sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A tragicomédia de Sérgio Cabral

        

        Por que chamo o episódio de ontem de tragicomédia? Com a devida vênia, há de parecer - e não só a mim, modesto blogueiro - que a detenção do senhor Sérgio Cabral tardou demasiado. A tal ponto, que não será absurdo pensar que o indigitado tenderia a ser induzido a imaginar, que, por algum recôndito e inacessível motivo, a Lava-Jato dele se teria esquecido...
       Levando em conta que a sua presunção de haver escapado à atenção da Lei e de suas consequências - o que me parece a possível razão a explicar a própria fleugma - dada a  exposição e os inúmeros episódios anteriores, em que a então força petista e peemedebista sempre se empenhara em evitar à Sua Excelência Cabral eventuais problemas conexos a comissões parlamentares de inquérito - é a insana convicção da própria imunidade que, por artes incognocíveis,  os pouparia - a ele e à Primeira Dama do Estado, os dissabores que ora, por fim, vieram a atingi-los.
      Mais uma vez a Lava-Jato demonstra a excepcionalidade, pois, por sua conta, afinal o longo braço da lei vem repousar no ombro do Senhor Cabral, de que ora vemos, pensativo, em sendo conduzido para presumível cárcere, imaginar o que lhe espera, depois desse longo intervalo em que as agruras da Lei tardaram para que afinal a sua detenção fosse tornada pública.
      Recordo-me, coisa de um mês ou dois atrás, que as obras de reparação do velho Maracanã - a que o Brasil acedeu às instâncias da Fifa - quando o deveria ter apenas reparado e reposto no seu estado original. O Maracanã é patrimônio da Humanidade - e só pelo fato de haver sido concluído durante a Copa do Mundo de 1950 - como já relatei nesse blog,assisti a Brasil 2x0 Iugoslávia (com direito a gol de sem-pulo do grande centravante Ademir), e ainda havia andaimes nas arquibancadas!
      Desfigurar o Maracanã, além de dar oportunidade aos corruptos da Fifa e de Pindorama, só contribuíu para diminuir-lhe a capacidade de público. Ele deveria ter sido reparado, mas não adulterado para a modernosa arquitetura vigente.
      Saltado esse parêntese, dei-me conta de que a hora da verdade para o Senhor Sérgio Cabral ainda tardaria um pouco, mas não muito, quando li nas páginas do Globo - e tal como se fora anódina característica da gestão cabralina - que o ex-Governador havia percebido tais e tais propinas ao ensejo da dita 'reparação' do Estadio Mário Filho.

       Como uma espada de Dâmocles, esses deslizes ficaram pendentes por tempo além do normal (em termos da oportuna anormalidade da Lava-Jato), a ponto de terem funcionado talvez como cantigas de ninar, que chegaram  a embalar e quem-sabe?, adormecer o Senhor Cabral e Senhora, no quanto se refere às passadas inelutáveis da Lei.  Quiçá Suas Excelências tenham pensado que para eles valeriam os prazos ad kalendas dos antigos mores e da velha legislação... 


(Fontes: O  Globo e site de O Globo )

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