quinta-feira, 30 de julho de 2015

Putin veta tribunal sobre queda vôo A-17

                           

 
         A Federação Russa, que tem poder de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (assim como mais 4 potências: Estados Unidos, China, Reino Unido e França), bloqueou proposta de criação de Tribunal Especial para julgar e punir os responsáveis pela morte de 298 pessoas.

         O vôo A-17 da Malaysian Airlines – que ía de Amsterdam para Kuala Lumpur - foi derrubado sobre a região oriental da Ucrânia, a 17 de julho de 2014, com os destroços caindo sobre campo de trigo perto da fronteira russa. A maior parte das pessoas mortas era de nacionalidade holandesa, embora houvesse muitos australianos. Há cinco países que participam ativamente das investigações: Países Baixos, Malásia, Ucrânia, Austrália e Bélgica.

           O Kremlin não se pejou de vetar a Resolução que criaria o Tribunal Especial. Há cinco membros permanentes no Conselho de Segurança: Estados Unidos, Rússia (que sucede à União Soviética), Reino Unido, França e RP da China (que sucede à China Nacionalista).

           A formação do Conselho de Segurança é decorrência do fim da IIª Guerra Mundial. Com o Conselho, os Aliados pretendiam reforçar as Nações Unidas, para que não sofressem da paralisia da Liga das Nações. No entanto, setenta anos já transcorreram, e o poder dos membros permanentes do CSNU tem constituído um óbice para satisfatório desempenho das funções do principal órgão das Nações Unidas.

           O Brasil – que teria o lugar da França se o presidente Franklin D. Roosevelt não tivesse falecido em abril de 1945 – está encalhado no intento de ocupar mais um posto permanente (mas sem direito de veto) em futuro Conselho reformado. Dentro dessa tenaz busca, achou oportuno abrir missão em todos os países representados na ONU. Foi ideia muita dispendiosa e de discutível utilidade, atendida a baixa prioridade que tem a diplomacia no dílmico governo. Como, de resto, a fraqueza dos ministros respectivos (a par da invasão por comissários do PT), deixou o Itamaraty na rabeira das verbas ministeriais, para vergonha do país e de nossa longa tradição de bons serviços.

           As ditaduras (como a URSS) e  Estados clientes (como Israel[1]) se tem prevalecido do veto no CSNU, o que é antidemocrático. No caso em tela, Moscou tenta sufocar no nascedouro uma investigação séria acerca das responsabilidades nesse magnicídio.

            Foi míssil bastante sofisticado – e, no caso, de origem russa – que terá originado a catástrofe.   O mais provável é que ‘voluntário russo’, integrante das formações que invadiram as províncias orientais da Ucrânia (alegadamente para dar força aos guerrilheiros separatistas pró-Rússia, nesse ‘espontâneo movimento’ germinado no gabinete do presidente Vladimir V. Putin) estupidamente acionara o mecanismo infernal, pensando incrivelmente que fosse para neutralizar algum projétil das forças ucranianas. O despreparo mental desse ignoto elemento, malgrado a complexidade técnica exigida para a sua manipulação, será triste indicação de que a habilidade técnológica nem sempre vai junto com o bom senso.   

            Parece elementar, como diria o conhecido detetive, que a pressurosa ordem de neutralizar qualquer tentativo sério de pôr a limpo essa catástrofe já é prova bastante das mãos ensanguentadas que se apressam em afastar a eventual possibilidade de apontar os verdadeiros responsáveis.

            O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Holanda, Bert Koenders, disse à imprensa que o bloqueio pela Rússia da Resolução “não foi uma completa surpresa”. E aditou: “Acho incompreensível que membro do Conselho de Segurança obstrua a Justiça.” Koenders acrescentou, no entanto, que o veto russo não deveria ser interpretado como uma derrota, e que outros remédios legais estão em consideração. “Vamos nos por de acordo sobre os próximos passos.  Posso assegurar-lhes que nós não perdemos tempo.”

           A votação no Conselho foi de onze a um. Três países (o Conselho é formado por cinco membros permanentes e dez não-permanentes) se abstiveram (República Popular da China, Angola e Venezuela).

            A intenção da Rússia de vetar a Resolução já era previsível  quando semanas atrás, o Presidente Vladimir Putin, em telefonema para o Primeiro Ministro Mark Rutte, dos Países Baixos, afirmou que proposta de criar um tribunal especial era “ iniciativa inoportuna e contraproducente”.

                  Inoportuna e contraproducente para quem, gospodin Putin?

 

 ( Fontes: The New York Times, Site de O Globo )  



[1] Através obviamente de sua potência protetora, Estados Unidos da América.

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