segunda-feira, 25 de maio de 2015

Levy ou o Claro Enigma

                         

         O Bom convive mal com o Ruim, porque as sendas e os caminhos que a este levam aparentam serem menos dificultosos do que as trilhas que levam àquele.

         As soluções de mais fácil acesso e mais larga aceitação costumam acenar com curas menos amargas, seja no sabor, seja no preço.

         Já aquelas que buscam dar ao paciente uma visão de conjunto, a promessa de saúde sói vir acompanhada por maior empenho, mais custos e um sacrifício que carece de ser proporcional ao desafio.

         Para que o paciente possa ambicionar recuperar a saúde, haverá poucos atalhos se quiser voltar à montanha que, em momento de fraqueza, enjeitara pela planície.

         Boiar à deriva não é solução, para chegar a porto seguro. Entregar-se aos desígnios de outrem, pela suave lei do menor esforço, será ilusório e falso prêmio.

         Não será atoa que alguém se entrega a forças sobre as quais não tem controle. A quiçá enleante sensação de agradável, descansado resvalar costuma ser fugaz enlevo, que, de repente, some, enquanto a corrente se vai apressando, até  transformar-se em corredeira, e sabe-se lá o que mais. E não é que tudo, de chofre, e um pouquinho além da última preguiçosa volta do caminho,  muda e é pra valer ?

         Soem reclamar. Como é que pode a coisa ficar assim, tão diferente, tão oposta e ameaçadora, se até aquele bendito momento, tudo corria, ou antes, mal se mexia, em prazerosa malemolência?

         Tais medicações, é verdade, não tem bula, nem prazo de validade. Pensa o povão, desconfia a grei dos aproveitadores, mas o negócio está no doce transe que os tolos pensam ser permanente, enquanto os espertalhões contam com a própria estrela, na esperança de safar-se, quando for a hora da onça beber água, ou qualquer outra metáfora do gênero, que esboce desgraça certa e salvação incerta.

          Foram bater à porta de Joaquim Levy. Sendo banqueiro e especialista em contas públicas, não era candidato a nada.  Dona Dilma mandou chamá-lo.  Depois das mentiras (não as que tiraram Marina do Segundo Turno, para alívio do feiticeiro petista) da Presidenta para garantir a eleição (depois se pensa no que fazer), era necessário dar um jeito na economia. Pra isso, a turma do primeiro mandato não servia. O que ela terá prometido? Carta Branca?

           Sim! Os ignaros e as doidivanas soem esquecer que aquele de quem não se diz o nome está nos detalhes, nas curvas da trilha na floresta.

               Não sei se vale a pena dizer que a culpa está na sua (dela) garrafal inexperiência, de que sáem saltitantes, leviandade e imprudência. Doravante, tudo será diferente. Elegemos a maioria debaixo duma bandeira vermelha, e agora temos de convencê-la a votar pela bandeira branca. Montamos um ministério, que Carlos Lacerda chamaria de choldra, e que os colunistas políticos disseram ser o mais medíocre dos últimos tempos.
              

              Tudo foi feito para garantir a suposta governabilidade, que não resiste, porém, às armadilhas do dia-a-dia e o sólido despreparo e o firme baixo nível das designações.

              Joaquim Levy é um especialista, mas para funcionar carece que o seu trabalho de enxugar as contas e dar condições para que a economia supere as trampas e as bondades da demagogia tenha defensores alertas e eficazes, para que o seu esforço não morra na praia das alegres votações de partidos fora de controle.

             É mais fácil dizer que o responsável de tudo  - e põe tudo nisso – é Lula da Silva. Foi ele que empulhou ao Povo do Brasil quem os nordestinos chamaram de A Mulher do Lula.

           Apesar da campanha inepta, o seu principal rival em 2010 venceria em qualquer país – e somente pelo próprio currículo – que dispusesse de um nível intelectual não rebaixado pelos interesses imediatistas da Bolsa Família e que tais.

         O problema é que agora – e ela foi reeleita! -  como nos vamos salvar de uma kirchenerização da economia, se a base de apoio de Dilma Rousseff está noutra, e pensa que demagogia e bondades mil podem continuar como programa político e base para governar.          

        Mas que Dilma Rousseff  se acautele , se  pensa trair o pacto feito com Joaquim Levy. Ela é a Presidente, mas não deve esquecer que receita similar ao do programa do primeiro mandato só tenderá a escurecer o quadro, agravar a crise e precipitar-lhe a queda.

         Dona Dilma, a senhora saberá decerto que não estou entre seus mais ferrenhos partidários. Como brasileiro, gostaria de evitar que a situação de nosso país piore ainda mais. A senhora deveria armar-se do espírito e da coragem que a fez superar a tortura, e tentar intuir que – quer queira, quer não – a salvação está em um elemento fora do Partido dos Trabalhadores, que conhece o seu mister e como as coisas funcionam nas grandes economias.

         A Senhora arme-se da desfaçatez com que enfrentou os debates do segundo turno, e faça ver aos PLs e a esta maioria de trampa, que na verdade eles não têm outra solução senão aplicar a receita de Joaquim Levy. Ou será que a senhora quer que a Previdência quebre, como aconteceu em países da União Europeia (até em Portugal!), e o seu governo vá balouçante rumo àquela cachoeira que espera a todos os demagogos incompetentes?

 

( Fontes:  O Globo, R.Noblat, Miriam Leitão )

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