segunda-feira, 6 de julho de 2015

Depois do Não, o quê ?


                              

       Contrariando os prognósticos, o Não contra as condições da Troika venceu com 61,3% - 38,7% votaram pelo SIM.  Sai,portanto, reforçado no embate o Primeiro Ministro Alexis Tsipras, que fez campanha em prol da rejeição da austeridade. A abstenção foi de 5,8º.

        O bloco liderado por Angela Merkel, a defensora ferrenha do rigor extremo, sofreu baque inesperado.

         Hoje se encontrarão em Paris a Chanceler Merkel e o Presidente francês François Hollande. De um acordo entre os dois líderes sairá possivelmente o que a União Europeia fará com a República Helênica.

         A facção da austeridade à outrance[1]  sai enfraquecida dessa primeira prova. Como não se desconhece, essa linha na União Europeia, até o presente majoritária, desejava tudo menos a prova das urnas. Bem fez o Premier Tsipras impondo, com coragem política, tal condição.

          Nesse contexto, não se pode exagerar nas exigências à enfraquecida (economica e socialmente) Grécia. Tsipras pôs a carreira a prêmio, e venceu essa etapa.

         Os pendores da Kanzler alemã são conhecidos, mas dada a enorme dívida grega, a situação sócio-econômica de boa parte da população, e o interesse de muitos em manter a República Helênica dentro da União Européia, a direção comunitária não pode exagerar nas condições. Dado o malogro evidente da receita da austeridade para a pequena Grécia, outros tratamentos deveriam ser intentados.

           O próprio Fundo Monetário Internacional, não conhecido pela extrema flexibilidade, recomendaria cautela.

           De sua parte, o presidente François Hollande não deverá ser desta feita o Monsieur  Oui-oui[2] no que tange à moderna versão de Chanceler de Ferro.

           Diante do descalabro grego – de que Bruxelas, pela longa displicência na precedente avaliação das reais condições desse velho parceiro na U.E.(desde princípios da década de oitenta) não teria condições de invocar surpresa – algo teria de ser feito para encontrar um meio termo para o intratável problema colocado por Atenas.

            Se o monitoramento é indispensável – dada a responsabilidade do povo grego e de seus líderes no estado presente de sua economia, e do caráter por ora insustentável de seu endividamento – como a perda do paciente poderia ter consequências nocivas para a União Europeia, os clínicos devem mostrar um mínimo de moderação, temperado com a obrigatória firmeza germânica, para que não se perca mais uma oportunidade de tirar da UTI o paciente helênico, que, como o do filme, se acha em condições lastimáveis.

           O Presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi – que, sendo italiano, de dívidas é igualmente bom entendedor - carece de ser instruído a mostrar alguma flexibilidade nos financiamentos, para que a inadimplência grega não contamine  outras economias de países-membros, em que o vermelho também aparece com exagerado protagonismo nas respectivas contas.

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )



[1] Ao extremo.
[2] O senhor Sim-Sim.

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