sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Persiste acosso chavista à Oposição na Assembleia Legislativa


               
     Em uma Caracas onde os chamados "coletivos" (grupelhos de meliantes chavistas armados) têm livre acesso às ruas do centro da capital,  vem-se exacerbando o "cerco" à sede da Assembleia Legislativa. Orientados pelo governo,   aumenta nos últimos dias o anel criminoso no entorno da Assembleia, com o escopo de impedir aos deputados oposicionistas que tenham acesso ao salão  legislativo  nas sessões regulares, para tanto dispostas com vistas a tratar das questões de governo.

       A atuação ilegal e gangsterística bem reflete o atual estágio da situação política em Caracas, o que constitui de certo modo um ulterior reflexo do desfazimento do Estado naquele país, como se verificou em blog anterior, que cuida do virtual desaparecimento do Estado nas regiões do interior da Venezuela, e a livre ação de bandidos, guerrilheiros e outros fora da lei nessas comunidades interioranas abandonadas à propria sorte.
        Desde o tempo de Chávez, fora incentivada pelo governo chavista a formação dos "coletivos", que são formações pára-legais, compostas de bandidos e outros fora da lei,  que tratam de "defender" os interesses escusos do chavismo, para tanto dispondo de armas, como se fossem destacamentos de polícia, o que decerto não são.

          Essas forças da segurança do mal mostram pela sua existência desde os tempos do caudilho Hugo Chávez Frias que a páralegalidade ou mesmo com o frontal desrespeito a  Estado submetido a leis e à ordem o que se tornou uma ficção, de que se serve o governo chavista para intimidar e neutralizar a gente honesta, sob o pretexto da chamada justiça proletária.
           É o que está ocorrendo agora na Venezuela, com a boçalidade e a deslavada ilegalidade que impera nas gangs e nos 'coletivos', armados até os dentes, e agora com a  função prevalente de intimidar e de sufocar a sede legislativa, a que se impede o funcionamento legal, através dos arreganhos e da boçalidade dos fora da lei, que o chavismo subvenciona através desses famigerados colectivos.  A chefia da oposição tem batido à porta do comandante dos exércitos, o general Padrino, mas este e outros interlocutores chavistas "ouvem" com moucos ouvidos  os apelos para que se restabeleça a ordem, e o cerco ilegal à Assembleia Legislativa, na prática continua. Se o Estado vai desaparecendo do interior venezuelano, como o passado artigo o demonstra, a bandidagem já passa a impor os seus tortos critérios, a pretexto de uma Justiça dita revolucionária, que, em verdade, espelha a crua realidade de um país sem outra Lei do que as tortas ordens de uma grei  em processo de desfazimento.
   
              A Venezuela de Simón Bolivar virou um país sem  outra lei do que a do mais forte.  A História, essa velha senhora que tanto já contemplou, terá presente que se acercam os terríveis finalmente , em que os desgraçados e os bandidos se misturam, enquanto  adentra  o tempo do chamado acerto de contas, no qual os sorrisos se transformam em arreganhos, e  noite da  boçal violência cai sobre as cidades. Viva la muerte! gritam alguns, imitando velhas e passadas estórias.  Que de súbito voltam, com as suas rudes descrições que refletem o peso e o frenesi, de uma força maior, como se fora  redemoinho, a todos envolvendo e levando consigo.  E o que era forte e sanhudo vai ficando pela estrada de terra batida, enquanto uns poucos se põem ao largo, para contarem uma estória de que ignoram ainda o fim. Meninos! eu vi, hão de dizer depois. .  

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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