvirtuado e posto a serviço de um só partido, hoje gordo e irreconhecível, daquele dos primeiros tempos, doutrinário, intolerante, mas honesto ?

 
               Em todo esse desperdício do Erário, do dinheiro público, de todos esses impostos, será que não nos demos conta dos delitos que esse governo pratica, no atacado e no varejo?

  
              Será que dá para surpreender tanto assim que o atendimento médico e os hospitais fiquem abaixo da crítica, que as universidades e faculdades se debatam em greves infindáveis, porque não há verbas, que não haja polícia para trancafiar tanto bandido, que as nossas prisões sejam uma vergonha, piores que masmorras no Medievo?

 
             Mas não desesperem, que o PT e sobretudo o seu fundador vai resolver o problema. Hoje ele paira nos céus, imagem gorducha e inflada pela imaginação nacional. Como o rei Minos, tudo ele em ouro transforma! Até as suas conferências rendem fortunas, e como diz a imprensa oficial, tudo é legal e devidamente declarado ao Erário Público !

 

 

      ( Fontes:  O Globo, artigo de José Casado )            

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