quarta-feira, 22 de julho de 2015

Notícias de Tio Sam (III)

                                  

O Fenômeno Donald Trump

 
        Talvez o número exagerado de pré-candidatos republicanos – dezesseis hoje com o governador do Ohio, John Kasich – já seja uma das causas da súbita revelação de Donald Trump.

         Depois de patinar nos 4%, e caracterizado como mais um patético intento do magnata e bilionário Trump, de repente o eleitorado do GOP começou a gostar da irreverência e da franqueza de Trump.

        Hoje ele tem 24% nas preferências, seguido de longe pelo governador do Wisconsin Scott Walker (13%) e o badalado Jeb Bush (12%), ex-governador da Flórida, da dinastia dos Bush, que já tem dois presidentes, o pai George Herbert Walker Bush, de um só mandato (1989-1993) e George W. Bush, com dois mandatos, e principal responsável pela desastrosa guerra do Iraque.

        No entanto, o seu violento ataque contra o Senador John McCain, candidato (derrotado) em 2008 por Barack Obama repercutiu mal no meio republicano, eis que McCain é político respeitado e que serviu no Vietnam, tendo caído prisioneiro, e sido torturado pelos comunistas.  Especula-se que essa investida será o princípio do fim da  pré-candidatura de Trump, mas tal ainda está longe de ser confirmado.

       Os pundits (entendidos)  comparam, por ora, a sua trajetória a um voo de galinha, destinado a ser breve, como é o exemplo de tantos outros pré-candidatos em eleições do passado que luziram com brilhantes e inesperadas performances, para em seguida desaparecerem na raia miúda.

      De toda maneira, Trump continua com os seus 24% e a corrosiva franqueza, com que intenta desconstruir os seus (muitos) adversários pré-candidatos.  Na maioria dos casos, o pelotão republicano está formado por comovente associação de has-beens (já foram), como os pré-candidatos  Mike Huckabee, Rick Santorum e Bobby Jindal, que comparecem sempre para darem chabu em seguida...

 
A Candidata Hillary Clinton

 

        Ao contrário da eleição de 2008, em que a sua candidatura acabou naufragando nas primárias, depois de titânica luta com um rival até então quase desconhecido, de nome Barack H. Obama, Hillary Clinton continua praticamente sozinha no campo democrático, eis que o Vice Joe Biden não aparenta decolar e a Senadora Elizabeth Warren não está interessada por ora em pleitear a Presidência.

       Como todo front runner ( corredor dianteiro), Hillary tem o problema de manter a própria vantagem e evitar as armadilhas que perseguem os favoritos. Na imprensa, os Clinton cultivaram sólidas inimizades, das quais o New York Times, com todo o seu peso de maior jornal americano, não é exatamente um dileto amigo da família Clinton.

         A esse propósito, gostaria de reportar-me a um artigo na New York Review of Books, datado de 25 de junho, do respeitado articulista político Michael Tomasky, de que passo a citar trecho com o qual estou de inteiro acordo:

          The New York Times vale a pena nesse contexto tê-lo bem presente (o autor se reporta a possíveis ataques mal-disfarçados da grande mídia à candidatura de Hillary). Irá endossar (a candidatura) de Hillary, quando chegar a hora, mas questão muito mais importante será como ele usará suas páginas de noticiário para escrever acerca da candidata entre agora e na data de então (confirmação de sua candidatura pela Convenção Democrata). Foi  chocante que o (New York) Times tenha baseado uma reportagem sobre Clinton Cash (o dinheiro em espécie dos Clinton),um  livro com óbvia motivação política que foi escrito por um antigo assessor  de políticos republicanos, alguns deles gente muito de direita.  O jornal que deu muita força à estória de Whitewater em 1992 (contra o candidato democrata Bill Clinton) e em 1998 publicou uma série de editoriais caluniando Bill Clinton e elogiando o promotor Ken Starr agora está aparentemente preparado para continuar nessa tradição.  Em semanas recentes o Times publicou mais dois artigos nessa linha, um sobre o irmão de Hillary, Tony Rodham, e outro sobre o confidente dos Clinton, Sidney Blumenthal. É de perguntar-se  se (The New York Times) empregará recursos similares para investigar Jeb Bush ou outros prospectivos candidatos republicanos parece uma pergunta oportuna (fair)’”

             É importante assinalar para que se dê o peso devido à posição de Michael Tomasky, em aval da advertência por ele feita, está a ponderada e equilibrada análise por ele feita, eis que não omite no artigo citado aspectos potencialmente negativos para o casal Clinton.

             Acompanhando não de hoje a cobertura do Times à então candidatura de Bill Clinton à presidência, ela sempre me parecera bastante negativa. Uma vez diante da continuada preferência por um viés contrário ao candidato democrata, havido então como anti-establishment Bill Clinton (vindo do pequeno estado sulino de Arkansas), e perguntada dos motivos pela campanha Clinton, a redação do Times apresentou como resposta que o tratamento corresponderia ao chamado tough love  (amor bandido, em tradução livre)...

              Talvez esse apoio merecesse ser apresentado em outro contexto, com a seguinte frase: com tais amigos, os Clinton não precisam de inimigos...     

 

 

( Fontes:  O  Globo,  The New York Times )

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