sexta-feira, 29 de maio de 2015

Corrupção na C.B.F.?

                                 

          Malgrado as afirmações de Dilma Rousseff que, na prática, afastavam a possibilidade de investigações públicas na área do esporte, sob o pretexto de que o Estado não teria competência para julgar a corrupção no setor privado, parece que a súbita mudança de ventos terá mudado a opinião desse mesmo Estado...

          Sob o impulso do Federal Bureau of Investigation a Polícia Federal – que é autônoma – abriu inquérito para investigar corrupção em competições organizadas pela CBF e pela FIFA no Brasil. De acordo com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo há indícios  de que os crimes investigados pelo FBI nos Estados Unidos foram cometidos também neste país.

           O Estado brasileiro sempre foi complacente com a CBF, mesmo nos anos de Ricardo Teixeira. O Brasil e seu povo acompanham com grande paixão e interesse o futebol, e não tem negado apoio à dita CBF, apesar dos escândalos que a tem assolado ao longo dos anos.

           Quem comparece com aportes tão substanciais, não pode esconder-se atrás do  biombo que não é lícito intervir em assuntos privados.  O futebol faz muito deixou de ser questão particular, e sempre pareceu demasiado cômodo que os estádios fossem construídos sob especificações da FIFA, e que a esse mesmo Estado não fosse lícito vigiar de perto o modus faciendi, que seria assunto defeso para as autoridades governamentais.

            Vejo com preocupação  o recurso excessivo às CPIs, e por isso  a iniciativa de Romário deva ser saudada com cautela. Nos últimos tempos tem havido cínica instrumentalização das  Comissões parlamentares de inquérito. A última CPI sobre a Petrobrás dominada pelo PT é exemplo desse cinismo, que segue o modelo das Comissões de Inquérito do defunto Orestes Quércia,  que sempre acabavam em pizza.  

             No entanto, dado o conhecimento e a experiência no assunto do Senador Romário, deve-se dar a essa tentativa o benefício da dúvida.

             Por outro lado, nessa questão da corrupção no futebol – não revelada, malgrado  o conhecimento generalizado dos negócios escusos dos cartolas, mas agora exposta  graças ao FBI, com os corruptos detidos e, possivelmente, a caminho da terra de Tio Sam. A perspectiva mudou bastante, espalhando o terror nesse mundo de negociatas, deixado há demasiado tempo livre de qualquer fiscalização para valer do Estado.

              Será nesse contexto que o imprevisto retorno  às pressas ao Brasil do atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, abandonando Zurique para onde fora a fim de participar e votar na eleição de hoje do presidente da FIFA, provoca muita estranheza. Por que o Senhor Del Nero resolve renunciar ao motivo de sua viagem – que era o de participar do evento da FIFA ?

               Segundo informa a Folha, em primeira página,  “ há indícios na investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos que  podem relacioná-lo a esquema de propina. (...) Documento indica que Marin dividiu com Del Nero e Ricardo Teixeira, também ex-presidente da CBF, R$ 2 milhões para fechar  a venda de direitos sobre a Copa do Brasil para duas empresas de marketing.”

                 Inquirida pelo Jornal, a Fifa declarou que “Del Nero não explicou os motivos de ter deixado o Congresso. Ele votaria hoje (29)  na eleição presidencial da entidade.” Segundo o diretor financeiro da CBF, Rogério Caboclo, não houve “fuga” de Del Nero. Consoante a CBF, o seu presidente “é uma pessoa inquieta e quer estar no Brasil, próximo da sua diretoria, neste momento.” 

                  Apesar da reação da UEFA, capitaneada por Michel Platini,  a eleição para o eventual quinto mandato de Sepp Blatter não será postergada, como o escândalo revelado pelo FBI recomendaria. Nesse contexto, apesar de existirem outros candidatos, a vitória do continuísmo de Blatter semelha provável. A despeito das suspeitas  sobre o atual presidente e a clara conveniência de que se suspenda o processo eleitoral – como se posiciona a UEFA – Joseph Blatter pretende ir em frente, e continuar na presidência, contra vento e maré.

 

 ( Fontes: Folha de S. Paulo,  site de O Globo )

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