terça-feira, 1 de novembro de 2016

No Rio, governo é mito?

                             
       Além dos bairros em que as chamadas balas perdidas são endêmicas - e por terem grande frequência quase não são mais notícia, só aparecendo em circunstancias especiais - a violência tem crescido bastante no Rio de Janeiro.
        Hoje também Luiz  Fernando Pezão retoma o governo do Estado. Desde março do corrente ano,  Pezão enfrenta o câncer, com um linfoma não-Hodgkin anaplásico de células T-Alk positivo. Em julho, exames de imagem mostraram  resolução completa do quadro do linfoma. 
        Segundo os médicos, que acompanham essa difícil travessia do Governador, Pezão se acha em fase de remissão da doença, não tem sintomas nem evidência do câncer. Permanece, no entanto, em tratamento visando à recuperação clínica total.
         Hoje, a manhã  Pezão a passará na companhia do Vice-Governador, Francisco Dornelles.  Por ordem médica, a sua carga de trabalho será reduzida. Terá cerca de quatro horas por dia, eis que ainda está em tratamento contra os efeitos colaterais da quimioterapia.
         Por nota, o Governador disse que está bem: "Os efeitos da quimioterapia são muito violentos e demoram a sair do organismo. Tenho que continuar o tratamento, fazer fisioterapia,  recuperar minha forma física. Tenho que me cuidar muito ainda, até porque, se eu não cuidar de mim, não consigo cuidar do Estado." Ao cabo, armado de otimismo, disse: " Tenho certeza de que vou ter forças."
          Ficará ao lado de Pezão, o Vice-Governador,  Francisco Dornelles, que lhe dará o possível apoio.
          Quando o Governador efetivo está ausente, como ocorreu na internação de Pezão, entende-se que o Substituto não dispõe da força necessária para implementar a política do Governador, nessa fase difícil que atravessa o Estado.
           Há de compreender-se também que as perturbações tendam a aumentar com o prolongamento da não-presença do Governador, assim como da expectativa em torno dele.
              Dada a situação do Estado, consideravelmente piorada pela política de Sérgio Cabral e a ruinosa desoneração fiscal - a que se aludiu  em blog recente, de fins de novembro -  compreende-se perfeitamente que o governador Pezão careça de mostrar-se nos vários cenários de 'batalha', sendo decerto o principal a Assembléia no Palácio Tiradentes.
             Consoante anuncia o Globo, no pacote de projetos e decretos para enfrentar a crise - a serem divulgados até sexta-feira - estará a criação de uma contribuição previdenciária suplementar de 9%. Se o governador Luís Fernando Pezão  - que hoje reassume o cargo depois de seis ciclos de quimioterapia - conseguir levar avante a proposta, os servidores estaduais poderão ter que descontar 23% de seus vencimentos para cobrir o rombo do Rio Previdência. Há a intenção de aumentar a alíquota  regular de 11 para 14%.  A situação financeira do Estado é tão séria que de início se pensara em desconto de até 30%. 
               Há muito desconforto e consequentes tentativas de afastar os cortes, por emendas na Alerj.  Com o Governador presente, essa possibilidade de 'motim' tende a diminuir, se Pezão tiver forças bastante para conter intentos de 'rebelião' na bancada. Dentro desse contexto, Pezão quer desde já  aprovar na Alerj projeto de lei que reconhece o estado de calamidade pública no âmbito da administração financeira. Nesse sentido, e sob a orientação do Governador, às treze horas de hoje está prevista a participação de uma tropa de choque do primeiro escalão do Governo, que participará de reunião de líderes da Casa. A idéia é controlar eventuais intentos da Oposição.
                 A crise no orçamento do Estado, causada por uma estranha política de desonerações fiscais, tendeu a aumentar dada a forçada ausência do Governador Pezão.
                   Todas as atenções agora  se voltam para o projeto relativo ao estado de calamidade pública. Se a maioria for controlada por Pezão, e tal projeto for aprovado, o Executivo não sofrerá punições caso exceder  os tetos de gastos com pessoal e com o endividamento (no esquema da LRF). Nessas condições,  o Estado poderá  fazer operações de crédito e receber transferências extraordinárias da União. Também poderá  contratar sem licitação.
                    Ao contrário da redução de salários, suspensa por liminar do Supremo, a criação de alíquota extra está prevista na Lei Complementar 109, como forma de cobrir déficits previdenciários, Fundos de Pensão da Caixa,  do Banco do Brasil e dos Correios  - no seu vale de amarguras e lágrimas atravessado pelo processo de Dilma Rousseff - já implantaram tal alíquota.
                     A exemplo da contribuição previdenciária regular, o Poder público também terá de recolher como empregador, se for criada a alíquota suplementar.  Contudo, o percentual a ser fixado por lei não precisará ser o dobro do estabelecido para funcionários, como acontece com a contribui-ção regular.
                    Ao reassumir o governo, Pezão estará à frente da reforma desenhada pelo Estado.  No entanto, será ao lado do Vice-Governador Dornelles que anunciará o pacote.

Fonte:  O  Globo )
  
  


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