domingo, 20 de novembro de 2016

Geddel x Calero



               Há avaliações contrastantes no caso do telefonema do Ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo da P.R.  A sua situação se teria complicado ainda mais depois que o ex-Ministro Marcelo Calero  o acusou de tê-lo pressionado para obter uma licença do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para obra de um empreendimento de seu interesse na Bahia.
               A denúncia contra Geddel, principal articulador político do Governo Temer, causou incômodo no Palácio do Planalto.
                Para auxiliares presidenciais, a questão é "gravíssima" e a presença de Geddel no seu alto posto está ameaçada (Roberto Freire foi convidado para o lugar de Calero  no Ministério da Cultura e já teria aceitado).
                 Não obstante, por enquanto ao menos, Geddel afirma que permanece no cargo pois, em conversa com o Presidente Temer, na manhã de sábado, ouviu do chefe que o "episódio é página virada".
                  O soberano nem sempre é bem informado. Note-se, por exemplo, que Luís XVI, ainda em Versailles, escreveu no próprio Diário Real que naquele catorze de julho, que nada (Rien) ocorrera naquele dia. Ora, não se precisa saber muito de história para ter presente que no dia catorze de julho de 1789 a Bastilha, símbolo do Absolutismo, caíu nas mãos da população parisiense, que pôs fogo  às suas dependências.
                   Ainda segundo Geddel, ele afirma não ter pressionado  Calero, a quem acusou de mentir na entrevista que deu a "Folha de S. Paulo", ao dizer que o Ministro teria ameaçado "pedir a cabeça" da presidente do IPHAN, Kátia Bogéa. Para Geddel, "a fala de Calero tem um fato real: eu tratei com ele desse tema (o empreendimento na Bahia).
                   Sobre a negativa de Geddel de que o tivesse pressionado, Calero reiterou ontem ao Globo que recebeu ameaças de Geddel.
                   "Eu considero uma ameaça ele dizer que pediria a cabeça  da presidente do IPHAN e que se fosse preciso, falaria com o Presidente da República. O que acontece é que a pressão que ele exerce é assertiva e truculenta, uma pressão que se exerce por si só."
                     Além de ter recebido dele (Geddel) e de outros integrantes do Governo, houve segundo o ex-Ministro uma tentativa de tirar a decisão de sua alçada.
                     "Nesse meio tempo, a procuradoria e a área técnica do IPHAN atuavam em sentido de dar uma solução técnica, como eu havia pedido.  O meu grande medo foi quando, no dia 28 de outubro, ele fala que é dono do imóvel. Eu me vi diante de um crime, o que até então não existia.  Eu achei, talvez de maneira ingênua, que a solução técnica provocasse uma acomodação.  Mas o fato é que a partir  dessa decisão a coisa só piorou , porque ele se viu com o seu interesse confrontado."
                       Para interlocutor do Presidente, a situação do Ministro  (Geddel ) é "gravíssima".  Segundo ele, a pressão que Geddel teria feito sobre Calero para a liberação do empreendimento configura abuso de autoridade.  Para esse interlocutor, Geddel perde as condições de falar em nome do Governo, como articulador político, sobre pautas tão caras a  Temer como a PEC do teto de gastos e a reforma da Previdência.
                       Para o assessor da Presidência: "esse embaraço para Geddel ainda vai render muito.  Fazer uso de sua posição  para interesse pessoal é gravíssimo.  Ele usou o nome do Presidente, isso não é adequado.  A menos que o Presidente tivesse pedido. E não pediu. É abuso de autoridade."



( Fontes:  O  Globo; Folha de S. Paulo ) 


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