sábado, 19 de março de 2016

Só choque de gerações ?


                                 

        Ao contrário de o que possam pensar, o juiz Sérgio Moro não busca o protagonismo. Se ele foi objeto de multitudinárias manifestações de apreço, na grande festa democrática de treze de março, elas chamam a atenção porque são reflexos, expressos pelos cidadãos que acorreram na maior demonstração de apoio popular já registrada nessa República.

         Não é fenômeno local, citadino, estadual ou regional. Ao contrário de outros grandes ajuntamentos no passado, a manifestação do dia treze foi nacional. Antes se dizia do Oiapoque ao Chuí, como agora se pode dizer, sem qualquer risco de erro, do Acre ao Rio Grande, essa festa democrática mostrou a própria pujança, atendidas as circunstâncias de cada  região.

         Em todas elas, a sua presença se impôs, superando grandes concentrações do passado, como a das Diretas Já, assim como movimentos mais recentes e inseridos em temática dos tempos atuais, como foram as passeatas de junho, em São Paulo, que iriam espraiar-se por todos esses brasis.

           As de 13 de março, sem quaisquer episódios de violência, se afirmam com a naturalidade do próprio número e da própria feição, que tão bem refletiu a naturalidade de um sentir nacional, que pelo respectivo peso, amplitude e âmbito, e, seja dito sem exceções nem contorsões, por várias tônicas.

            Primeiro, os Não. À Dilma e ao PT, à corrupção generalizada, ao desgoverno que é decorrência de todos esses fatores.

             Segundo, os Sim.  À Democracia, sobretudo, mas também à Operação Lava-Jato, ao Juiz Sérgio Moro e à Polícia Federal.

              Impressiona a homenagem prestada pelo cidadão anônimo a magistrado de Primeira Instância, Juiz Federal, que projetou a cidade de Curitiba pela próprio trabalho, coragem e seriedade.

               Mais marca ainda, e de forma indelével, que tal homenagem, que veio do Povo, e que reponta em cada rincão de nosso país-continente, não seja feita a personalidade política, seja um valor novo, seja ele  grande nome, cujo apoio reflita sentimentos que vão além da admiração por este ou aquele vulto, que por motivos de afirmação política pessoal venha a ser credor de tal testemunho.

                 Pois, não há ninguém nesse momento histórico que vive o Brasil que se possa comparar ao Juiz Sérgio Moro, jovem juiz é verdade, mas que vem demonstrando através do próprio trabalho, com a assistência do Ministério Público e a Polícia Federal, na Operação Lava-Jato, nas suas inúmeras fases, desde que no horizonte repontaram a vontade, firmeza,  coerência, seriedade e serena coragem, de confrontar, onde estiver, a proteica corrupção. Esse trabalho, com a sua exação e determinação, não é  fruto temporão ou sazonal. Da 13ª Vara Federal de Curitiba, com pertinácia, modéstia e inamovível compromisso com a Justiça, o Juiz Moro, sem buscar o vão protagonismo, é expressão de uma nova justiça brasileira, que se afirma a cada dia, e que, respeitando a Lei e os velhos mestres, faz o seu trabalho cotidiano, que a todos trata como iguais perante a Lei, seja nos direitos , seja nos deveres.

                  Não é através do pirotecnismo de ações vazias ou distorcidas que se ganha o favor e, sobretudo, o respeito do Povo brasileiro. A nossa Gente, simples e generosa, não costuma enganar-se, sobretudo na extensão e na profundidade demonstradas, quando abraça e admira um grande vulto que acolhe como merecedor das expressões - como os múltiplos testemunhos em homenagens que crescem não só pelo número e amplitude brasílica, mas também pelo fato de serem reflexas, efeitos do mérito que cresce na competência, na retidão e na coragem, e  do trabalho que pela sua coerência, igualdade no tratamento, sem as costumeiras exceções que tanto no passado confrangeram aos grandes e sobretudo aos pequenos.

                  Uma das razões das múltiplas homenagens - decerto as mais legítimas, porque gratuita expressão de sentimentos que nos fazem bem e tem a anonimidade das ovações, em que não há outro interesse que o de elevar o orgulho pátrio em evidenciar o quanto à boa gente brasileira alegra e estimula poder estender gesto de cumprimento sem outro interesse que a satisfação de expressar o próprio anônimo orgulho por  compatriota que é um jovem juiz, sério, competente e determinado na sua luta pela aplicação da Justiça.

                     A resolução, a par do trabalho e da competência, são expressões em que se conjugam o conhecimento da Lei, a firmeza das próprias convicções, e a clara visão dos objetivos a atingir e dos obstáculos a vencer. O círculo se completa no espírito de liderança que não desdenha a cooperação de maiores e menores, assim como, virtude rara nos dias que correm, a coragem e o respeito que lhe é devido.

                       O Juiz não é um político, embora deva respeitar a Política, desde que voltada para o interesse público. Nesses últimos dias, o Juiz Sérgio Moro tem mostrado que respeitá-la não significa pactuar com suas expressões menos nobres.

                        Não é por acaso que as efígies da Justiça a representam sempre com os olhos vendados. Essa cegueira da Justiça significa que ela deve atuar sem fazer qualquer distinção quanto à pessoa de que ela examina o comportamento e eventuais faltas.

                         Justiça é agir em consequência da impessoalidade perante a Lei, e é te-la sempre presente, a par da coragem de afirmá-la, se assim exige o interesse público.   

                          Nada vi, nem li nos últimos tempos no que tange à atuação deste jovem magistrado, senão vontade, seriedade e firmeza no cumprimento dos respectivos deveres que não tenha correspondido a tais parâmetros.

                    

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo )  

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