sexta-feira, 31 de julho de 2015

Ameaças a Dra.Beatriz Catta Preta


                           
         A Dra. Catta Preta, em entrevista ontem ao ‘Jornal Nacional’ declarou que, ameaçada por integrantes da CPI da Câmara, por causa da segurança de sua família, decidiu encerrar a carreira.       

         A Dra. Beatriz respondeu às perguntas do Jornal Nacional. Jovem ainda, apesar de já ter dezoito anos de carreira, além de considerada a maior especialista brasileira em delação premiada, ela fechou acordo com nove dos 22 delatores da Lava Jato.

         Segundo a penalista,  a intimidação aumentou após o consultor Júlio Camargo, um de seus clientes, haver dito que pagara propina de US$ 5 milhões ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Consoante o consultor, o parlamentar lhe pedira, durante encontro em 2011, a aludida propina.

         Camargo denunciou Cunha em 16 de julho corrente. Fê-lo durante audiência da Justiça Federal em Curitiba.  Até então, ele não havia enunciado o nome  do deputado para autoridades do Paraná. Segundo a advogada, tal não acontecera porque o consultor “tinha medo de chegar ao presidente da Câmara”.

         Perguntada pelo repórter se Cunha estaria entre os que a ameaçaram, a advogada respondeu que não pode afirmar porque não viu nenhuma declaração do presidente da Câmara sobre ela. Apesar de não declinar os nomes das pessoas que a estão ameaçando, sem embargo declarou que estava sendo intimidada e perseguida “sem dúvida nenhuma”.

         Aduziu ela que a pressão veio dos integrantes da CPI da Petrobrás que votaram a favor de sua convocação para depor sobre honorários que recebeu dos clientes da Lava Jato. Sobre ameaças de morte, disse a Dra. Beatriz: “Não recebi ameaças de morte, diretas. Mas elas vêm de forma velada, cifradas.”

          E para bom entendedor, a Dra.Beatriz Catta Preta acrescenta que todos os depoimentos prestados pelos delatores sempre foram respaldados  por provas concretas.

          A 30 de julho corrente, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, concedeu liminar para dar à advogada o direito de não responder a perguntas de integrantes da CPI relacionadas ao exercício de sua atividade profissional (no último dia nove de julho, a CPI aprovara requerimento para a advogada esclarecer a origem dos honorários. Ainda não foi marcada a data do depoimento. Assinale-se, por oportuno, que o Presidente do STF na sua decisão condenou  a tentativa da CPI de “transformar defensores em investigados”.

Entra a Kroll em cena

            A CPI da Petrobrás decidiu servir-se da empresa de investigações Kroll para vasculhar as  contas bancárias  e patrimônio no exterior  de doze delatores da Operação Lava-Jato. Depois, o número de alvos foi reduzido para quatro, por decisão do presidente da CPI Hugo Motta (PMDB-PB) e do subrelator  André Moura (PSC-SE). Os quatro investigados  atualmente pela Kroll são todos delatores da Lava-Jato, entre os quais o doleiro Alberto Youssef,  o consultor Júlio Camargo e o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa.

                     As delações de Youssef e de Camargo foram decisivas para a investigação de denúncias de corrupção envolvendo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no âmbito da Lava-Jato.  Youssef foi o primeiro a afirmar que Cunha pressionou pelo pagamento de propina a partir de contratos de aluguel de navios-sonda na Petrobrás, usando para isso requerimentos de investigações  na Câmara.

                    A delação de Youssef foi usada para justificar a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal que investiga o Presidente da Câmara por suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.  A 16 do corrente, Camargo confirmou  o depoimento de Youssef e disse que Cunha  pediu pessoalmente US$ 5 milhões em propina, relativos aos contratos dos  navios-sonda. A Procuradoria Geral da República deve apresentar a denúncia contra Cunha até o fim de agosto.

                     O trabalho da Kroll que custou R$ 1 milhão da Câmara e deve ser ativado para a próxima etapa de investigações, está concentrado em descobrir informações que poderiam levar à anulação dos depoimentos dos delatores de Cunha.

                     Num acordo de delação, os colaboradores se comprometem a identificar à Justiça todo o patrimônio e todas as contas bancárias alimentadas com dinheiro proveniente dos crimes confessados. As listas de investigados pela CPI – a primeira de quinze nomes, a segunda  de doze delatores e a terceira e última reduzida a quatro  são mantidas em sigilo por Hugo Motta e o subrelator André Moura.

                     Por outro lado, o subrelator nega qualquer interferência de Cunha nas decisões da cúpula da CPI sobre a Kroll. E André Moura declara: “Quem faz um trabalho contra o presidente, interna e externamente, é quem diz que ele comanda as investigações. Hoje Cunha é  o adversário número um da presidente Dilma e do PT.

                     Além disso, em nota Eduardo Cunha afirmou que não participa de “qualquer decisão sobre investigações da CPI, que tem a sua autonomia.” O presidente disse que a direção da Câmara tratou apenas da ‘contratação administrativa’ da Kroll, a pedido da CPI.

                      A tal propósito convém assinalar que a nota em apreço foi divulgada por Cunha para contestar reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, que mostrou o uso da Kroll para investigar Júlio Camargo.

 

(  Fonte: O  Globo  )         

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