A Casa Branca informou ontem, 29 de
janeiro, a John Bolton, ex-conselheiro de segurança nacional, que o manuscrito
de seu livro contém "informações confidenciais" e, por isso, não
autorizaria sua publicação. Parte do
conteúdo, divulgado no fim de semana, afeta o julgamento do impeachment do
presidente Donald Trump no Senado.
Como conselheiro de Segurança Nacional,
Bolton testemunhou em primeira mão a negociação de Trump com o presidente da
Ucrânia, Volodmir Zelenski, que vinha sendo pressionado pela Casa Branca a
anunciar a abertura de investigação envolvendo o democrata Joe Biden -
principal obstáculo à reeleição de Trump, em eleição que ocorrerá em novembro
próximo.
Os advogados de Trump sustentam que não houve abuso de poder, pois os ucranianos não se sentiram pressionados... Ainda segundo a defesa do presidente
esse caso teria sido montado pelos democratas, com base em rumores e
testemunhas de segunda mão, sem envolvimento direto nas negociações.
Já o relato dos manuscritos de Bolton
mina os argumentos da defesa de Trump. Neles, o ex-conselheiro escreve que
ouviu do presidente que ele queria congelar US$ 391 milhões da ajuda militar
para a Ucrânia, até a abertura das investigações acerca de Biden.
Se a verdade factual trabalha contra Trump, tampouco as
características éticas de Trump contribuem para facilitar-lhe a defesa. Até
agora, as confusões criadas pelo ex-assessor Bolton tendem a piorar a posição de Trump. Diante de tantos elementos
negativos, e com os republicanos dispondo de uma vantagem de três votos apenas,
a pergunta que surge, irreprimível, é se, diante de tanta podridão, uma
vantagem tão exígua seria ainda suficiente para salvar Trump que, claramente,
tentou intimidar o fraco presidente ucraniano. Será que a escassa maioria
republicana há de preferir salvar esse presidente claramente culpado, e
enfrentar as consequências negativas para o GOP em novembro próximo, data das
eleições gerais ?
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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