quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Trump ameaça proibir livro de Bolton


                               
     A Casa Branca informou ontem, 29 de janeiro, a John Bolton, ex-conselheiro de segurança nacional, que o manuscrito de seu livro contém "informações confidenciais" e, por isso, não autorizaria sua publicação.  Parte do conteúdo, divulgado no fim de semana, afeta o julgamento do impeachment do presidente Donald Trump no Senado.
       Como conselheiro de Segurança Nacional, Bolton testemunhou em primeira mão a negociação de Trump com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, que vinha sendo pressionado pela Casa Branca a anunciar a abertura de investigação envolvendo o democrata Joe Biden - principal obstáculo à reeleição de Trump, em eleição que ocorrerá em novembro próximo.
         Os advogados de Trump sustentam  que não houve abuso de poder, pois os ucranianos não se sentiram pressionados... Ainda segundo a defesa do presidente esse caso teria sido montado pelos democratas, com base em rumores e testemunhas de segunda mão, sem envolvimento direto nas negociações.
          Já o relato dos manuscritos de Bolton mina os argumentos da defesa de Trump. Neles, o ex-conselheiro escreve que ouviu do presidente que ele queria congelar US$ 391 milhões da ajuda militar para a Ucrânia, até a abertura das investigações acerca de Biden.
           Se a verdade factual trabalha contra Trump, tampouco as características éticas de Trump contribuem para facilitar-lhe a defesa. Até agora, as confusões criadas pelo ex-assessor Bolton tendem a piorar  a posição de Trump. Diante de tantos elementos negativos, e com os republicanos dispondo de uma vantagem de três votos apenas, a pergunta que surge, irreprimível, é se, diante de tanta podridão, uma vantagem tão exígua seria ainda suficiente para salvar Trump que, claramente, tentou intimidar o fraco presidente ucraniano. Será que a escassa maioria republicana há de preferir salvar esse presidente claramente culpado, e enfrentar as consequências negativas para o GOP em novembro próximo, data das eleições gerais ?

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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