quinta-feira, 16 de julho de 2015

Havia outra saída ?

                                      

        Diante da falta de alternativa, o Primeiro Ministro Alexis Tsipras recomendara  o não, mas em face da resistência da Alemanha e da falta de apoios à Grécia, não havia na prática outra opção. Mesmo aqueles que defenderiam Atenas, como se disse de François Hollande se mantiveram bastante discretos.

        Sem crédito, e Herr Schäuble, a mão direita de Frau Angela Merkel, acenando com ainda mais rigor, que posição esperavam que o Governo do Syriza assumisse?

        A República Helênica terá se havido de cochilos de agência fiscalizadora de Wall Street, e por muito os governos da Nova Democracia e do Pasok pensaram  que nada lhes aconteceria.

        Como no ditado, um dia a casa cai e as viagens todos esses anos na maionese do Euro, com o crédito fácil, viraram coisa do passado. E quem sofre mesmo não são decerto os armadores, mas os aposentados, com magras pensões, vivendo hoje da caridade de beneficência pública e da Igreja Ortodoxa.

       Dos 149 membros do bloco governamental 32 votaram contra o pacote. Um gesto fácil e substancialmente vazio, porque sabiam que a oposição supriria os votos necessários.

       Como a situação mudara radicalmente, não seria responsável não apoiar o chefe do partido, que fora para o sacrifício.

       Se de alguma coisa serviu essa crise da Grécia, foi para escancarar a precariedade da zona do Euro. É pouco provável que essa divisa não seja afetada, porque espanta o amadorismo de sua instituição, nos tempos de François Mitterrand e Helmut Kohl. Falta um pé no caixa do Euro, que é o do Tesouro comum.

       Os gregos que sempre tanto desejaram flanar na zona do Euro, descobrem agora que a divisa européia lhes sai mais cara do que a encomenda ou os sonhos que acalentavam quando nela adentraram.

        Dado o montante descomunal da dívida grega, Kanzler Angela Merkel e seu escudeiro, Herr Schäuble recomendam mais e mais austeridade. É uma espécie de mantra, porque dado o seu montante, não se pode imaginar que sejam tão curtos de inteligência para supor que a economia grega,  sufocada pela sárcina das dívidas, e atazanada pela malta dos credores, terá algum dia faculdade de bater-lhes com a porta na cara (o sonho de todo o devedor falido).

       Quanto às manifestações e a sua violência, quero crer que a turma anarquista, com as suas jaquetas de couro negro, agora se ocupe de atear fogo na praça da Constituição, ou, quem sabe, em sucursais de bancos nas vizinhanças. Além da destruição que trazem, elas não servem a nenhum outro propósito.

        Por seu lado, tanto o Syriza quanto os demais partidos, estão repetindo um enredo já conhecido.

        O mais engraçado – se há qualquer coisa de hilariante nessa tragédia – é que a maior parte dos deputados reunidos no Parlamento pouco têm a ver com a situação criada. Os responsáveis, ou dormem profundamente como Totônio Rodrigues, ou já gozam da merecida aposentadoria...              

 

( Fontes:  O  Globo,  Manuel Bandeira )

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