segunda-feira, 14 de março de 2016

Adeus Dilma

   
                  

         A principal atingida pela maior manifestação da História brasileira é a própria Presidenta - essa designação malsonante de que, espero, nos livremos breve - diante da virtual unanimidade nacional que se estendeu  do Acre ao Rio Grande, como bem o demonstra a cobertura desta imponente e espontânea demonstração de democracia - alegre, mas firme, com seu punhado de heróis (notadamente o Juiz Sérgio Moro) e sua penca de desafetos, com Dilma e Lula à frente. Um parêntesis: patética a mini-manifestação perante um dos apartamentos de Lula, em São Bernardo. Serviu para mostrar o quanto caíu e por fundados motivos.

        São Paulo e a Avenida Paulista encerraram a festa democrática, que já encantara os olhos desses Brasis na praia de Copacabana. Unitária na sua diversidade, a reunião, imensa, alegre, bem-comportada, porém firme e resoluta no cartão vermelho para o festival de roubalheira e desgoverno com que nos presenteou o PT de Dilma Rousseff.

        Ao sobrevoarmos, graças à Rede Globo, este Brasil - porque ontem o espetáculo foi um só no seu estentórico Não a tudo que aí está, com as mazelas do pior governo que nos coube desse latifúndio. E o que ressalta é o veio a um tempo cômico nos bonecos Pixuleco (Lula 171) e Dilma, que foram os antiheróis da maior festa democrática de todos os tempos.

        Dilma, desprovida de sua verve e imaginação (que costumavam estar ao seu lado na pessoa de João Santana), e, portanto sem qualquer sofisticação, nos mostrou sua pobreza mental, enrolando-se nas palavras,  como aponta R. Noblat. Vencida pelo nervosismo, rasgada a fantasia do marqueteiro, e arrancadas as proteções pela hora que está muito acima da respectiva capacidade, mostrou seu nível, ao tornar reflexivo o verbo renunciar, com frase penosa e desmoralizante: "eu não me renuncio !"

       Rasgam-se os panos que lhe disfarçaram o nível, o que torna ainda mais condenável o gesto de Lula ao indicá-la para sucedê-lo.  

      No entanto, as coisas não param por aí, eis que mais um embuste cai por terra.  Ainda que reconhecesse a respectiva mediocridade, a possibilidade de uma recuperação via derrota do impeachment poderia salvá-la depois desse estentórico Não do Povo brasileiro à sua permanência na  Presidência?  Como indica o colunista Noblat - e outros mais - "sua imagem  pessoal de honradez começa a ser posta em xeque"."São chocantes trechos  da delação gravada de Delcídio.(...) Tanto quanto as conversas com auxiliares de Dilma gravadas por empresários delatores. A Lava-Jato não sequestrou o governo como dizem vozes do governo. Lula, o PT e Dilma foram sequestrados pela própria ambição."

        Perdida a legitimidade, e dilacerado o véu da pretensa honestidade, abertas as portas do Congresso, serão ainda praticáveis os truquezinhos pelo Supremo, graças ao parecer de Luís Roberto Barroso, na contramão da interpretação da Constituição?

       Com a cabeça do Presidente Renan Calheiros a prêmio, além do já marcado Presidente Eduardo Cunha - como o ratificou a  manifestação diante do Congresso, sem falar do nome de Dilma escrito por milhares de pessoas nessa grande  parada popular em Brasília - de repente o Impeachment volta a ser expresso de forma tonitruante pelas multidões, o que evoca, e com muito mais força, a velha experiência dos anos noventa.

       Como diria Drummond, a festa acabou.

 

( Fontes:  O Globo, coluna de Noblat, Rede Globo, Carlos Drummond de Andrade )          

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