sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Eleição americana e perspectivas

                        
         Enganam-se aqueles que consideram superado o falso problema colocado pela deliberada intervenção no processo eleitoral do Diretor do FBI, James Comey.
             Se o escopo não tenha sido plenamente atingido, não pensem que não haja feito estragos.
     
       Quando de sua irresponsável surgimento, várias notícias acerca da candidata do Partido Democrata apontavam não só para o crescimento da respectiva candidatura, assim como os coat-tails em vários estados limite, inclusive no Arizona, com o reforço nas  candidaturas  de democratas que pleiteavam cadeiras no Senado e até para a Câmara.
         Havia no ar muito entusiasmo e dinâmica, à medida que se descortinavam feitos não pequenos, que ao acenar com perspectivas concretas, animavam a militância, assim como sacudiam o público de simpatizantes.

         De repente, em céu sereno e sem nuvens, alguém distribuiria raios, levantando possibilidades até então sequer cogitadas ou entrevistas.
       Levantando as menções de um suposto dever, houve deliberada intervenção no processo eleitoral, do alto funcionário acima referido, que sob argumentos que a realidade logo começaria a desfazer, voltara à questão dos e-mails, desta feita de um maço desconhecido do ex-Deputado Anthony Wiener, cônjuge separado da assessora de Hillary Clinton, Huna Abedin.

           Sobre esse alto funcionário choveriam reprimendas. Ele ignorara as advertências do Departamento de Justiça, a que é subordinado. Também do mundo político sobre ele vieram críticas e expressões indignadas, eis que por estranha motivação esse republicano, que o Presidente Obama resolvera nomear para o FBI, optara por levantar suspicácias, que além de não comprovadas, íam contra todas as regras que desaconselham  tais ações às vésperas das eleições.
             Nesse sentido, o próprio Presidente Barack Obama censurou o diretor do FBI, por sua estranha e irresponsável atitude.
              No entanto, se os estragos terão sido minorados,  a ação do Diretor do FBI cortara a força inercial da candidatura de Hillary Clinton, proporcionando  incrível recuperação ao candidato republicano.
              Se esta reação não perdurou, o mal já tinha sido feito, e como na peça famosa, a calúnia algum efeito terá surtido. Chegou-se mesmo a alvitrar que o candidato Trump lograra avançar para a dianteira, com os previsíveis estragos nas bolsas por esse mundo afora.

              Por sorte, os efeitos do mal podem ser tão fugazes quanto assustadores. O suposto avanço de Trump logo se dissipou, mas ter-se-á quebrado o ímpeto inercial da candidata Hillary e de um grande triunfo que se estendesse bem além da Taprobana.
              Aquela euforia democrata que precedera a estranhíssima intervenção do diretor Comey pode até voltar, mas não é à toa que se quebra o movimento inercial.

           Esperemos, no entanto, que o mal não prevaleça. O election day, a próxima terça-feira, dia oito de novembro, chegará afinal, e se o triunfo de Hillary fôr grande, maior será a celebração. E como advertem  tantos nos Estados Unidos, com a vitória grande, se encolhem os seus adversários, a que, malgrado todo o insano maniqueísmo, o próprio malogro há de retirar-lhes as forças de contestá-la...


( Fontes: Camões, The New York Times ) 

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