terça-feira, 4 de agosto de 2015

O Vexame Olímpico


                                

          Entre o enxame de compromissos assumidos para sediar a Olimpíada, está o empenho de realizar várias provas na Baía de Guanabara, e eventos de remo e congêneres na Lagoa Rodrigo de Freitas.

         É importante desde já afirmar que a Lagoa deve ser despoluída, e o seu acesso marítimo assegurado pela manutenção da abertura através das praias de Ipanema e Leblon do canal que lhe assegura a entrada da água do mar.

        Dadas as dimensões da Lagoa, se as obras forem realizadas oportunamente,  não havera r qualquer problema.

        Quanto a essa beleza natural que é a Baía da Guanabara, aí a sua extensão e amplitude apresentam um senhor obstáculo para a respectiva despoluição.

         Deve-se ter presente que essa Baía vem sendo maltratada há decênios. Além do Rio de Janeiro e de Niteroi, outras cidades e povoações estão nas suas margens e os respectivos esgotos tem sido  nela lançados impunemente, com grave prejuízo para a flora e, sobremodo, a fauna marinha.

         Os alegres golfinhos que a embelezam e a movimentam estão desaparecendo, vítimas da poluição. Ainda há pouco mais de três dezenas desses joviais e irrequietos animais, que estão sendo mortos pelas doenças e sobretudo pelo lixo que engolem.

         Um esforço hercúleo, posto que mal-colocado, de uma autoridade estadual, que fez questão de mergulhar nas antes límpidas águas da Baía, só serviu para acentuar-lhes os perigos. Especialistas e técnicos consultados asseveraram que o referido senhor, ao lançar-se às águas imundas da Guanabara, corria um risco não pequeno de contrair alguma das enfermidades que as águas não-tratadas de vários esgotos aí despejam.

         Obviamente inadequada para as provas que aí se realizarão, colhemos o dúbio prêmio de conseguir, através de uma promessa depois esvaziada pela inação, que as competições previstas para tal espaço aquático sejam mantidas, ainda que ameacem os concorrentes, por sua escandalosa poluição.

         Corremos, por conseguinte, o risco de que as condições da Baía – na prática, nada se fez – possam acarretar problemas para os concorrentes das provas náuticas. Além disso, sobrepaira sempre o perigo de um vexame olímpico: no caso, protestos de delegações concorrentes, que reclamem pelas condições a que se expõem os respectivos atletas. 

          O problema é simples: as provas são mantidas em local inadequado, e por motivo de poluição. A responsabilidade recai em quem prometeu fazer o que era necessário.

         Por nada ter sido feito, choca a quebra do compromisso assumido.

         Não melhora decerto o ambiente que agora, a essa altura do campeonato, autoridade venha proclamar que o problema é grande e só podeár ser resolvido em prazo de vinte anos.

(Fontes: O Globo; Rede Globo)

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