Em
uma Caracas onde os chamados "coletivos" (grupelhos de meliantes
chavistas armados) têm livre acesso às ruas do centro da capital, vem-se exacerbando o "cerco" à
sede da Assembleia Legislativa. Orientados pelo governo, aumenta nos últimos dias o anel
criminoso no entorno da Assembleia, com o escopo de impedir aos deputados
oposicionistas que tenham acesso ao salão legislativo nas sessões regulares, para tanto dispostas
com vistas a tratar das questões de governo.
A atuação ilegal e gangsterística bem
reflete o atual estágio da situação política em Caracas, o que constitui de
certo modo um ulterior reflexo do desfazimento do Estado naquele país, como se
verificou em blog anterior, que cuida do virtual desaparecimento do Estado
nas regiões do interior da Venezuela, e a livre ação de bandidos, guerrilheiros
e outros fora da lei nessas comunidades interioranas abandonadas à propria sorte.
Desde o tempo de Chávez, fora incentivada
pelo governo chavista a formação dos "coletivos", que são
formações pára-legais, compostas de bandidos e outros fora da lei, que tratam de "defender" os
interesses escusos do chavismo, para tanto dispondo de armas, como se fossem
destacamentos de polícia, o que decerto não são.
Essas forças da segurança do mal
mostram pela sua existência desde os tempos do caudilho Hugo Chávez Frias que a
páralegalidade ou mesmo com o frontal desrespeito a Estado submetido a leis e à
ordem o que se tornou uma ficção, de que se serve o governo chavista para intimidar e
neutralizar a gente honesta, sob o pretexto da chamada justiça proletária.
É o que está ocorrendo agora na
Venezuela, com a boçalidade e a deslavada ilegalidade que impera nas gangs e
nos 'coletivos', armados até os dentes, e agora com a função prevalente de intimidar e de
sufocar a sede legislativa, a que se impede o funcionamento legal, através dos
arreganhos e da boçalidade dos fora da lei, que o chavismo subvenciona através
desses famigerados colectivos. A chefia da
oposição tem batido à porta do comandante dos exércitos, o general Padrino, mas
este e outros interlocutores chavistas "ouvem" com moucos ouvidos os
apelos para que se restabeleça a ordem, e o cerco ilegal à Assembleia
Legislativa, na prática continua. Se o Estado vai desaparecendo do interior venezuelano, como o passado artigo o demonstra, a bandidagem já passa a impor os seus tortos critérios, a pretexto de uma Justiça dita revolucionária, que, em verdade, espelha a crua realidade de um país sem outra Lei do que as tortas ordens de uma grei em processo de desfazimento.
A Venezuela de Simón Bolivar virou um país sem outra lei do que a do mais forte. A História, essa velha senhora que tanto já contemplou, terá presente que se acercam os terríveis finalmente , em que os desgraçados e os bandidos se misturam, enquanto adentra o tempo do chamado acerto de contas, no qual os sorrisos se transformam em arreganhos, e noite da boçal violência cai sobre as cidades. Viva la muerte! gritam alguns, imitando velhas e passadas estórias. Que de súbito voltam, com as suas rudes descrições que refletem o peso e o frenesi, de uma força maior, como se fora redemoinho, a todos envolvendo e levando consigo. E o que era forte e sanhudo vai ficando pela estrada de terra batida, enquanto uns poucos se põem ao largo, para contarem uma estória de que ignoram ainda o fim. Meninos! eu vi, hão de dizer depois. .
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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