domingo, 5 de julho de 2015

Colcha de Retalhos C 25

                                     

Vence o Não

 
        Há alegria nas ruas de Atenas. Venceu o Não.  Segundo Alexis Tsipras, a democracia vence o medo e a extorsão.

        Por outro lado, o governo alemão reage mal.  Como se a República Helênica houvesse desperdiçado uma grande oportunidade.

        Bruxelas esperava na vitória do SIM. Queria um Tsipras enfraquecido, talvez demissionário.

        Não há triunfo quando uma das partes esmaga a outra. A Grécia, se quiser ficar na Zona do Euro, tem que ser monitorada, mas não humilhada. Tampouco forçada a vestir roupa de cânhamo e aguardar horas a fio pela audiência. O tempo de Canossa já passou.

        Agora é hora de negociar. Não de impor, mandando cortar aposentadorias  feitas no limite para livrar aposentados do prato na Igreja ou na ONG. Mas de montar algo mais inteligente, que leve em conta o peso brutal da dívida helênica, e a maneira de fazê-la superar esse desafio.

        A Alemanha jamais se reconciliou com o chamado Diktat de Versailles. Tentar impor cousa similar à República Helênica seria copiar passado odioso e forçar a vitória impossível que termina sempre em derrota.

         Tenha-se presente que na situação de agora não há vencedores nem vencidos.

          O NÃO vale mas deve evitar soberbia e insensibilidade.

 

Ultimos Dias de Dilma

          

            Mais do que animação, há notas de excitação no ar.  Em 90% dos comentários jornalísticos, se tem a impressão de que há algo eletrizante na atmosfera. Se lermos os jornalões, ficaremos mais do que com a pulga atrás da orelha, mas com uma insistente suspeição de que os tempos são outros, os prazos encurtaram, e que todos (ou quase todos) agem como se Dilma Rousseff não fosse cumprir  os longos, longuíssimos dias que lhe deu o eleitor no segundo turno do pleito.

             Como nas velhas fotografias, reveste-se daquela pátina amarelada que dá aos personagens certo distanciamento no tempo , como se aqui não mais estivessem.Ao fitarmos as tomadas e os filmetes da Presidente Dilma, como evitar a impressão de que é alguém marcado pelo destino, alguém que não será presidente pelo tempo que lhe foi solenemente comunicado na cerimônia do Tribunal Superior Eleitoral?

             Ou será que vivemos momento especial, marcado pela brevidade, e que logo se esfumará no tempo?  Mas como acreditar nisso se ao redor o poder se esvai, o relógio do TCU se sincroniza com a esquizofrenia do tempo, e tudo é feito, na Câmara como alhures de modo a que se pense que os dias de Dilma presidente estão contados?

            Quem é que não sente a mutabilidade ambiente, essa marca de contagem regressiva que ninguém ouve, mas que aparece a cada minuto nos semblantes dos políticos, nos planos que se estabelecem e nas reuniões que se desmarcam?

             Será verdade ou não? A crise veio cedo demais, os céus se enfarruscaram e esse ar de fim de regime, onde todas as falas pairam estáticas como se fossem inúteis, os grandes de ontem ou se afastam, ou emudecem,

             E tudo parece em compasso de espera.
              E agora, José ?

              A festa acabou,
              a  Luz apagou,

              o  Povo sumiu,
              a noite esfriou,

               e agora, José?
               e agora, você ?

 

 
( Fontes:  Site de O Globo;  Fazendeiro do Ar, Carlos Drummond de Andrade).

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