segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Trincheiras da Liberdade (XVI)

                              
        Pelas confusas e escassas notícias que chegam ao Ocidente, o problema da liberdade voltou a ser a grande questão em HongKong.  Como se sabe, tive a fortuna de visitar esse então território livre ainda na última década do século XX, quando se achava sob a suserania inglesa.
       Em outra oportunidade, voltei também a serviço, ao chamado Império do Meio. A minha então breve estada na China foi ainda sob o primado de Deng Xiao-ping. O presidente José Sarney e sua grande comitiva, que incluía o Ministro Abreu Sodré, das Relações Exteriores, e  punhado de diplomatas, entre os quais o meu colega Sebastião do Rego Barros, recentemente falecido, em brutal acidente.
       Sem que soubéssemos, a China ía em breve arrostar a crise do massacre na Praça da Paz Celestial, em Tiananmen.
       Visitamos a Cidade proibida, onde tive a honra de encontrar o então Secretário-Geral do PCC, Zhao Ziyang, que na verdade atravessava crise de monta nas correntes do então governo chinês. O velho líder Deng - que lograria afastar o grupo dito radical da ex-mulher de Mao Zedong, já não mais mostrava a energia e a lucidez de antes. Por uma série de circunstâncias, prevaleceria a camarilha de Li Peng, um vez convencido ancião Deng a assinar comunicado provocatório aos estudantes da manifestação que se gestava na praça Tiananmen. e a exoneração de todos os seus cargos do líder Zhao (que morreria em prisão domiciliar em Beijing, a 17 de janeiro de 2005).  Pela sua popularidade, o grupo conservador de Li Peng continuaria a prevalecer sobre o ancião Deng, iniciando-se a série de governos burocráticos na China Vermelha, série essa que ora termina com o atual líder chinês, Xi Jin-ping. Já dele me ocupei nessas páginas, e creio desnecessário vincar ainda mais a repressão que ora se instala no Império do Meio, sob a férula de um líder forte, em verdade demasiado forte, e vê como anátema qualquer possibilidade de relaxamento na RPC.
         Substituídos os dirigentes ditos burocráticos - que era a característica do regime até a acessão de Xi Jin-ping - agora intervém no mando com a mão pesada do admirador de Mao Zedong.
            Não há de surpreender, portanto,que o pequeno Hong Kong, cujo retorno pleno à RPC havia sido negociado sob condições de respeito à democracia, que em seu longo período como colônia inglêsa constituíra um dos fundamentos básicos da governança e o ambiente no território.

             Hoje a mão pesada de Beijing recai sobre essa nova dependência da República Popular da China, desde muito acostumada se não aos ventos, pelos menos às aragens da liberdade. Se os governos burocráticos anteriores  da liderança chinesa pós Deng Xiaoping, atuassem mais como incômodos e transtornos dentro da atmosfera de relativa liberdade, agora, sob o punho dito de ferro de Xi Jin-ping, que despontou não faz muito para um governo que pode muito assemelhar-se às fases mais sombrias da repressão da liberdade política e cultural.    

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