domingo, 6 de novembro de 2016

Faltam dois dias

                                      

        A característica mais importante desta eleição é a motivação dos chamados latinos em valer-se do voto antecipado. Nunca um candidato terá sido, ainda que involuntariamente, o principal motor da candidatura da sua adversária.
        Através de suas ameaças - com que de resto lançara com alarde e estrondo o respectivo pleito à presidência estadunidense - Donald Trump construíu igualmente as bases de sua derrota.
        Será, se confirmado - o que tudo  indica  - uma das estratégias mais estúpidas na história americana.  Com efeito, colocando-se com a bandeira anti-imigratória por meio de sua incrível muralha ao sul, Donald Trump alcançou de imediato a liderança no campo republicano, liderança esta que lhe garantiu despedaçar todas as regras nas primárias do Grand Old Party.
         No entanto, parece ter escapado ao novel candidato  e milionário hoteleiro que estava manejando formidável espada, que, sem embargo, dispunha de dois gumes.
         Com o primeiro ele cortava a dezena de um grupo de ambiciosos adversários, além de outro tanto de fracos portadores de sobrenomes importantes, no velho Partido de Lincoln que terá decerto presenciado dias melhores.
          Surpreende, por vezes, a um político ser tomado ao pé da letra. Sua palavra,  servira para o demagogo concentrar em seu torno os esquecidos do poder, teve também o condão de ser tomada, não como ameaça de fanfarrão, mas a palavra corrosiva e temível de um racista, que além apresentar os irmãos mexicanos com adjetivos que escreviam em letras fumegantes qual seria o destino dessa gente trabalhadora e que não abandona o próprio país senão porque tangida pela miséria.
            Assim, Mr Trump pode tentar espalhar mentiras sobre a sua rival, quando sabemos todos que esse suposto escândalo dos e-mails vai morrer a morte predestinada a todas as ingerências de última hora, que mereceram a censura do próprio Presidente Barack Obama.
             Tudo indica que esta eleição de 2016 caminha para um feito maiúsculo, em que o grande vencedor será o Povo Americano. Este Povo vem de muitos lugares e convive na fé de algumas religiões. Através da sua jornada, novas terras se abriram e se desenvolveram. De uns tempos para cá, afirmou-se a diversidade racial com símbolo não de litígio ou de ódio, mas sim por meio de uma grande união, em que o amor à bandeira - que a todos congrega - e o propósito de construir uma sociedade não só grande mas equilibrada e justa deve motivar àqueles cujo principal objetivo é o de unir para um futuro mais feliz, mais igual e mais próspero, a todos aqueles enfim que desde muito ou desde pouco se habituaram a ver nos Estados Unidos da América a expressão justa e sorridente da nova fronteira, da grande sociedade e de tantos outros fatores de ligação e confraternização cuja principal ambição é assenhorear-se do futuro, sempre mais como traço de união e largo gesto da esperança cada vez mais realizável.
             E tudo isso a candidata Hillary Clinton, do Partido Democrata, vem trazendo, após larga caminhada, apoiada não no cajado que divide e amedronta, mas na experiência comum de uma vida de trabalho e de estudo - dentro da paz e pelo respectivo fortalecimento - em progressão cada vez mais justa e humana, para todos os nossos irmãos e irmãs dos Estados Unidos da América.


( Fonte subsidiária: The New York Times )

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